Água mineral lucra e reverte R$ 3 mi para levar água ao Semiárido

O primeiro negócio 100% social da Ambev leva água para 35 mil pessoas em comunidades rurais no Nordeste

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 16:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

No fim de 2015, a Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) iniciou um novo projeto para expandir seus programas de preservação e uso consciente de água. Surgia a proposta de comercializar uma água mineral engarrafada, com 100% dos lucros investidos no acesso à água potável: a AMA. Como negócio social, todo o lucro com a venda da AMA passou a ser revertido para a construção de sistemas que levam água de qualidade para as famílias que vivem no semiárido brasileiro.

 Com a AMA, onze comunidades no Ceará, Piauí e Bahia já receberam sistemas de captação de água, além de uma usina gerada por energia solar para distribuição a um baixo custo. Depois de entregues, os sistemas são geridos pelos próprios moradores, que recebem todo o suporte técnico necessário e o estímulo para o desenvolvimento sustentável da comunidade.

“Imagine abrir a torneira de casa e não ter água para escovar os dentes, tomar banho ou mesmo beber. Para conseguir água potável será necessário caminhar por seis horas. Essa é realidade de muitos no semiárido brasileiro e não podíamos ficar de braços cruzados diante dessa realidade”, diz Carla Crippa, diretora de sustentabilidade da Cervejaria Ambev e uma das idealizadoras de AMA.

Ela salienta que muito ainda há por fazer. “Temos um desafio enorme pela frente, mas sabemos que um importante passo já foi dado para mudar a realidade dessas pessoas. Para continuar precisamos que mais consumidores se envolvam e entendam que quando você escolhe AMA ajuda a levar água para quem mais precisa”, reforça.

Na Bahia, a primeira cidade beneficiada foi Seabra, especificamente a comunidade de Mocambo, que recebeu um poço fundo que está ajudando a levar água encanada às casas das pessoas por um modelo de gestão comunitária (Central) e instalação de placas solares para baratear custos com energia para distribuição da água.

Desenvolvimento Social

As soluções variavam de acordo com cada caso e incluíam a perfuração de poços profundos para captação de água, placas solares para baratear o custo de distribuição e também garantir a sustentabilidade ambiental, revitalização de sistemas de distribuição que estavam inoperantes, construção de cisternas em escolas, juntamente com sistemas de reuso de águas cinzas, manejo de hortas e capacitações em meio-ambiente, recursos hídricos e manejo de hortas e sistemas de reuso. 

Atualmente são 29 projetos no Ceará, Piauí, Bahia, Paraíba e Pernambuco, realizados em parceria com a Fundação Avina, organização não-governamental focada em desenvolvimento sustentável. Em cada comunidade é feito um diagnóstico para entender a causa principal do problema e como ajudar. As soluções são implementadas com o envolvimento dos parceiros locais e das comunidades, visando à sustentabilidade do sistema e também à conscientização da população quanto ao uso e aos cuidados com a água.

Com água limpa chegando em cada casa das comunidades, a realidade dos moradores começou a mudar e eles puderam dedicar seu tempo a atividades que geram renda, como o artesanato. “Primeiro, levamos água limpa e agora queremos ajudá-los a criar empregos, renda e a preservar a cultura nativa do trabalho com a carnaúba. O trabalho realizado com as comunidades do Ceará é um bom exemplo do que é possível conquistar quando as pessoas têm o básico”, comemora Carla.

Artesanato típico 

No início de 2018, a AMA – em parceria com A CASA Museu do Objeto Brasileiro - iniciou um trabalho de capacitação e inovação do artesanato feito com palha de carnaúba com cerca de 90 artesãs em Sítio Volta, Sítio Caiçara e Santa Luzia, além das cidades vizinhas Itaiçaba e Palhano. Sítio Volta e Sítio Caiçara, no município de Jaguaruana foram as primeiras comunidades atendidas pelo negócio social.

No local, a marca de água construiu poços profundos e sistemas de distribuição de água gerados por energia solar. No trabalho de capacitação, as artesãs aprenderam sobre processo de criação e precificação das peças e participaram de oficinas de trançado, tingimento e costura.

As artesãs de Jaguarana mostraram, em São Paulo, que com a questão da água resolvida, a comunidade poderia partir para novos processos de geração de renda por meio da carnaúba (foto: Divulgação) O resultado da capacitação surgiu na apresentação de bolsas, mesas, luminárias, pufes, cestos, tapetes e outros objetos exclusivos, feitos manualmente pelas moradoras do Vale do Jaguaribe, a cerca de 180 quilômetros de Fortaleza, Ceará. O talento de artesãs que trançam com maestria a palha de carnaúba, árvore nativa do semiárido, ganhou uma exposição: A Casa AMA Carnaúba, em São Paulo.

“Em alguns desses locais, as artesãs restringiam sua produção a chapéus e vassouras. A partir desse trabalho, em pouquíssimo tempo, elas se aperfeiçoaram e expandiram sua produção, multiplicando sua cartela de produtos e, consequentemente, seus retornos”, finaliza o curador Renato Imbroisi.