Acredite: foi um 0x0 produtivo

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

Publicado em 26 de abril de 2018 às 08:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Enfim, uma apresentação digna do seu patamar. O Vitória fez na quarta (25), contra o Corinthians, seu jogo mais arrumado contra outro time da primeira divisão neste ano – antes, havia enfrentado o Bahia três vezes, o Internacional duas vezes, o Flamengo e o Atlético Mineiro.

Não foi uma atuação marcada pela criatividade, nem pelas chances de gol criadas. Também não foi o Vitória que historicamente se vê no Barradão, arisco e agressivo. Então por que o elogio? Porque foi um time marcado pela consciência de saber o que fazer em campo, com jogadores taticamente orientados e executando suas funções. Isso é uma evolução, se forem consideradas as partidas mais recentes, em que a equipe não jogou bem contra Atlético-MG, Flamengo e nem mesmo contra o Internacional, apesar do triunfo no tempo normal e nos pênaltis.

Ficou visível desde o início que o Vitória reconheceu a superioridade do Corinthians e se preparou de acordo com o que esperava do rival. Covardia? Talvez para uns, mas, neste caso específico, em que há um abismo de qualidade entre as equipes, prefiro enxergar como uma estratégia interessante. Não gosto enquanto amante do futebol e, jogando em casa, sou sempre favorável a “cair pra dentro”. Mas, alheio a minha opinião, foi uma estratégia pensada contendo uma lógica. O Vitória se dispôs a marcar todo no campo de defesa, para não dar espaço entre os setores, e depois roubar a bola e avançar em bloco.

A tática foi a mesma utilizada por Vagner Mancini no ano passado, quando o Leão surpreendeu o time paulista fora de casa ao vencer por 1x0. Dessa vez, não teve o mesmo brilho e, de fato, o empate foi o resultado mais “justo”, embora justiça no futebol seja bola na rede.

Feita a análise micro, convido a ampliar o horizonte para além das oitavas de final da Copa do Brasil. Vale lembrar que o momento é de reconfiguração: o Vitória saiu do primeiro trimestre, quando é considerado favorito em todas as partidas que disputa (exceto o Ba-Vi), e entrou no período do ano em que será favorito em poucos jogos a partir de agora.

É tempo de se perguntar quem o Vitória é agora e quem ele pode vir a ser até dezembro. Há muito a evoluir. Obviamente, não pelo jogo contra o Corinthians, pois criticar o Leão por não ter vencido seria cruel, afinal, qualquer time do Brasil e quase todos do mundo teriam dificuldade se enfrentassem o Corinthians atualmente.

Mas deixa o adversário de lado: o foco é o Vitória. O rubro-negro depende demais da individualidade de seus principais atletas, mais que o desejável. A impressão que dá é que eles conduzem o conjunto, e não o contrário, o que seria interessante: o coletivo fazer aflorar as individualidades. Por isso, o elogio à atuação dessa quarta-feira, em que o conjunto estava afinado, sem pesar nas costas de Neilton ou Yago, como sempre ocorre.

Sem drama nem pessimismo, o Vitória, hoje, é um time que teoricamente vai brigar para não ser rebaixado na Série A, como brigou nos últimos dois anos e terminou em 16º. Saber disso a sete meses do fim do campeonato permite não se contentar com tão pouco e trabalhar em cima das deficiências. Além disso, a atuação contra o Corinthians reviveu uma ideia de jogo que pode ser utilizada mais vezes no Brasileirão, principalmente fora de casa. Dá para dizer que foi um 0x0 produtivo.Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.