A Pabllo Vittar da Bahia: Leo Vittar é drag queen premiada e cover da cantora

Artista conta sua história cheia de trabalho, dedicação e contando com apoio da família

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  • Daniel Silveira

Publicado em 11 de fevereiro de 2019 às 13:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Renato Santana/CORREIO

A primeira vez que Leandro Silva colocou roupas femininas e se maquiou foi aos 17 anos. “Era para uma apresentação no Domingo Cultural que acontecia na escola onde eu estudava”, lembra. O ano era 2001 e o garoto, que morava em Santo Amaro da Purificação, ainda nem podia imaginar que aos 33 anos se tornaria Leo Vittar (@leovittarcover). (Foto: Renato Santana/CORREIO) Há cerca de um ano, o megahista (profissional responsável por aplicar mega hair) e dançarino quadrilheiro, que costumava se montar em eventos pontuais e pequenas festas, resolveu assumir sua persona drag queen cover da cantora Pabllo Vittar. “Não fazia show. Desfilava na Parada Gay de Santo Amaro, mas não levava a arte tão a sério”. Até o ano passado.  (Foto: Renato Santana/CORREIO) A virada A primeira vez que imitou Pabllo foi numa festa à fantasia. “As pessoas elogiaram muito. Foi aí que me dei conta que poderia fazer cover dela”. Depois disso, convites para participar de shows aumentaram. Ela começou a se apresentar quase fixamente na boate Tropical (@boatetropicalclub) e no Clube 11 (@clube11), além de em aniversários e festas privadas. 

Mas foi depois da participação no concurso Super Talento, espécie de RuPaul’s Drag Race de Salvador, organizado pela drag Valerie O’Hara, que ela despontou. “Entrei no Super Talento meio que boiando, mas entendi que precisava levar a sério. Era uma oportunidade de me consagrar como artista”. (Foto: Renato Santana/CORREIO) Leo passou por todas as etapas e saiu campeã. O número de dança que apresentou na final, representando uma quadrilha junina, garantiu o prêmio de Melhor Show no Melhores do Ano de 2018, premiação de Valerie que celebra destaques LGBT. Também levou para casa  os títulos de Melhor Cover e Artista Revelação.

Dedicação A relação de Leo com Valerie vai além dos concursos. “Eu sempre a admirei por conta da ousadia”, comenta. E a admiração se tornou amizade.  (Foto: Renato Santana/CORREIO) Valerie conta que se encantou pelo trabalho de Leo desde o primeiro encontro das duas. “Assisti a uma performance dela no Clube 11. Me chamou atenção a quantidade de detalhes naquela apresentação. Eram vários, todos bem amarradinhos”, diz. “No fim do show, fui até o camarim para parabenizar e pegar o contato para o Super Talento. A cada apresentação, fui vendo o potencial dela”, aponta.

O ponto-chave, para Valerie, é a dedicação: “Leo tem muita disciplina, a arte está nas veias dela”. O trabalho fora dos palcos é extenso. “Eu gosto de costurar, faço minhas próprias roupas, me maqueio, cuido das perucas, ensaio com os dançarinos...”, enumera. (Foto: Renato Santana/CORREIO) Acompanhar quase todo o processo, desde a modelagem das roupas até os passos da dança, é resultado de um pensamento que tinha ainda na adolescência. “Quando me entendi homossexual, queria aprender tudo que pudesse me dar dinheiro de alguma forma, porque eu não sabia se meu pai ia me aceitar”, lembra. (Foto: Renato Santana/CORREIO) A preocupação a fez aprender vários ofícios. Quando o pai descobriu, por acaso, que o filho era gay, com medo do que ele poderia dizer, Leo saiu de casa e ficou dois meses morando com uma amiga, a alguns metros da sua família, sem trocar uma palavra com o pai. E só voltou depois do pai dizer que o amava, independentemente de qualquer coisa. “Lembrar disso tudo me deixa muito emocionada”, comenta a artista, às lágrimas, tentando não borrar a maquiagem.

“Uma vez, meu pai apareceu de surpresa para me assistir”, lembra. “Minha família apoia muito meu trabalho. Durante o Super Talento, me ligavam até para dar dicas”, conta. (Foto: Renato Santana/CORREIO) Futuro Em 2019, os planos envolvem montar um espetáculo completo. “Vou fazer um show especial na (boate) Tropical, que ainda não tem data definida, com números de dança”, promete. 

Além disso, Leo conta que pretende fazer essa apresentação viajar. “Meu sonho é me apresentar na Blue Space (bar em São Paulo)”, diz. Outro é se apresentar montada na quadrilha da qual faz parte, o Grupo Cultural Forró Asa Branca, do Cabula. (Foto: Renato Santana/CORREIO) O terceiro sonho é de fã: se encontrar com a musa-inspiradora, a cantora Pabllo Vittar. As duas já se viram, rapidamente, em Salvador, mas não chegaram a conversar. “A gente também se falou, uma vez, via Instagram. Mas tenho muita vontade de bater papo,  conversar com ela”, suspira.   (Foto: Renato Santana/CORREIO) Enquanto o encontro não acontece, Leo segue aplicando mega hair durante o dia e se apresentando à noite. Não pretende participar de mais concursos para se dedicar aos números musicais e a personagens  além do cover. Uma coisa é certa: se seguir o conselho de Valerie - “continuar com toda a disciplina e devoção que tem pela arte” -, vai estar sempre preparada para atacar.

*Agradecimento: Bombar (Rio Vermelho), onde a sessão de fotos foi feita.