A prisão de lula e o dilema do PT

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  • Armando Avena

Publicado em 6 de abril de 2018 às 03:35

- Atualizado há um ano

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A decisão do Supremo Tribunal Federal não acatando o habeas corpus em favor do ex-presidente Lula e sua imediata prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro para as 17 horas desta sexta-feira coloca o PT frente a um dilema eleitoral que pode ser resumido em uma indagação: como o partido deve se posicionar, agora que seu maior líder e potencial candidato à Presidência está na cadeia? 

As alternativas são muitas, mas reduzem-se essencialmente a três possibilidades: manter a candidatura até o momento em que o tribunal eleitoral indefira o pleito, já que o requerente estará impedido de concorrer de acordo com a Lei da Ficha Limpa; escolher outro candidato de imediato entre os seus filiados; ou apoiar o candidato de outro partido.

A primeira hipótese adotaria a vereda do enfrentamento e seria uma espécie de anticandidatura, mantida até o momento do indeferimento pelo tribunal eleitoral, quando Lula seria substituído por um nome previamente ungido por ele. A tentativa seria transferir os votos de Lula para um nome que estivesse colado a ele, buscando assim atrair os sufrágios e o prestigio do ex-presidente. 

A ideia parece boa, mas é pura incerteza, afinal ninguém sabe qual é a capacidade de transferência de votos de um Lula encarcerado. Além disso, essa alternativa inviabilizaria alianças mais amplas, afinal quem se coligaria com um candidato que está na cadeia, ou com um substituto que será indicado por ele? E mais:  ninguém pode avaliar o impacto dessa estratégia nas candidaturas do partido à Câmara dos Deputados, às assembleias estaduais e mesmo aos cargos majoritários de governador e senador. Ou seja, manter a candidatura de Lula, mesmo com ele atrás das grades, decretará enfraquecimento e até o definhamento do Partido dos Trabalhadores. 

A segunda hipótese, com a imediata escolha de um nome do PT, como Fernando Haddad ou Jaques Wagner, para a concorrer à Presidência da República parece mais plausível e poderá viabilizar coligações, mas esbara na falta de competitividade dos nomes postos até aqui. Haddad é um desconhecido no Nordeste, maior reduto de Lula, e Wagner não tem votos no sul e Sudeste do país e parece desinteressado da candidatura. A terceira hipótese seria apoiar um candidato competitivo de outro partido, o que viabilizaria a construção de uma bancada legislativa forte e alavancaria candidatos a governador do partido, mas essa possibilidade esbarra no vicio atávico do PT de querer apoio de todos, mas mostrar-se avesso a apoiar outros partidos para os cargos majoritários. 

Tomando como base as declarações do governador Rui Costa, em evento recente, essa última hipótese seria sua preferida e o nome do candidato do PDT, Ciro Gomes, seria o caminho escolhido. Mas essa hipótese foi bombardeada pela presidente do partido, Gleisi Hoffman. A opção do governador parece conveniente, afinal, numa campanha que se anuncia feroz, apoiar um candidato já encarcerado ou um petista desconhecido seria o pior dos caminhos.

As celebridades do Supremo Max Weber, considerado o pai da Sociologia, dizia que a qualidade fundamental do homem púbico era o “senso de proporção”, que ele definia como “a faculdade de permitir que os fatos ajam sobre si no recolhimento e na calma interior do espírito, sabendo, por consequência, manter à distância os homens e as coisas”. Foi exatamente o contrário do que se viu na plenária do Supremo Tribunal Federal que decidiu sobre o habeas corpus do ex-presidente Lula. Independente do resultado dessa e de outras votações, o que se percebe é que, desde que passaram a ser transmitidas ao vivo pela televisão, as sessões do Supremo tornaram-se um desfile de egos, com cada ministro querendo brilhar mais, com se fosse uma estrela ou celebridade. Os assuntos tratados no Supremo deveriam ser discutidos no silêncio dos fatos e não no vozerio das vaidades.

Bahia: duas boas notícias A produção mineral da Bahia atingiu em 2017 a marca de US$ 2,6 bilhões, um crescimento de 20%, em relação ao ano passado, segundo dados da CBPM – Companhia Baiana de Pesquisa Mineral. Essa é uma boa notícia, pois a demanda por commodities minerais está aumentando no mundo inteiro e um ciclo de alta de preços se avizinha. Há, portanto, boas perspectivas para a produção baiana de vanádio, cujo preço segue em alta, de ouro e de outros minerais. A outra boa notícia vem da área de energia. No último leilão de energia eólica realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), na última quarta-feira, a Bahia contratou quatro novos projetos aumentando sua capacidade produtiva em com 114 MW. Os empreendimentos são da francesa EDF e da Casa dos Ventos e estão localizados no município de Campo Formoso.

A despedida de Neto Se o prefeito ACM Neto deixar a Prefeitura de Salvador para concorrer ao governo do estado, como tudo leva a crer, sua despedida terá sido em grande estilo. Na última semana, Neto inaugurou obras e deu ordens de serviços que representam um montante superior a R$ 550 milhões.  A inauguração do Hospital Municipal, um investimento de R$ 120 milhões com recursos próprios, o início das obras do BRT, o projeto de urbanização da comunidade Guerreira Zeferina, a Colina do Bonfim, a orla de Itapuã, a Avenida Sete e outras ações foram lançadas nesta última semana, o que parece um sinal de que Neto é candidatíssimo. O prefeito tem o que comemorar, afinal recebeu a Prefeitura de Salvador com débitos da ordem de R$ 75 milhões, inadimplente e sem poder tomar empréstimos ou financiamentos, e vai devolvê-la com a capacidade de investimento restaurada, novos financiamentos engatilhados e inaugurando obras realizadas com recursos próprios.

Prefeitura: novos financiamentos Aliás, a capacidade de endividamento da prefeitura de Salvador é tal que, após ter contratado um financiamento de US$105 milhões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no âmbito do Prodetur, já negociou dois novos empréstimos internacionais no valor de US$ 360 milhões. Os dois novos contratos são com o Banco Mundial, na área de saúde, educação e saneamento, denominado Salvador Social e prevendo recursos de US$ 125 milhões; e com o BID, no valor US$ 135 milhões para o programa Mané Dendê, de recuperação ambiental no subúrbio. Luiz Carreira, chefe da Casa Civil da prefeitura de Salvador, diz que prefeitura vai aumentar em cinco vezes sua capacidade de investimento nos próximos anos. Segundo ele, tanto os investimentos com recursos próprios quanto os financiamentos para obras como o BRT e outras foram possíveis porque a prefeitura cumpriu à risca a regra de ouro da administração pública, ou seja, forte ajuste fiscal e nunca gastar mais do que se arrecada. Carreira diz que as contas municipais, que tinham déficit de R$ 75 milhões nos últimos anos do prefeito João Henrique, fecharam 2017 com um superávit de R$ 1 bilhão.