Alcione celebra vida e carreira no show Eu Sou A Marrom, na Concha

Aos 70 anos, cantora comemora reconhecimento dos fãs cada vez mais jovens

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  • Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2018 às 05:50

- Atualizado há um ano

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É reafirmando seu lugar no samba e toda a trajetória construída ao longo de 45 anos de carreira que a cantora Alcione chega neste fim de semana  Salvador com o show Eu sou A Marrom. Da última vez que esteve na Concha Acústica, há um ano, a maranhense lotou o espaço, que comporta cerca de cinco mil pessoas. Agora, ela volta disposta a repetir o feito.

 "Amo Salvador e a Bahia.  E tenho a honra de ostentar o título de Cidadã Soteropolitana, doado por essa gente amorosa, generosa, acolhedora", comenta. O carinho pela cidade é tão grande que recentemente a cantora gravou uma nova versão de O Mais Belo dos Belos,  grande clássico do axé, para a trilha da novela Segundo Sol.

"Por sorte, em meu show, atualmente, tenho algumas canções que remetem ao universo baiano como a música que estou interpretando na trilha da novela", comemora. Além da série de shows, o projeto multimídia Eu Sou A Marrom inclui ainda a gravação de um DVD e de um documentário, além de um musical sobre a vida e carreira da artista que completou 70 anos em 2017. 

Para ela, os "70 são os novos 40". Prova disso é o envolvimento em tantos projetos que têm renovado sua carreira. E ela já tem planos para o ano que vem. Vai desfilar como Dandara pela Mangueira no Carnaval 2019. "Nunca pensei que pudesse ultrapassar a marca de quatro décadas de maneira tão gratificante. Adoro cantar, é o meu ofício. ..e ainda sou paga pra isso. Mas jamais  imaginei que chegaria a um momento tão emblemático: reconhecida pelos fãs, e contando com  o aplauso de um público tão fiel e imenso", diz. 

Mas além de manter fãs há mais de 40 anos, ela também tem conquistado jovens de menos de 30, que aprenderam a cantar seus sucessos com as gerações anteriores. "Isso é uma realidade que tenho constatado em meus shows, por todas as partes do país. Existem muitos jovens interessados não apenas no trabalho de Alcione mas, também, em conhecer as obras dos grandes baluartes de nossa música", considera.

E ela também tem estado de olho no que as gerações mais novas de músicos do Brasil têm produzido. Uma delas, a cantora Iza, a deixa perplexa. "Sempre comentei sobre os "meus filhos" Mart`nália e  Diogo Nogueira, e tantos outros jovens talentosos. Mas, agora, surgiu esta moça, a Iza. É incrível, canta muito e, ainda por cima, é linda. Foi uma grata revelação da música brasileira, nesses últimos tempos. Mas o  país é um celeiro inesgotável de talentos...".

Além dos shows da turnê, você prepara o lançamento de um musical e um livro, que contarão sua trajetória, um documentário, que terá imagens de seus shows e do seu cotidiano, e um disco ao vivo. Em que fase de desenvolvimento está cada um desses projetos?

Cada um está caminhando  "a seu tempo", seguindo as orientações de cada  uma das produções  específicas. Alguns dos responsáveis comentam detalhes, informam à minha equipe sobre o andamento das questões. Mas tenho confiança neles, sei que o trabalho será muito bem feito, e os resultados emocionantes ...para mim e para o  público.  Em show semana passada em Porto Alegre, você homenageou dois grandes parceiros: Dona Ivone Lara, falecida em abril deste ano, e Emílio Santiago. Como é essa homenagem e porque lembrar os dois no palco? São dois grandes ícones da música brasileira. Emílio era um irmão, um amigo extremamente querido, o conheci na época em que ainda cantávamos na noite. Foi um baque pra todos nós a sua "passagem"  precoce e inusitada. Dona Ivone foi uma precursora, uma guerreira que conseguiu, com seu extraordinário talento, vencer as barreiras do machismo que sempre permearam as rodas de samba e as alas de compositores das escolas .  Recentemente, você viralizou nas redes sociais pelo vídeo em que aparece cantando e dançando com a ministra Carmen Lúcia, do STF. Como recebeu a repercussão desse registro? Pensou que fosse fazer tanto sucesso? Fui convidada para ir a um seminário em prol  das mulheres. E também prestei meu depoimento, lembrando figuras históricas e que nem sempre são valorizadas  pelo simples fato de serem  do sexo feminino.  A Princesa Isabel, Dandara, mulher de Zumbi, que sempre foi tão guerreira quanto ele, e nomes mais recentes em nossa história, como os da própria Ivone Lara,  de Leci Brandão, e da Marielle Franco, dentre tantas outras.  Aliás, fui convidada pelo carnavalesco da Mangueira para encarnar a Dandara, durante o carnaval de 2019, na Sapucai. Quanto às juízas, independentemente de suas posições políticas, chegaram a postos jamais ocupados por outras mulheres. A intenção, no seminário, era propor caminhos para  auxiliar  mulheres,  a todas elas, em suas lutas diárias. E foi um encontro  ocorrido em hora muita propícia porque,  infelizmente,  o número de feminicídios  e agressões às mulheres está aumentando de forma assustadora.   Seu público tem se renovado bastante. Eu, por exemplo, que tenho 28 anos, ouvia suas músicas porque minha mãe, tias e avó lhe escutavam muito. E hoje sou uma das suas fãs. Como vê esse movimento? E ao que você atribui essa longevidade da sua carreira e sucesso? Isso é uma realidade que tenho constatado em meus shows, por todas as partes do país. Existem muitos jovens interessados não apenas no trabalho de Alcione mas, também, em conhecer as obras dos grandes baluartes de nossa música. E você falou tudo,... geralmente, isso se deve aos pais e  às gerações anteriores, mais veteranas, de fãs , que fazem questão de  "mostrar"   nossas canções  aos  mais jovens. Não é assim que se constitui um patrimônio cultural, de geração em geração? Com a música não é diferente...E muito obrigada por tê-la como uma das minhas fãs... e, naturalmente,um obrigada  extensivo à mãe, tias e avó  que tornaram isso possível (risos).Falando em novas gerações, queria saber quais artistas tem chamado sua atenção atualmente. No Instagram, você teceu grandes elogios a IZA, ao que ela retribuiu, mas quem mais tem chamado sua atenção?  Tem muita gente boa por aí....Sempre comentei sobre os "meus filhos" Mart`nália e  Diogo Nogueira, e tantos outros jovens talentosos. Mas, agora, surgiu esta moça, a Iza. É incrível, canta muito e, ainda por cima, é linda. Foi uma grata revelação da música brasileira, nesses últimos tempos. Mas o  país é um celeiro inesgotável de talentos...

SERVIÇO O QUÊ: Eu Sou A MarromQUANDO: 22 de setembro (sábado), às 19hONDE: Concha Acústica TCAINGRESSOS:  R$ 100/ R$ 50 Vendas: Na bilheteria do TCA, no site ingressorapido.com.br , SACs dos shoppings Barra e Bela Vista  Censura: 14 anos