Adolescente é apreendido suspeito de ter gravado áudios com ameaças a escolas

Em oito dias, seis pessoas foram detidas pela mesma prática contra colégios

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 4 de abril de 2019 às 17:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Camila Souza/GOVBA

Um adolescente de 15 anos foi apreendido nesta quinta-feira (4), apontado como o suposto autor dos áudios que continham ameaças de ataques a uma escola pública do município de Paulo Afonso, no sudoeste do estado.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), em oito dias de investigação, dez pessoas foram detidas pela mesma prática criminosa contra colégios da rede pública do estado. O caso é investigado em conjunto pelo órgão, pela Educação (SEC) e Grupo Especializado de Repressão a Crimes por Meios Eletrônicos (GME) da Polícia Civil. 

O último flagrante ocorreu em Jequié. Três adolescentes, dois da própria cidade, e uma de Brasília disseminaram mensagens. Nesta situação mais recente, equipes da 9ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Jequié) chegaram aos autores das falsas notícias após ações de inteligência, análises das postagens e depoimentos de testemunhas. Dois adolescentes de Jequié e uma menor de Brasília enviaram áudios prometendo massacres em instituições locais de ensino. Durante depoimentos, informaram que queriam brincar com os outros jovens.

Em Paulo Afonso, a investigação aconteceu a partir do depoimento de estudantes e funcionários da instituição de ensino que foi alvo das ameaças. “Continuamos realizando diligências e vamos comparar os áudios divulgados com a voz do suspeito”, informou o delegado da 1ª Delegacia da região, João Henrique Nunes dos Santos.

Ainda segundo a SSP-BA, outros suspeitos foram conduzidos a delegacias nas cidades de Ilhéus, Santa Cruz Cabrália, Teixeira de Freitas e Salvador. Em Ilhéus, assim como nos outros casos, um estudante confessou o crime, mas justificou que a ideia era fazer uma brincadeira.

Mesmo que as ameaças sejam falsas, os responsáveis podem ser punidos. Isso porque, segundo o GME, informações disseminadas com este tipo de conteúdo se configuram como um ato criminoso e os responsáveis podem ser penalizados judicialmente.

Investigações O secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, afirmou que foi criado um grupo de trabalho dedicado à apuração dos casos de ameaça por meio de áudios compartilhados em redes sociais. Membros da Superintendência de Inteligência da SSP, da Polícia Civil (Departamento de Inteligência Policial – DIP - e Departamento de Crimes Contra o Patrimônio - DCCP) e da Polícia Militar (PM) estão à frente das investigações na Bahia.

Já em Salvador, equipes do DIP e da Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI) apreenderam um menor, também suspeito de divulgar os áudios com ameaças a uma escola particular da capital baiana. Na casa do adolescente, foram apreendidos aparelhos eletrônicos, entre eles computador e smartphone.“Quem divulga esses tipos de mensagens será autuado no artigo 265 do Código Penal, que corresponde a atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviços de utilidade pública, com pena prevista de 1 a 5 anos e multa”, explicou o delegado Delmar Bittencourt, integrante do Grupo de Trabalho.Ainda segundo ele, os gastos ocasionados pelo acionamento das forças de segurança, em casos de falsa chamada, serão cobrados dos autores.

Outros casos Nesta quarta-feira (3), a polícia reforçou a segurança nos municípios ameaçados pelos áudios, principalmente no entorno das escolas. A medida foi tomada após ao menos quatro instituições de ensino suspenderam as aulas em Alagoinhas. Houve ameaças, ainda, em escolas de Brumado, Correntina, Barreiras, Santo Antônio de Jesus e Irecê, onde dois adolescentes foram detidos.

Em Salvador, segundo a Secretaria Estadual da Educação, muitos alunos deixaram de ir, nesta terça (2), ao Colégio Estadual Solange Hortélio Franco, na Cidade Baixa. A pasta, porém, não detalhou se a ausência se deu em decorrência dos mesmos áudios que circularam no interior do estado.

Em Correntina, no oeste da Bahia, a prefeitura emitiu uma nota confirmando a circulação de ameaças por áudios no WhatsApp e informou que uma reunião foi realizada na terça-feira, com as polícias Civil e Militar e a Guarda Municipal, para garantir a segurança dos estudantes e encontrar os autores das ameaças.

As aulas, no entanto, não foram suspensas. “Houve um bom acolhimento, por parte das forças de segurança presentes em nosso município, e confiamos nesta ação coletiva, onde o poder público e a polícia farão o possível para solucionar essa situação constrangedora, que estamos vivenciando”, diz a nota da prefeitura de Correntina.

Já em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, estudantes assustados com os boatos protagonizaram momentos de pânico. Uma bomba de São João estourou no Colégio Estadual José de Freitas Mascarenhas, causando correria entre os alunos.

A Secretaria de Educação da Bahia (SEC), por meio de nota emitida nesta quinta-feira (4), afirmou que todas as escolas estaduais funcionaram normalmente, sem ter havido a necessidade de suspensão das aulas em decorrência de possíveis ameaças.

Ainda segundo a SEC, a orientação dada a todos os gestores de escolas estaduais é no sentido de manter as unidades abertas e com as aulas ocorrendo normalmente. "Orientamos a todos os Núcleos Territoriais de Educação e Escolas a redobrar a atenção e, em todos os casos, avisar, imediatamente, as polícias Militar e Civil", afirmou um ofício obtido pelo CORREIO e assinado pelo coordenador de Articulação de Projetos para Educação, Helder Luiz Amorim Barbosa.

Segundo a SSP-BA, outras pessoas, suspeitas de participação neste caso, estão sendo procuradas. O grupo será responsabilizado levando em consideração o artigo 265 do Código Penal (atentar contra o funcionamento de serviços de utilidade pública). Custos com o acionamento de forças de segurança, via mensagens falsas, também serão cobrados.

* Com supervisão da subeditora Fernanda Varela.