A primeira aviadora baiana

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  • Nelson Cadena

Publicado em 23 de março de 2018 às 03:00

- Atualizado há um ano

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Numa manhã de junho de 1942, um grupo de alunos e instrutores do clube de brevetados da Bahia percorreu em uma caminhonete os penosos 32 quilometros da estrada de barro (hoje conhecida como Estrada Velha do Aeroporto) entre a sede do Aeroclube na Boca do Rio e o campo de pouso de Santo Amaro de Ipitanga. O objetivo era realizar alguns voos panorâmicos pela cidade, num avião Muniz Muscombe, fabricado no país pela Companhia Nacional de Navegação Aérea, desde 1936 até 1948, quando a produção nacional cedeu lugar à importação de aeronaves fabricadas nos Estados Unidos. O Muniz era um avião de treinamento, comportava apenas um piloto e um instrutor e tinha apenas 7,24 metros de cumprimento.

Um dos integrantes desse animado comboio era uma mulher, a senhorita Helena Pimentel, primeira aviadora baiana. A presença feminina no campo de pouso baiano mereceu um destaque na mídia nacional, com várias fotografias da moça, no hangar, vestida a caráter com macacão e óculos escuros, duas delas publicadas na edição de julho/42 da revista Vida Doméstica; outra na especializada Avião, também edição de julho. Um exemplar desta publicação pode ser consultado na Biblioteca Pública dos Barris. Foi assim que ficamos sabendo da existência dessa pioneira da aviação na Bahia, nada mais conseguimos saber da Srta. Helena, por enquanto. É um assunto que merece uma pesquisa mais aprofundada. 

O grupo que participou do evento no campo de pouso de Santo Amaro de Ipitanga (hoje Lauro de Freitas) era composto, entre outros, pelo piloto e instrutor Carlos Mendes de Oliveira; o cearense de apelido Zairo; Carmilton Paternostro Guimarães; Alberto Costa Lima; Waldemar Guimarães; Carlos Maia; Renato Gomes Oliveira e José Lima. A mídia considerou o nosso aeródromo como “magnífico”. 

É possível que a carreira de Helena (bonita, simpática e razoavelmente alta) tenha sido curta em função dos percalços sofridos pela aviação brasileira, decorrentes da II Guerra Mundial; uma das disposições do governo era proibir mulheres de pilotar aviões, assim comentou o cronista da Vida Doméstica: “Primeira e única aviadora brevetada... porque dada a situação de guerra parece que o governo não mais permitirá o brevetamento de moças”.

Cabe aqui a lembrança de que uma das pioneiras da aviação brasileira, Tereza de Marzo, teve a sua brilhante carreira interrompida quando seu instrutor, o piloto alemão Fritz Roesler, se casou com ela e a proibiu de voar. 

A carreira de piloto era, naquele tempo, uma das profissões menos disponíveis para a mulher que tinha as suas maiores oportunidades de emprego como professora, enfermeira, costureira, datilografa e secretária. Ainda hoje, oito décadas após o episódio referido, o Brasil possui apenas 197 mulheres entre 13.928 pilotos certificados, isto é 1,4% do total. E junto com os índices inexpressivos, ainda há um grande preconceito contra as aviadoras: ficou famoso o episódio noticiado pela imprensa em 2012 onde um passageiro provocou uma confusão, sendo retirado da aeronave pela Polícia Federal, por que o avião estava sendo pilotado por uma mulher.

O certo é que a Srta. Helena Pimentel foi uma precursora da aviação da Bahia e por isso merece um resgate de sua biografia. Se alguém puder colaborar, ótimo. Nem que seja para uma referência na Wikipédia e por que não, a depender da consistência de sua carreira, algo mais, no saguão do aeroporto.