Agiota é preso por extorsão e ameaças de morte no Engenho Velho da Federação

Ronaldo emprestava dinheiro a juros de 30% e, junto com o irmão, que se passava por policial, ameaçava torturar e matar parentes caso a dívida não fosse paga

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  • Da Redação

Publicado em 28 de julho de 2017 às 17:40

- Atualizado há um ano

Acusado de agiotagem e suspeito de ameaças de morte contra parentes de pessoas que pediam dinheiro emprestado e tinham dificuldades para pagar, Ronaldo Nascimento Cerqueira foi preso pelo Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP). A prisão foi divulgada pela assessoria da Polícia Civil nesta sexta-feira (28). Segundo o delegado Adailton Adan, responsável pelo caso, o irmão de Ronaldo, Tarcísio Nascimento Cerqueira, que se passava por policial e faz parte do esquema, também está sendo investigado. 

Denunciados ao Ministério Público (MP), que encaminhou a investigação à Polícia Civil, os irmãos Ronaldo e Tarcísio foram conduzidos ao DCCP, na quarta-feira (26), para prestar esclarecimentos sobre as denúncias de vítimas, a maioria moradora do bairro do Engenho Velho da Federação, em Salvador. Segundo a Polícia Civil, os dois são acusados de ameaçar queimar parentes diante do devedor, caso não recebam a dívida, que chega a ter a cobrança diária de 10 por cento de juros sobre o que está atrasado. O dinheiro é emprestado a juros de 30%.

De acordo com Adan, a prática seria recorrente a todos os “clientes”, residentes no bairro do Engenho Velho, base de operação dos irmãos. Tarcísio, que se apresentava como policial, e o irmão já haviam sido denunciados por uma dona de casa na 7ª Delegacia (Rio Vermelho). Ela explicou, por exemplo, que em dezembro fez um empréstimo de R$ 3.250 com os irmãos e, em seis meses, a dívida triplicou, chegando a R$ 10 mil.

Ameaças e reincidênciaRonaldo e Tarcísio foram intimados pela 7ª Delegacia, compareceram à unidade e acabaram assinando um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), dando a impressão de que o caso estaria encerrado. Os irmãos, porém, continuaram com as ameaças, que, segundo a vítima, tornaram-se mais assustadoras, o que a levou a procurar o MP, que, por meio do Grupo Especial para o Controle Externo de Atividade Policial (Gacep), pediu providências à Polícia Civil.

As investigações, logo de saída, revelaram que Tarcísio nunca foi policial, sendo apenas um segurança, já aposentado por invalidez. Testemunhas ouvidas disseram que a prática de agiotagem se estendia a outros parentes dos irmãos e que muitos moradores do Engenho Velho, que se comprometeram com eles, acabaram se mudando do bairro, com medo das ameaças de mortes e outras represálias.

O delegado Adailton Adan ainda pretende ouvir outras testemunhas dos crimes praticados pelos irmãos, os quais terão as prisões preventivas solicitadas à Justiça. “O caso traz à tona apenas um exemplo do que os agiotas são capazes de fazer. As pessoas, por maiores que sejam as dificuldades, deveriam evitar recorrer a esta solução, pois elas nunca terão fim e podem ser trágicas”, advertiu o delegado, em nota divulgada pela Polícia Civil.