Agora no Goiás, Argel detona a diretoria do Vitória: 'muito cacique pra pouco índio'

Ex-técnico rubro-negro afirmou também que tinha funcionário que torcia contra o time só para vê-lo demitido e citou nomes

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  • Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2017 às 10:33

- Atualizado há um ano

Técnico responsável por comandar o Vitória de setembro do ano passado até 1º de maio deste ano, quando foi demitido às vésperas da final do Campeonato Baiano, Argel Fucks deu uma entrevista à Rádio Transamérica, na noite de terça-feira (25), na qual criticou duramente a diretoria e o modelo de gestão do Leão em 2017. O atual treinador do Goiás enalteceu os números obtidos por ele à frente do time e apontou também que muita gente no clube torcia contra o Vitória para que ele fosse demitido.Argel fez um comparativo da diretoria encabeçada por Raimundo Viana, que deixou o clube em dezembro de 2016, com a liderada por Ivã de Almeida, eleita na sequência. “Em 2016, deixado pelo doutor Raimundo Viana, pelo seu Manoel Matos, pelo seu Anderson Barros, pelo treinador que estava na oportunidade, que era eu, nós deixamos redondinho. O Vitória foi campeão baiano e cumpriu sua obrigação de ficar na primeira divisão do Campeonato Brasileiro com uma rodada de antecedência. E aí começou um ano diferente, onde tinha muita gente pra mandar e pouca gente pra obedecer. Era muito cacique pra pouco índio. E aí começou essa briga de vaidade. E essa briga de vaidade não chegava no grupo de jogadores porque eu protegia, eu blindava os jogadores dentro do vestiário, não deixava encostar ninguém”, disse Argel.Atual treinador do Goiás, Argel critica duramente a gestão do Vitória (Foto: Goiás EC/Divulgação)O treinador detalhou a crítica em outro trecho da entrevista: “O que faltou foi a política do Vitória pensar também no torcedor e ser um pouquinho mais profissional e deixar a vaidade de lado, de todos. A grande diferença do Vitória do ano passado para este ano é que, ano passado, a gente sabia que tinha um presidente, Raimundo Viana; um vice-presidente, Manoel Matos; um diretor de futebol competente, Anderson Barros. Começou o ano, era 50 gente (sic) querendo mandar no Vitória. Só que mandou depois que eu saí. Enquanto eu (não) saí, o grupo fechado comigo, era eu que protegia os jogadores, era a gente que trabalhava no dia a dia, era comigo”, apontou.Argel admitiu ter indicado “metade” dos jogadores que foram contratados para esta temporada – as contratações, 26 ao todo, são um dos pontos falhos da atual gestão -, mas ressaltou a diferença entre os resultados obtidos com ele e após sua saída. “O presidente fazia o trabalho dele, o Ivã. Sinval fazia o trabalho dele. Sinval indicou a metade dos jogadores, eu indiquei a outra metade. Mas como comigo o time fez 30 jogos e perdeu só três e depois que eu saí o time fez 18 jogos e ganhou só três? Nós deixamos o time a dois empates de se tornar campeão (baiano) invicto”, comparou, lembrando que o Vitória eliminou na Copa do Brasil “o Vasco da Gama completo, não o Vasco da Gama que foi jogar aí com seis desfalques”, cutucou. Com Gallo no comando, o time carioca goleou o Vitória no Barradão por 4x1 sem seus principais jogadores, como Nenê, Luís Fabiano e Douglas, pelo Brasileirão.

Argel comandou o Vitória em 42 jogos ao todo, sendo 28 neste ano, quando ganhou 21, empatou quatro e perdeu três. Em 2017, ele treinou o time no Campeonato Baiano, Copa do Nordeste e Copa do Brasil.Por fim, o ex-treinador afirmou que havia funcionários no clube que torciam contra o rubro-negro para vê-lo demitido e os citou nominalmente. “Tinha muitas pessoas dentro do Vitória esperando a gente perder. Tinha muito fogo amigo. O marketing é fogo amigo, seu Augusto (Vasconcelos) lá do jurídico, a dona Érica (Saraiva, coordenadora de comunicação), o seu Léo Amoedo (diretor de planejamento), o seu Armando Libório (diretor de marketing), todos contra. Torcendo pra gente perder para tirar o Argel. O problema é o Argel. Taí, saiu Argel, 18 jogos e ganhou três. O Argel estava, 30 jogos e perdeu três, perdeu uma só no Barradão. O tempo se encarrega de dizer quem está certo, quem está errado”, acusou. “O grupo de jogadores não era pra estar nessa situação. O problema político do clube é que está atrapalhando os jogadores. Agora já deu uma aliviada aí na pressão, na parte política. Ainda tem gente pra sair e essas pessoas que não saíram ainda deveriam ter vergonha na cara e pedir o boné e ir embora, porque elas só atrapalharam o Vitória”.CRISE EM CADEIAA demissão de Argel, em maio, foi só o início da crise administrativa e técnica vivida pelo Vitória atualmente. O técnico que o sucedeu, Alexandre Gallo, também já foi demitido, e Vagner Mancini assume nesta quarta-feira (26). O presidente Ivã de Almeida pediu licença de 90 dias e dois diretores de futebol deixaram o clube: Sinval Vieira e Petkovic. Além deles, o diretor jurídico Augusto Vasconcelos, citado por Argel, também saiu, assim como o diretor médico Gilson Meireles, que ficou conhecido por ter um áudio no WhatsApp vazado no qual afirma que não contrataria o meia Carlos Eduardo devido ao histórico de cirurgia no joelho. Em campo, o Leão é vice-lanterna do Campeonato Brasileiro, com 12 pontos após 16 rodadas.DEFESAO CORREIO tentou contato com a coordenadora de comunicação Érica Saraiva, o diretor de marketing Armando Libório, o diretor de planejamento Léo Amoedo e o ex-diretor jurídico Augusto Vasconcelos, mas eles não atenderam as ligações.[[saiba_mais]]