Agentes da PRF envolvidos na morte de adolescente autista estão afastados

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, conduta deles está sendo apurada

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  • Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2019 às 16:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO

Corpo de estudante é conduzido durante cortejo no Cemitério Bosque da Paz, na sexta (Foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO) Os policiais rodoviários federais envolvidos na ação que resultou na morte do adolescente autista Natanael de Araújo Conceição, 17 anos, foram afastados das atividades operacionais desde o dia da ocorrência. Natanael estava com o pai, o tesoureiro Juarez Conceição, 46, quando foi morto por um tiro na cabeça, na tarde de quinta-feira (14), na Avenida Gal Costa, em Pirajá. 

Nota do editor: A primeira versão dessa reportagem tinha a informação de que os policiais não haviam sido afastados, que foi confirmada pela assessoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF) ao CORREIO, nesta terça-feira (19). Contudo, nesta quarta-feira (20) a PRF destacou que os policiais haviam sido afastados. 

Em nota, a PRF informou que a ação da equipe será apurada inicialmente por um procedimento interdisciplinar chamado de Instrução Preliminar. Após essa fase, é possível instaurar um outro procedimento. 

“Tal procedimento pode resultar na instauração de um processo administrativo disciplinar que, com fulcro na Lei Federal 8112/90, deve ser conduzido por um colegiado processante com prazo inicial de até 60 dias, prorrogáveis por igual período, para conclusão dos trabalhos, devendo os policiais serem afastados das funções apenas por motivações devidamente justificadas na forma da legislação pertinente”, informou a PRF, em nota enviada ao CORREIO na terça-feira (19). Natanael estava a caminho de sessão com fonoaudiólogo (Foto: Reprodução/Tailane Muniz/CORREIO) O procedimento administrativo é sigiloso. Se houver comprovação de irregularidades, quando todas as investigações forem concluídas, os policiais rodoviários federais podem ser penalizados. Essa pena pode ser desde uma advertência, uma suspensão de até 90 dias ou demissão. 

A PRF destacou ainda nesta quarta-feira (20)  que os policiais foram afastados das atividades operacionais e passarão por avaliação psicológica. "O armamento dos policiais foi recolhido para Perícia da Polícia Técnica. Eles foram afastados das atividades operacionais desde o dia da ocorrência.  O armamento foi recolhido também  desde o momento da ocorrência e já foi determinado que a área de Direitos Humanos preste o apoio necessário a família", destacou a PRF.

Mortes A situação começou quando o motorista por aplicativo Neidson Brandão conduzia uma mulher em um Cobalt branco pela Rua da Indonésia, na quinta-feira (14). Ele foi abordado por um homem armado e foi morto no local. A passageira conseguiu fugir. 

O suspeito, então, saiu em fuga. De acordo informações no local, os policiais rodoviários perceberam a suposta tentativa de assalto e tentaram deter os criminosos. Na troca de tiros, o bandido bateu o carro do motorista de aplicativo em outros veículos. 

Foi quando encontrou Natanael e o pai, que seguiam para o Instituto Guanabara, em Brotas, onde o garoto realizava sessões com um fonoaudiólogo às terças e quintas.

"Quando ele apontou a arma para mim, eu levantei as duas mãos e falei que meu filho estava ali. Ele entendeu e apenas mandou eu acelerar. O mesmo fiz com a polícia, mas eles não sabem agir", lamentou Juarez, sob forte comoção. Natanael e o bandido foram socorridos para o Hospital Geral Roberto Santos, onde não resistiram aos ferimentos.