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Publicado em 25 de outubro de 2018 às 05:00
- Atualizado há um ano
A volta do Bahia a uma fase avançada de um torneio continental, como as quartas de final da Copa Sul-Americana, fez crescer a sinergia entre time e torcida e florescer novamente os aspectos comportamentais que fazem o futebol ser, mais que um jogo, um componente cultural.
Ainda faltam dois passos até a decisão e, mesmo assim, ontem os tricolores se empolgaram como se isso pouco importasse - afinal, antes da partida contra o Atlético Paranaense começar, realmente não tinha importância. Tamanha euforia na chegada do time ao estádio tem se tornado marca da torcida do Bahia em finais de Copa do Nordeste e em Ba-Vi. Mas, em quartas de final, não. Pelo menos até ontem.
Isso significa que o torcedor que foi à Fonte Nova entendeu o que está em disputa. Entendeu que não era só um jogo. Que se passaram 29 anos, exatamente um terço dos 87 de vida do clube, sem o Bahia chegar tão longe em uma competição internacional, desde a Libertadores de 1989.
Nesse tempo, depois da semifinal do Brasileiro de 1990 e das quartas de final em 1994, o tricolor nunca mais foi protagonista em um campeonato de impacto. Nunca mais havia tido a expectativa de poder sonhar alto, de permitir ao torcedor sair da temática automática “Vice x Sardinha”. Há uma geração de tricolores ainda aprendendo o que é viver o Bahia sem mirar o Vitória.
Agora esse torcedor pode desejar mais. E se é verdade que a Copa Sul-Americana é o torneio de segundo escalão continental, é também que ela ganhou uma relevância que não tinha há uma década. Ir longe no torneio mata-mata pode significar o marco de um recomeço, a descoberta de um caminho para clubes de orçamento médio, cuja tendência é ter cada vez menos chance de título no Brasileirão de pontos corridos.
Por tudo isso, o torcedor jogou junto. A recepção ao ônibus do time no Dique, com cores e sons, foi ao encontro do discurso adotado também pelo clube, que passou a semana convocando e instigando sua massa fiel. Em um vídeo motivacional que o Bahia disparou nas redes sociais na véspera da partida, chamou atenção o fato de pedir a volta do “futebol raiz”. Aproveitou a oportunidade e casou com a necessidade, utilizando uma linguagem oposta à que cresceu desde a “arenização” do futebol brasileiro, em 2013 para 2014, por causa da Copa do Mundo e do padrão Fifa nela embutido que tornaram o estádio de futebol um ambiente muito “clean”.
Na ação institucional, o meia Ramires falou para a nação tricolor: “Não vai ter selfie, vídeo e resenha durante o jogo”, em referência à insistência de algumas pessoas em registrar cada sorriso – e também cada cobrança de falta, escanteio, pênalti - enquanto a emoção original acontece num instante sem direito a replay, ali na frente. O atacante Gilberto avisou à turma do “senta, senta” que “não é cinema nem teatro, é decisão”. Arrisco dizer que foram devidamente atendidos.
Fora de campo, o Bahia e seu torcedor fizeram a parte dele. Dentro, o horário do jogo e do fechamento da coluna não permitiram análise. Mas, seja qual foi o resultado, os tricolores que estiveram na Fonte Nova sentiram o gostinho de pensar grande. O desafio para o clube é fazê-los se acostumar com isso. Até deixar de ser novidade.