Afro Fashion Day discute moda e cultura negra através dos turbantes

O Afro contará com 45 marcas de roupas e acessórios no desfile na Cruz Caída, a partir das 17h30

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  • Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2016 às 07:47

- Atualizado há um ano

Os turbantes são adereços que existem no vestuário da população mundial há milhares de anos e que  nunca saem da moda. Não se sabe com exatidão a origem, mas, no Brasil, o uso geralmente é associado às pessoas negras e de religiões de matrizes africanas, o que gera muitos debates sobre apropriação, identidade, racismo  e empoderamento.

Veja tudo o que vai rolar no Afro Fashion Day Para a baiana de acarajé Erika Rigaud, o turbante é como uma “coroa”. “Vai além de um simples acessório e da estética. É como uma coroação. Algo que não compõe só a roupa, mas que carrega uma história, uma cultura”. Esse amor pelos panos adornados na cabeça vem de outras gerações. “Minha avó, mãe, filha, todas são baianas e usam torço”, revelou a empreendedora, que estará presente com sua marca de turbantes no desfile do Afro Fashion Day, amanhã,  Dia da Consciência Negra. Erika enfatizou ainda que é evangélica e não acha problema usar turbante nos cultos. “Coloco meu tabuleiro na praia do Porto da Barra com meu torço no cabelo, mas uso o tempo todo. Inclusive para ir na igreja, ou quando uso roupa social”.A questão sobre apropriação cultural destes ornamentos mais utilizados em aspectos religiosos, sobretudo em sociedades não ocidentais, divide opiniões. Para Clarissa Pacheco, uma das criadoras da marca Cabelo em Pé, pode ser positivo ou não. “A estética afro tem ficado em evidência e existem as pessoas que usam como moda, porque é bonito, e outras que sentem uma identificação mesmo racial”.

Ela acredita ainda que os torços são uma ótima opção para o momento atual em que muitas meninas estão optando deixar de usar química. “Meu cabelo é alisado e estou em transição. Comecei a usar por sugestão da minha sócia”, contou a dona da marca de turbantes com sustentações de arame para modelar.

Segundo Jéssica Santos, da Boutique Negralá, que sempre viu sua mãe e tias usarem as amarrações, não tem muita conversa. “O turbante não é só moda e não chegou no século XXI. É uma representatividade ancestral”. Os pensamentos divergentes das turbanteiras dialogam com a proposta do AFD, de causar reflexões no que tange com a identidade negra. Turbanque e Com Amor, Dora completam esse time.O Afro contará com 45 marcas de roupas e acessórios no desfile  na Cruz Caída, a partir das 17h30. No total serão 60 modelos e 14 convidados na passarela do evento.O Afro Fashion Day é uma realização do CORREIO com patrocínio do Shopping da Bahia, HapVida e Faculdade da Cidade, apoio do Senac e Eudora e apoio institucional da prefeitura de Salvador.