Acusado de matar mestre Moa do Katendê vai a júri dia 11 de setembro

Data foi confirmada ao CORREIO, pelo advogado que representa a família da vítima; acusação aposta na condenação do barbeiro Paulo Sérgio Ferreira de Santana

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  • Priscila Natividade

Publicado em 15 de junho de 2019 às 16:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

O julgamento do acusado de assassinar o músico e capoeirista Romualdo Rosário da Costa, o Mestre Moa do Katendê, 63, já tem data marcada. O barbeiro Paulo Sérgio Ferreira de Santana, 36, vai a júri popular no dia 11 de setembro. A data foi confirmada ao CORREIO, pelo o advogado da família da vítima, Alonso Guimarães. 

“Ocorreu o crime, o individuo foi preso, depois denunciado, abriu o processo todo e houve o interrogatório do réu. O juiz determinou que a gente fizesse a alegação final oral e nós fizemos. Faltaram algumas diligências para a demarcação do júri. O juiz entendeu que ele deveria ser julgado pelo tribunal. Ninguém recorreu, então está confirmado que o Paulo Sério vai a júri”, afirmou. 

Ainda de acordo com Guimarães, o juiz abriu vistas para que a acusação requeresse provas para o dia do julgamento. “Todos os nossos requerimentos foram aprovados”, disse. A estratégia da acusação vai levar em conta, principalmente, as provas científicas. “Tivemos a preocupação em fazer uma acusação bem sólida. Acusar não é fácil, muito pelo contrário. Quando você vai com uma acusação frágil você perde o júri. Por isso, vamos seguir esta linha”. 

A acusação contratou o perito chileno Eduardo LLanos, como assistente técnico. Ele é responsável por um dos pareceres particulares no caso do menino João Victor, que teria sido agredido por funcionários da Lanchonete Habbib’s, morto em 2017 em São Paulo. No parecer, Llanos analisou os vídeos e a reprodução simulada e apontou que o adolescente morreu provavelmente em razão de agressões dos empregados e asfixia.  

“Decidimos contratar um dos principais peritos do país para nos ajudar nisso. Nós acreditamos que conseguiremos a condenação de Paulo Sérgio de pena máxima pelos crimes de homicídio consumado contra o mestre Moa com dois qualificadores  (a futilidade e impossibilidade de defesa da vítima) e tentativa de homicídio contra Germínio, primo de Moa”, diz o advogado. 

Paulo Sérgio é assistido pela Defensoria Pública do Estado (DPE) e segue custodiado no Complexo Penitenciário da Mata Escura. Em abril, a justiça negou o pedido de liberdade provisória. “Todas as provas nos levam a crer que uma discussão política ceifou a vida de uma pessoa internacionalmente conhecida”, completa o advogado da família de Moa do Katendê.  Paulo Sérgio está preso no Complexo Penitenciário da Mata Escura (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Relembre o caso

O crime aconteceu em outubro do ano passado, no Bar do João, localizado no bairro do Dique do Tororó. Segundo testemunhas, entre elas o irmão de Moa, Reginaldo Rosário, Paulo Sérgio estava no bar onde Moa bebia com os parentes, quando começou a defender propostas do então candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), ouvindo críticas do capoeirista, que era um eleitor do Partido dos Trabalhadores (PT). 

"Moa ponderou que era negro e que o cara ainda era muito jovem e não sabia nada da história. Moa disse ainda que ele tinha consciência do quanto o negro lutou para chegar onde chegou e o quanto Bolsonaro poderia tirar essas conquistas se chegasse ao poder", disse Reginaldo, na ocasião.

Horas depois do resultado das eleições, em meio a uma discussão acalorada com Paulo Sérgio, um dos irmãos pediu que Moa ficasse calmo, no entanto, após a situação ter sido contornada, o autor da facada foi em casa, retornou com uma peixeira e atacou a vítima nas costas.

Moa foi morto com mais de 10 facadas. O primo dele, Germínio do Amor Divino Pereira, 51, também ficou ferido ao tentar evitar o assassinato. O barbeiro Paulo Sérgio foi denunciado pelo Ministério Público estadual pelo assassinato de Moa - homicídio por motivo fútil e sem possibilitar defesa à vítima. Paulo Sérgio ainda foi denunciado pela tentativa de homicídio contra Germino, que tentou defender o capoeirista.