A volta do Guetho: ensaio da Timbalada reúne quase duas mil pessoas no Candeal

Atualmente comandada por Paula Sanffer, Buja Ferreira e Rafa Chagas, banda continua sendo um grande acontecimento na capital

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  • Naiana Ribeiro

Publicado em 5 de janeiro de 2020 às 23:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr./CORREIO

Era 1991 quando os primeiros batuques da Timbalada soavam pelo Candeal Pequeno, em Salvador. Já naquela década, a banda percussiva criada pelo cacique Carlinhos Brown, 57 anos, era famosa por movimentar o Candhyall Guetho Square (mais conhecido como o Guetho) e por dar a largada oficial do Verão soteropolitano.

Quase 30 anos depois, o cenário se repete: a Timbalada, atualmente comandada por Paula Sanffer, Buja Ferreira e Rafa Chagas, continua sendo um grande acontecimento na capital. Tanto é que o grupo lotou a casa de shows neste domingo (5). Os 1.600 ingressos do espaço estavam esgotados desde o dia 20 de dezembro.

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Teve até engarrafamento que se refletiu em outros pontos da cidade, como a Avenida ACM, além de ingressos sendo vendidos a preços altos pelos cambistas. Mas como o grupo, mesmo após muitos anos e mudanças, ainda consegue arrastar tantos timbaleiros?

Alguns podem questionar, mas Brown tem a resposta na ponta da língua: “Com originalidade, desde seu início. Todo mundo já duvidou da Timbalada, mas sempre fomos vanguarda e já formamos mais de 15 mil músicos. Mas a Timbalada não é minha, afinal, não se faz nada sozinho: é um movimento da Bahia. Sempre foi uma banda de transição de cantores, porque nasceu para ser uma ação social. Estamos vivos, felizes e as pessoas precisam aproveitar isso, que continua vivo. Não somos amadores”, afirmou o cantor, em entrevista ao CORREIO. (Foto: Betto Jr./CORREIO) Brown, que é técnico do The Voice Kids e também deu o que falar no programa gravado que foi ao ar neste domingo, na Globo/TV Bahia, acompanha de perto e coordena o trabalho do grupo. Por isso, fez sua participação no primeiro ensaio da Timbalada e botou o Guetho para lembrar dos velhos tempos ao som de Tantinho.

Mas, antes mesmo do mestre aparecer no local, Paula, Buja e Rafa mostraram que estão mais entrosados e maduros. Cantaram sucessos como Beija-flor, Água Mineral, Margarida Perfumada e, é claro, comandaram a tradicional volta no Guetto.

“Claro que toda mudança causa um estranhamento, mas eles pegaram o jeito. Gosto muito dos três. Todos têm qualidade musical muito boa e a Paula tem uma voz potente e linda”, elogiou a advogada Daisy borges, 40. Timbaleira raiz, ela contou que acompanha a banda “desde antes de Xexéu”.

“Eu vim nos primeiros shows deles aqui no Candeal. O clima de alegria é o mesmo. Gosto da raiz africana. Talvez o que mude seja a intensidade. Antes era muito bom e agora também, só que com outros cantores, outros valores”, compara Daisy.

Quem também acompanha a Timbalada desde os anos 90 é a auditora Ana Carvalho, 40, que arrastou as amigas para o show. “A Timbalada representa  a Bahia. Eles têm um som único. Ninguém faz igual. Por isso atrai pessoas de diversas tribos e idades. Meu filho tem 20 anos e também está aqui”, comentou.  A auditora Ana Carvalho (de amarelo) com as amigas (Foto: Betto Jr./CORREIO) Gerações novas, como a do estudante Vinicius Silva, 12, morador do Candeal, admiram não só o mestre Brown, como a diversidade musical do grupo. “Eles fazem uma mistura de ritmos massa. E tio Carlinhos traz várias coisas boas pra nossa comunidade“, ressaltou. (Foto: Naiana Ribeiro/CORREIO) O empresário musical Paulo Tavares, 55, acompanha a banda desde sua criação e a define como um “verdadeiro fenômeno”: “Essa energia contagia todo mundo”. (Foto: Betto Jr./CORREIO) Os próximos ensaios da Timbalada acontecem nos dias 19/1, 16/2 e 1/3. Ingresso: R$ 80, no Sympla.