Acidente aéreo em Havana: 20 dos 110 mortos foram identificados

Segundo o governo, haviam 113 pessoas a bordo: 110 pessoas morreram no acidente

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  • Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2018 às 18:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: AFP

Autoridades cubanas já identificaram 20 dos 110 mortos no acidente aéreo que aconteceu em Havana, na última sexta-feira (18). O diretor do Instituto Médico Legal, Sergio Rabel estima que as investigações sobre o caso devem levar cerca de um mês. 

Uma equipe de investigadores locais e estrangeiros foram designadas para cuidar especialmente nas possíveis causas do desastre e nas condições operacionais da empresa mexicana proprietária do avião, que caiu logo após a decolagem. 

Segundo o governo, haviam 113 pessoas a bordo: 110 pessoas morreram no acidente. Do total, 99 eram cubanos, seis tripulantes eram mexicanos e os outros cinco estrangeiros (um casal argentino, uma mexicana e dois saharauis)

As únicas sobreviventes resgatadas na sexta-feira, permanecem em estado crítico na unidade de terapia intensiva do Hospital Calixto García, no centro da capital. Os restos mortais das primeiras vítimas que foram identificadas também já começaram a ser entregues aos familiares na cidade de Holguín.

Boeing 737-200 

O avião que caiu logo após a decolagem do aeroporto de Havana é um Boeing 737-201 ADVda companhia mexicana Damojh SA, razão social da empresa Global Air, e estava a serviço da Cubana de Aviación.

A Secretaria de Comunicação e Transportes do México divulgou os registros do voo e da aeronave. O código (DMJ0972) e a matrícula (XA-UHZ) permitiram saber que o avião passou por oito empresas aéreas antes de chegar à Global Air. A aeronave iniciou seus voos na companhia norte-americana Piedmont, em agosto de 1979, o que totaliza 39 anos desde sua fabricação.

Outro fator polêmico no acidente é que os aviões da série "200" são os mais antigos ainda em operação entre os 737(família mais popular de jatos de passageiros do mundo). Estes modelos começaram a voar ainda em 1967, e o último foi entregue em 1988.

Segundo dados da Boeing, mais de 10 mil jatos da família 737 foram fabricados até março deste ano. Entre os mais modernos estão o 737-800, como os usados pela Gol, e o 737 Max, que começaram a ser entregues no ano passado.

Algumas denúncias feitas pelo ex-piloto Marco Aurélio Hernández contra a companhia aérea do avião que caiu em Cuba tornam a situação ainda mais polêmica. Segundo o ex-piloto, várias vezes precisou voar em aeronaves da empresa com problemas técnicos. Ele relata ainda que em algumas ocasiões, os motores das aeronaves falharam e os mecânicos reclamavam de falta de peças para reposição.

Denúncias

Hernández que trabalhou entre 2005 e 2013 na empresa, disse em entrevista ao jornal "Milenio" que desde o princípio na empresa tentou alertar aos donos da Global Air sobre os problemas, mas não obteve resposta alguma.

"Há pessoas muito capacitadas como mecânicos, mas faltam coisas como refeições leves. Falta cuidado. Que eles conseguissem para eles as peças necessárias para que os aviões ficassem, se não 100%, pelo menos 80% ou 90%", disse o ex-piloto na entrevista.

No tempo em que pretou serviços à Global Air, Hernández pilotou três aviões diferentes, todos eram Boeings 737. Inclusive o Boeing com matrícula XA-UHZ, foi o que caiu em Havana, provocando a morte de 110 pessoas, por motivos ainda desconhecidos.

O ex-piloto deixou o trabalho depois de ter um derrame horas antes de comandar um voo entre Juárez e Cidade do México.