A vergonha entre as finais

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  • Da Redação

Publicado em 31 de março de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Amanhã, a Fonte Nova será palco do primeiro jogo da final do Campeonato Baiano. Teremos mais uma vez Ba-Vi na decisão, fato que só não ocorre quando um cataclismo (no caso, uma inundação de incompetência) se instala no Fazendão ou na Toca do Leão.

Na véspera do clássico, dava para ficar aqui naquele velho bolodório sobre favoritismo de um lado ou de outro, sobre vantagens ou desvantagens técnicas e táticas ou sobre o estado de nervos das equipes após aquele jogo vergonhoso da fase de classificação.

Acontece que tudo isso fica menor quando a Federação Bahiana de Futebol (FBF), responsável pelo campeonato que agora chega ao momento decisivo, resolve marcar, de uma hora pra outra, sua própria eleição para a semana entre as duas partidas finais. Pior: publica o edital de convocação oito dias antes do pleito, sabendo que havia um feriado no meio. A falta de vergonha desconhece limites.

Nesta eleição falaciosa da FBF, podem votar clubes das primeira e segunda divisão do Campeonato Baiano, um representante dos atletas e trocentas ligas amadoras espalhadas pelo interior do estado.

Somente para poder participar, um candidato deve apresentar o apoio de pelo menos 30 votantes, donde fica claro que a marcação feita às pressas – com um feriado no meio, vale repetir - tem o claro objetivo de tirar da disputa qualquer pessoa que não tenha articulação prévia junto às ligas amadoras. Os amadores, aliás, têm grande relevância no pleito, pois terminam sendo ampla maioria no colégio eleitoral e, com o voto deles, fica decidido quem manda no futebol profissional. Piada.

A tática vergonhosa adotada para realizar essa eleição é apenas mais um reflexo da gestão da FBF, que tem Ednaldo Rodrigues em seu comando há quase duas décadas. Nesse período, absolutamente nada de bom aconteceu. O inverso é verdadeiro: os clubes penam à míngua e quase sempre vão mal no plano nacional, seja qual for a divisão, os torneios locais têm nível técnico abaixo da crítica, boa parte dos estádios têm estrutura precária e o que deveria ser estandarte da entidade, que é o Campeonato Baiano da primeira divisão, serve exclusivamente para atrapalhar os principais clubes, Bahia e Vitória.

Vale enfatizar que a atitude de marcar uma eleição entre as duas finais já é, por si só, um bom indicativo de como a FBF (des)valoriza seu próprio produto e de como a sede incontrolável pelo poder e pelo controle das engrenagens se sobrepõe a quase todos os outros fatores, até mesmo ao pragmatismo mercadológico.

Ricardo David, presidente do Vitória, declarou, ao longo da semana, que apoiaria a reeleição de Rodrigues ou o nome indicado pelo dono da FBF, o que é uma óbvia contradição ao seu discurso de defesa da democracia e alternância de poder, tão propalado quando das eleições rubro-negras. Contradição, diga-se, parece ser a marca deste início de mandato de David à frente do Vitória.

Guilherme Bellintani, presidente do Esporte Clube Bahia, não havia se manifestado sobre as eleições até a conclusão deste texto. Vale lembrar, entretanto, a nota divulgada pelo tricolor, no início de março, em que criticava a condução do futebol baiano e afirmava esperar uma “transformação trabalhosa, conflituosa, capaz de romper modelos e paradigmas”. Este colunista, obviamente, espera que o Bahia vote contra Ednaldo.  

A Federação Bahiana de Futebol é uma lástima. E, se não for mudada, continuará sendo.