Acidificação dos oceanos ameaça vida marinha, diz estudo

Zonas mortas e ácidas têm sido criadas devido às muitas formas humanas de poluição, que incluem as torrentes de plástico e a sobrepesca

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  • Murilo Gitel

Publicado em 28 de outubro de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: (foto: arquivo correio)

As torrentes de plástico que sufocam e matam de fome os peixes, aliadas à sobrepesca e às muitas formas humanas de poluição, criam cada vez mais zonas mortas e ácidas nos oceanos, o que compromete a vida marinha. A conclusão é de um estudo de oito anos desenvolvido por 250 cientistas do Grupo de Impactos Biológicos do Ácido nos Oceanos (Bioacid), uma organização de pesquisadores alemã.

Segundo a pesquisa, a acidificação dos oceanos progride rapidamente em todo o mundo, e sua combinação com as outras ameaças à vida marinha tem se mostrado mortal. Muitos organismos que podem suportar uma certa quantidade de acidificação correm o risco de perder essa capacidade de adaptação devido à poluição por plásticos e ao estresse extra do aquecimento global.

“Como a acidificação acontece muito rapidamente quando comparada a outros processos naturais, só os organismos com um tempo de geração pequena, como micróbios, conseguem sobreviver”, alertam os autores do estudo intitulado Exploring Ocean Change.

A acidificação dos oceanos pode reduzir as perspectivas de sobrevivência de algumas espécies de crustáceos e peixes no início da vida, com efeitos adversos. Os cientistas descobriram que, até o final do século, o tamanho do bacalhau do Atlântico no Mar Báltico seria reduzido a apenas um quarto do atual.

Emissões de CO2

As emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera influenciam diretamente na acidificação dos oceanos, uma vez que o gás carbônico acaba dissolvido na água do mar. Estudos demonstram que, desde à Revolução Industrial, verificou-se que o pH médio sob as águas caiu de 8,2 para 8,1, o que pode parecer pouco, mas já é suficiente para aumentar a acidez em 26%.

Medidas para reduzir a quantidade de CO2 podem ajudar a diminuir esse processo, sobretudo as que são capazes de absorver os estoques de carbono que já estão no ar devido à queima de combustíveis fósseis.

O embaixador da ONU para os oceanos Peter Thompson, que também é diplomata de Fiji – país que organiza atualmente a COP-23 (Conferência das Partes da ONU Sobre Mudanças Climáticas), fez um apelo recente. "Estamos todos conscientes das mudanças climáticas, mas precisamos conversar também sobre mudanças nos oceanos e os efeitos da acidificação, aquecimento e zonas mortas e assim por diante", cobrou. Ele defende uma ação concentrada sobre o tema nos próximos três anos.