Agressor de Bolsonaro é denunciado por crime contra segurança nacional

Segundo MPF de Minas, houve premeditação e motivação política no crime

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  • Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2018 às 13:46

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

O Ministério Público Federal de Minas Gerais (MPG/MG) denunciou nesta terça-feira (2) Adélio Bospo de Oliveira por praticar atentado pessoal por inconformismo político, crime previsto em lei no país. Adélio tentou matar o candidato à presidência Jair Bolsonaro em 6 de setembro, durante caminhada em Juiz de Fora. 

Se passando por apoiador, gritando palavras de ordem e afirmando que queria tirar uma foto com o candidato, Adélio se aproximou de Bolsonaro durante a caminhada da campanha, no dia 6 de setembro. Ao chegar perto, ele deu uma facada no abdome do candidato. A denúncia afirma que seu objetivo era tirar Bolsonaro da disputa à presidência.  “Vê-se que o denunciado cometeu o crime mediante insidiosa dissimulação, a qual dificultou a defesa do ofendido, mesmo estando o deputado federal sob imediata proteção de escolta policial”, diz trecho da denúncia.

Os depoimento de Adélio mostram que ele planejou a ação criminosa, diz o MPF. Adélio contou que teve a ideia de atacar Bolsonaro quando soube pelos jornais da visita da campanha a Juiz de Fora. Contudo, a investigação mostrou que já em julho deste ano ele se cadastrou em um clube de tiros em Florianópolis (SC), onde praticou tiro no mesmo dia em que um dos filhos de Bolsonaro estava na cidade para fazer um treinamento no mesmo local.

No celular dele, havia também uma foto de um outdoor com a data de visita de Bolsonaro a Juiz de Fora. Ele também estudou a agenda do candidato na cidade e passou pelos locais onde Bolsonaro iria de maneira antecipada. Ele tirou fotos e fez vídeos nos pontos por onde passaria a caminhada, demonstrando o planejamento para a ação.

Motivação política Segundo o MPF, é claro que o atentado teve motivação política. O histórico do agressor é de militância política, sendo filiado ao PSOL por sete anos, quando tentou ser candidato a deputado federal. Ele já estava desfiliado do partido quando agrediu Bolsonaro. Nas redes sociais, ele chamava políticos de inúteis e pedia que o presidente Michel Temer renunciasse. Havia várias postagens contra Bolsonaro em sua conta. 

“Adélio Bispo de Oliveira agiu, portanto, por inconformismo político. Irresignado com a atuação parlamentar do deputado federal, convertida em plataforma de campanha, insubordinou-se ao ordenamento jurídico, mediante ato que reconhece ser extremo”, continua a denúncia.

Para o MPF, a tentativa de assassinato cometida por Adélio "expôs a grave e iminente perigo de lesão o regime democrático; produziu risco sério e palpável de distorção no regime representativo, consistente na perspectiva de privação, à força, da possibilidade de milhões de eleitores sufragarem as ideias e propostas com as quais se identificam". Além disso, causou dano real à campanha de Bolsonaro e também gerou mudança para os concorrentes. "De outra parte, no plano concreto, a conduta provocou lesão real e efetiva ao processo eleitoral, ao afastar o candidato Jair Bolsonaro da campanha nas ruas, talvez definitivamente, e ao exigir a reformulação das estratégias dos concorrentes”, diz.

Caso condenado, Adélio pode ficar preso de 3 a 10 anos, pena que pode ser dobrada em razão da lesão corporal grave.