Adriana Nogueira: Autismo, de mãe pra mãe

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • D
  • Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2017 às 06:01

- Atualizado há um ano

Tenho aproveitado a data mundial de Conscientização do Autismo (2/4) para compartilhar informações e experiências positivas com outras famílias que têm filhos dentro do espectro e para disseminar uma cultura de cooperação junto à sociedade. Uma missão pessoal, que espero contar em breve no meu primeiro livro, mas que já ganha um espaço formal com o projeto voluntário De Mãe pra Mãe, um Bate Papo sobre Autismo, em parceria com o Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (CRE-TEA) - Novo Mundo, em Salvador. Começamos com duas Rodas de Família, com o tema O Cuidado de Quem Cuida, nesta terça (4), das 9h às 11h, e quarta (5), das 14h às 16h, como parte integrante das atividades da Semana do Autismo. Depois, o projeto ganhará dia fixo, sempre aberto à comunidade. Falaremos sobre a descoberta e a postura diante do autismo, inclusão social e pedagógica, socialização, autoridade, autonomia, aspectos emocionais, habilidades e competências, com destaque para o tempo para o cuidador, a pessoa mais importante de todo esse processo e que precisa estar em dia com o seu bem-estar físico e emocional para dar conta do desafio que, confesso, não é pequeno.Ao longo dos últimos 10 anos, tenho conversado com familiares de autistas de todo o país, mas sentia a necessidade de um troca mais próxima e regular, onde também fosse possível acolher as pessoas, suas aflições, dúvidas e angústias sobre os processos que interferem na vida dos autistas, dos seus familiares e da própria sociedade. Meu filho já saiu do espectro, mas somos uma família voluntária com uma história positiva e comprometida com essa troca de conhecimentos voltados para as famílias de autistas, que precisam de muito apoio para obter um diagnóstico precoce e ter acesso a um tratamento multi e interdisciplinar, decisivo na busca pelo desenvolvimento global das funções executivas afetadas pelo transtorno, que atinge o cérebro social da criança e prejudica sua linguagem, a comunicação e a capacidade de interação social. Eu dizia que meu filho era 10% encarnado e 90% anjo. Mas sabia que conseguiria puxá-lo 100% pelo seu fio etéreo. Instinto de mãe. Sim, ele só tinha mesmo 10% do seu cérebro conectado. E, sim, ele conseguiu se conectar 100%. Mesclamos diversas terapias, observando as prioridades de cada fase de desenvolvimento, organizando uma rotina com diferentes estímulos voltados para as principais áreas que apresentavam déficit funcional. E apostamos no neurofeedback, um tratamento inovador de equalização de ondas cerebrais, que ajudou meu filho a dar um verdadeiro “salto quântico” no seu desenvolvimento, deixando pra trás os transtornos e desordens mais severas. O mapeamento cerebral foi feito pelo neurocientista Leonardo Mascaro, e Filippo aprendeu a falar, a ler e a escrever, inclusive em inglês, passou a se relacionar socialmente e a controlar suas emoções.Outras iniciativas também foram fundamentais, assim como preservar Filippo de uma vida 100% terapeutizada, o que exigiu de todos nós muita firmeza, disciplina e coragem. Por isso, quando lembro da nossa ansiedade quanto ao futuro e de como tudo deu tão certo, só podia seguir pensando no quanto compartilhar nossa história poderia ajudar outras famílias a não sofrerem tanto. Acreditem, acompanhei meu filho desabrochar e sair cada vez do espectro autista, a ponto de hoje, beirando os 12 anos, ele se reconhecer como um cidadão tão igual e diferente quanto qualquer outro. “Eu nasci especial, mas não sou mais especial. Cada um é cada um, ninguém é perfeito e todo mundo erra, o importante é aprender”, diz Filippo, cheio de atitude, orgulhando a todos nós!Adriana Nogueira é jornalista e mãe de Filippo Bello, 11 anos, estudante