Adolescente suspeito de matar pai militar ficará apreendido por 45 dias, diz MP

Ministério Público afirmou que Justiça acatou o pedido de apreensão

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  • Tailane Muniz

Publicado em 1 de abril de 2019 às 19:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Principal suspeito pelo assassinato do policial militar aposentado Yves Rogério Ferreira Lopes, 52 anos, o filho da vítima, um adolescente de 15 anos, está apreendido na Comunidade de Atendimento Socioeducativo (Case), no bairro de Tancredo Neves, em Salvador. A apreensão foi solicitada à Justiça pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA).

O pedido foi feito neste domingo (31), pela promotora de Justiça Edna Sara Moraes Dias de Cerqueira, que chegou a ouvir o suspeito. Por meio da assessoria, o MP-BA afirmou ao CORREIO que a prisão tem validade provisória de 45 dias - tempo que Sara considerou suficiente para investigações preliminares. 

O crime aconteceu na manhã de sábado (30), dentro da casa da família, no bairro de São João do Cabrito, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Segundo os vizinhos, o garoto era constantemente espancado pelo pai. Testemunhas chegaram a afirmar, ainda, que as agressões se estendiam à esposa do policial morto.

O MP-BA informou que a promotora não vai comentar o caso até que haja maiores detalhes da autoria e motivação do crime. O CORREIO também tentou contato com o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), sem sucesso. De acordo com vizinhos da família, o PM aposentado era violento com o próprio filho (Foto: Reprodução/Leitor CORREIO) Ainda de acordo com o MP-BA, o pedido foi acatado pela juíza Mariana Varjão Alves Evangelista, que autorizou que o jovem fosse internado na Case. O CORREIO procurou o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA), mas ainda não obteve resposta. 

Em nota, a Polícia Civil disse que o adolescente foi apreendido por policiais militares logo após o crime e apresentado na Delegacia do Adolescente Infrator (DAI), em Brotas.

"Toda documentação produzida pela Polícia Civil, bem como o próprio o adolescente, foram apresentados no Ministério Público da Infância e Juventude, cessando a partir desse momento,  a atuação da DAI sobre o fato", concluiu a pasta. Fachada da casa onde policial aposentado foi assassinado pelo filho de 15 anos; vizinhos falam em brigas constantes (Foto: Evandro Veiga/ CORREIO) Espancamento “A criança apanhou o dia todo. Fez isso porque já não aguentava mais apanhar. Queria se defender. Infelizmente o pai ensinou a atirar. E ele atirava muito bem”, disse uma vizinha da família, que preferiu não ter o seu nome revelado.

Outra testemunha, que também pediu anonimato, disse que, no dia anterior ao crime, o clima na residência de número 28 era de tensão. Todos que passavam em frente ao imóvel conseguiam escutar os gritos do adolescente que, aparentemente, apanhava do pai. “Foi a sexta-feira toda assim. O menino passou a manhã toda apanhando. Todos os vizinhos escutaram os gritos, mas ninguém quis se meter. Era sempre assim. Por qualquer motivo, o menino apanhava. Se o cachorro fizesse cocô e ele não limpasse, apanhava”, disse. Uma outra conhecida da família também confirmou que o pai era violento com o filho. As agressões, de acordo com ela, se estendiam para a mãe e um outro filho, de aproximadamente 10 anos. Inclusive, ainda segundo relato da vizinhança, na manhã do crime, o garoto utilizou a arma para atirar no pai logo após a mãe tentar intervir na surra e acabar machucada.

A reportagem  apurou que o policial aposentado havia ensinado o filho a atirar. E que era possível, de vez em quando, escutar o barulho dos disparos vindo dos fundos da casa da família."Por isso que, quando escutamos o barulho [do disparo], achamos que era ele treinando a família. Na rua, o pai era aparentemente tranquilo, na dele, dentro de casa era o contrário, perverso demais", completou um vizinho. O crime está sendo apurado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).