Agora vai: Baiana System e Pitty se encontram em festival no Centro de Convenções

Show aconteceria em janeiro, mas foi adiado por alta nos casos de covid

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 1 de abril de 2022 às 06:00

. Crédito: Foto: Murilo Amâncio/Deck / Divulgação

Quem já viveu a sensação de ter um grito entalado na garganta sabe o quanto é ruim. A certeza de que vai acontecer misturada com a possibilidade de algo dar errado e mudar os rumos é uma das indefinições mais gostosas e difíceis de se viver. Um grito de gol com o time amassando e precisando do 1x0, um grito de campeão, um grito de ‘consegui!’... ou um grito de 'vai rolar', como se aplica melhor nessa história.

O dia mais esperado do Circuito Musical Verão 22 era o dia 15 de janeiro, quando Pitty e BaianaSystem tocaram no mesmo palco montado no Espaço Marés, no Centro de Convenções de Salvador. A alta nos casos de covid-19 fizeram o evento, que já tinha público reduzido, ser adiado. Quase três meses depois e 'agora vai': no próximo sábado (2), os shows vão rolar.

Juntar Pitty e BaianaSystem criou uma expectativa grande na cidade, por serem artistas consagrados, de gerações e estilos diferentes, e aqui da terra, junto sem nosso microcosmo de Woodstock. A ansiedade chegou nos artistas também, como revela Robertinho Barreto, guitarrista do Baiana.

Desde o início da reabertura para eventos no Brasil, o BaianaSystem fez apenas dois shows, espaçados e com público ainda reduzido. Nenhum deles em Salvador, mas deu para quebrar o gelo e a banda se sente pronta para apresentar a turnê Sulamericano Show – Versão de Brasiliana e fazer a estreia ao vivo de músicas do disco OXEAXEEXU - lançado no Carnaval do ano passado - ao público soteropolitano.

“Especificamente pra mim, foi difícil ficar sem o retorno que o público sempre nos deu logo depois de lançarmos um disco ou trabalhamos um show novo. Ficar sem aquele termômetro do público nos deixou flutuando, com essa necessidade de voltar, estar aqui, botar o pé no chão bem firmado e voltar a tocar até pra gente voltar a se entender e seguir ?”, diz Roberto.  

Apesar da intensa interação com os fãs, ele reflete que só o show é capaz de oferecer a quentura e olho no olho. “Essa coisa do território compartilhado com o público que é muito presente pra gente em Salvador e que só temos frente a frente com o público”, completa.  O show do Baiana terá participação de Vandal, que praticamente já é membro fixo da banda, e também de Kiko MC, que reencontra o grupo com quem já fez muitas participações durante o início dos anos 2010. 

Já Pitty apresenta a nova turnê Matriz 3.0, que traz canções marcantes de sua trajetória e as novas do EP Casulo. Lançado em janeiro, o trabalho inaugura o selo homônimo, através do qual Pitty vai lançar projetos alternativos. Casulo, por exemplo, tem quatro faixas e contou com vários convidados. 

A programação de amanhã se completa com show da cantora Larissa Luz, que também vem com novidades: ela traz a Salvador a turnê do  recém-lançado EP Deusa Dulov Vol. 1, no qual fala de amor e relacionamentos da perspectiva de uma mulher preta. No domingo (3), é o trap quem vai tomar conta do palco com shows de Matuê, Teto, Não Pode Ser Nada e Guedez.  

O Futuro (Carnaval) Não Demora

Falar de BaianaSystem sem falar de Carnaval é quase impossível. Perguntado sobre o que deve ser quando a festa puder acontecer novamente, Robertinho não titubeou: “Vai ser muito explosivo”. E explicou sua certeza ao detalhar que sente, após tanto tempo de restrições, que as pessoas vivem uma necessidade de extravasar, colocando pra fora tudo que ficou preso durante os últimos dois anos.

“Sinto uma grande ansiedade ao mesmo tempo de uma vontade de extravasar, uma nova maneira de ocupar e estar nos espaços. A gente não sabe como serão as ruas, como serão os trios, os blocos, os blocos afro, as manifestações que estão ali, mas acredito que venha carregado com todo esse tempo que ficamos afastados”, disse.

Para Robertinho, o Carnaval é, ao mesmo tempo, uma manifestação individual e coletiva - um espaço onde um monte de gente pode explodir e ser o que quer para todo o mundo ver. Ou, em suas palavras, “um ponto alto de muitas coisas ao redor da cidade acontecendo e que no Carnaval explode, vira um acontecimento social”.

Até por essa explosão iminente, a banda vai bater o pé e continuar no Navio Pirata. No último Carnaval, em 2020, houve algumas críticas de que o trio, mais intimista e de tamanho reduzido quando comparado aos gigantes que circulam na festa, “tem muita ligação conosco e é um símbolo dessa proximidade das pessoas”.