A que ponto chegamos: a barbárie e o coração arrancado do policial

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  • Jolivaldo Freitas

Publicado em 12 de junho de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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É a barbárie. É o fim de tudo. É a miséria. É o fim da civilização e vemos que um análogo ao Jihad está em nossa porta. Tão perto que se pensávamos que era ficção, distante, imensurável, virtual e sem massa palpável definível, agora temos a certeza de que o filósofo inglês Thomas Hobes – “O homem é o lobo do homem” - tinha razão. Viemos nos destruir. E, se na semana passada falei aqui da violência policial para com o cidadão, volto ao tema da violência para dizer o quanto estou pasmo, paralisado, chocado com o que os bandidos do bairro de Santa Cruz fizeram com um policial. Cortaram uma das mãos, extraíram seus olhos e jogaram longe o seu coração arrancado do peito.

É um ponto da barbárie em que chegamos, onde nada mais tem valor e a vida vale menos que o pó. Hoje, a vida de qualquer um. Inclusive a dos policiais que são perseguidos como nunca antes na história deste país, chegando ao ponto de terem de se desfazer da farda antes de entrar no bairro onde moram. Talvez o senhor ou a senhora não saibam, mas o policial geralmente mora no mesmo local, na mesma área, onde estão os bandidos, seus vizinhos de porta ou de CEP.

Já tinha passado pelo imenso dissabor de ver um amigo policial militar ser morto em confronto com bandido no Subúrbio há alguns anos e vi o sofrimento dos colegas, dos amigos e de todos os parentes com a perda. Meu irmão militar foi morto há mais de 18 anos  por um grupo de bandidos. Eles só queriam a arma e deram um tiro na testa quando ele voltava da escolinha onde fora buscar o filho. Meu sobrinho adolescente foi assassinado por nada.

Neste momento em que a violência se exacerba, fica uma sensação de impotência, pois se estão matando os policiais, fica patente que não existe mais nenhum anteparo entre os cidadãos de bem e os bandidos. Quando o policial fora de serviço tem de esconder ou fugir do domicílio onde está sua família, está claro que a sociedade como um todo está perdendo para a bandidagem e que é preciso, desde já, uma tomada de atitude diferente da que vem sendo tomada.

Mostrou-se que os métodos, planos e ideias usadas pelas autoridades da área de segurança do Brasil não estão dando certo. E, como em outros países que já foram violentos as coisas estão indo bem, lógico que estamos fora da nova ordem mundial. As UPPs foram desmoralizadas pela bandidagem no Rio de Janeiro. Ninguém mais respeita o Bope. Os policiais cariocas, inclusive de altas patentes, foram cooptados pelas quadrilhas de traficantes, pelas milícias, pelos ladrões de carga. Até a presença ostensiva do Exército tem se mostrado inócua. É situação similar àquela em que o rato se acostuma com o gato e desmoraliza o felino.

Nem preciso afirmar que o que distingue a barbárie da civilização são as regras. Mas quem está cuidando das regras? Não existe mais o mocinho que  só atirava depois que o bandido sacava seu Colt 45. Não existe mais o bandido que somente matava se a vítima reagisse. Se mata a granel. O caso brutal do cabo Gustavo Gonzaga é mais um sinal dos tempos. Tempos que os políticos estão sem ver e a Justiça fingindo que é cega.

Jolivaldo é escritor e jornalista