'Aguardamos resposta da PM', dizem filhas de artista plástico morto por policiais

Vídeo foi divulgado nas redes sociais para marcar os 60 dias do assassinato de Nadinho 

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  • Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2018 às 03:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

“Estamos aqui hoje para dizer que a nossa luta continua, que não paramos e nem vamos parar. Já tivemos resposta da Polícia Civil. Agora aguardamos a resposta da Corregedoria da Polícia Militar”. Este é um pedido emocionado de duas das filhas do artista plástico Manoel Arnaldo dos Santos Filho, 61 anos, em vídeo divulgado nesta quinta (21), dia em que sua morte completa 60 dias. 

Os três policiais militares envolvidos na ocorrência que acabou na morte do idoso foram indiciados na semana passada por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Segundo o delegado que investigou o caso, Marcos Laranjeiras, Edvaldo Nunes de Almeida, Leandro Santos Xavier e Dinalvo do Santos Paixão atingiram Nadinho com um tiro nas costas. 

Numa primeira versão do crime divulgada pela Polícia Militar foi afirmado que Nadinho estava armado e que tentou atirar contra os policiais. A versão não foi comprovada e os policiais admitiram não ter certeza se o homem carregava um revólver nas mãos. 

“Nós temos sofrido muito na luta de inocentar um inocente. É muito difícil, paramos as nossas atividades para viver essa luta Só queremos pedir a resposta, só queremos a Justiça. Só queremos pedir isso, nós dêem uma resposta precisamos viver”, disse Maraise Marinho, uma das filhas de Nadinho, em outro trecho do vídeo. 

“Esperamos por resposta porque a morte de meu pai não pode ficar impune. Todos por Nadinho. Todos por Justiça”, finalizou Marise na gravação. 

Comoção  A morte do artista plástico no município de Candeias causou comoção a cidadãos e autoridades do município. Diversas manifestações foram realizadas e com a visibilidade alcançada pelo caso, a família de Nadinho conseguiu ser recebida pelo Comandante Geral da Polícia Militar, coronel Anselmo Brandão, e pelo Secretário da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Maurício Barbosa. Ambos prometeram rigor na apuração. 

O artista plástico Manoel Arnaldo Filho morreu após ser baleado durante uma ação da Polícia Militar dentro de seu ateliê, na noite de 21 de abril deste ano, em Candeias. Segundo os familiares da vítima, PMs entraram no imóvel e já chegaram atirando no homem, que estaria desarmado e desenhando.

Em nota, a PM afirmou, inicialmente, que a morte aconteceu no bairro Santo Antônio, por volta das 20h, após equipe de militares da Operação Força Tática de Candeias receberem um chamado através do Centro Integrado de Comunicação (Cicom), informando que um homem havia invadido uma residência no bairro.

A PM informou que duas equipes estiveram envolvidas nessa ocorrência, cada uma composta por três policiais militares. "Entretanto, apenas uma estava no momento da abordagem do imóvel, a outra equipe chegou em apoio momentos depois", destacou a corporação.

"Ao chegarem no endereço informado, as equipes policiais bateram à porta do imóvel e identificaram-se como policiais militares, contudo o homem que apareceu em uma das janelas recepcionou os policiais empunhando e apontando uma arma de fogo contra os integrantes das guarnições e, segundo o relato dos próprios policiais, teria acionado duas vezes a tecla do gatilho da arma, mas a munição teria falhado. Frente à iminente ameaça, os policiais alvejaram o homem com dois disparos, um atingiu o braço e outro, o tórax", afirmou a PM, em nota.  

A família negou que isso tenha ocorrido. "Eles entraram na casa e plantaram uma arma. Ainda disseram que meu tio tinha pólvora na mão, mas ele não atirou. Era um homem de bem que não tinha nenhum envolvimento. Ele morava nessa casa desde pequeno", complementa o sobrinho.