Abuso de poder de Rui, ameaças do governo contra aliados, e o fantasma da insegurança

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Publicado em 13 de maio de 2022 às 11:32

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Ressaca junina O Palácio de Ondina já está comprando milhares de comprimidos de Engov para combater a ressaca junina. É que depois do São João, os governos estaduais estão proibidos de liberar recursos para as prefeituras e fazer publicidade. Pelo jeito, o governador Rui Costa (PT) vai ter de pular fogueira, mas só depois do São João.

Abuso de poder Em toda assinatura de convênio, Rui leva seu pré-candidato ao governo, Jerônimo Rodrigues (PT), para ficar do lado e aparecer na foto. Isso virou uma rotina. Membros da Justiça Eleitoral já estão de olho.

Cannabis O caso Hempcare continua a rondar o Palácio de Ondina. A qualquer momento novas informações devem se tornar públicas, atingindo em cheio o centro de poder baiano.

Monitoramento pesado O Palácio de Ondina tem marcado sob pressão os “aliados”. Quem assina convênio é obrigado a publicar, em sua rede social, a foto com o governador e o candidato do PT. E não para por aí. Um prefeito do interior recebeu uma ligação exasperada por ter curtido uma foto de ACM Neto (União Brasil) e Cacá Leão (PP) publicada no Instagram do pré-candidato a senador. 

Farol baixo Um cardeal petista apareceu de farol baixo em uma reunião essa semana. “Nunca vi ele tão cabisbaixo”, confidenciou um dos presentes ao encontro. E atribuiu o desânimo do figurão a pesquisas de opinião internas que mostram o candidato petista baiano numericamente empatado com o candidato bolsonarista.

No grito Após perceber cada vez mais sua base de prefeitos ruir, o governador Rui Costa (PT) decidiu intensificar sua pressão aos gestores municipais com ameaças. A ordem do governador é que obras já prontas em municípios só sejam inauguradas se o prefeito aderir à pré-candidatura de Jerônimo Rodrigues (PT). Há casos em que as intervenções já foram concluídas há semanas, mas só podem ser entregues sob esta condição. 

Ameaça velada Uma nota disparada ontem pela secretária da Saúde do Estado, Adélia Pinheiro, de que tem interesse em assumir a gestão do Hospital Regional de Itaberaba foi encarada como uma ameaça do governo sobre o prefeito Ricardo Mascarenhas (PP), que reagiu. Em entrevista, o prefeito disse que não vai aceitar “chantagem” e fez críticas à secretária: “É uma das grandes piadas que ouvi nos últimos anos”. Disse que não vai aceitar “que ninguém coloque uma faca no meu pescoço para decidir quem vou apoiar” e ainda afirmou que “agora querem botar o hospital como instrumento político”. 

Chantagem Como se não bastasse ir na contramão de diversos estados que reduziram o ICMS do diesel para o transporte público, o governador Rui Costa agora partiu para a chantagem contra a Prefeitura de Salvador. O governo quer que a prefeitura faça um "realinhamento" de 81 linhas para conceder a redução do tributo. Na prática, Rui quer que o município corte as linhas de ônibus que concorrem com o metrô, para reduzir o déficit do sistema. O problema é que uma retirada de linhas vai representar um enorme prejuízo para a população, que passará a ter menos ônibus nas ruas.

Concorrência Além disso, integrantes da gestão municipal apontam que o próprio governo descumpre o contrato programa quando não retirou os ônibus metropolitanos da circulação em Salvador. E o pior: o não cumprimento da medida tira em média 18 mil passageiros do metrô por dia. Outro dado interessante: mais de 80% dos usuários do metrô são integrados a partir dos ônibus da capital. A redução do ICMS foi adotada por diversos estados para justamente não penalizar o usuário do transporte público. Enquanto isso, quem paga a conta é o cidadão. 

Banho de água fria Após ser barrado pela Justiça Eleitoral de 2018, o ex-prefeito de Juazeiro Isaac Carvalho (PT) sofreu uma nova derrota nesta semana. Além de ser condenado a devolver mais de R$ 243 mil aos cofres públicos, ele teve seus direitos políticos suspensos por cinco anos, o que inviabiliza a candidatura dele a deputado estadual. Em 2018, ele chegou a concorrer a deputado federal, mas teve o registro de candidatura negado.

Ninguém viu Chamou a atenção no meio político da Bahia o sumiço do secretário de Segurança Pública do Estado, Ricardo Mandarino, em meio a mais uma semana repleta de casos de violência. Nos bastidores, fontes com trânsito no Palácio de Ondina dizem que partiu do próprio governador Rui Costa (PT) a ordem para que Mandarino ficasse calado. Observadores políticos apontam que há em curso uma tentativa de ‘fritar’ Mandarino, como diz o jargão político. 

Solitários Deputados da base do governador estão vivendo uma espécie de cada um por si e Rui por ninguém. Nas sessões da Alba, a maioria nem dá mais as caras. Na última quarta, por exemplo, o líder do bloco governista, deputado Rosemberg Pinto (PT), estava como um lobo solitário na abertura dos trabalhos.  A conta gotas, alguns governistas mais xiitas foram surgindo no plenário na tentativa de defender o governo sobre a onda de violência que tomou o estado. Mas tudo o que se viu e ouviu foi: “a culpa é de Bolsonaro”. Ficou risível.