Além do queijo coalho: veja petiscos que fazem sucesso nas praias

Conheça as delícias do Porto da Barra e de São Tomé de Paripe

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  • Rafaela Fleur

Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 08:00

- Atualizado há um ano

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A pititinga de Alex

Bem sequinho e crocante: assim é o montinho pititingas fritas que vem na bandeja de isopor (R$ 10) vendida por Alex, 28 anos, pelas areias de São Tomé de Paripe. Juntando vinagrete com coentro, farofa e pimenta, o peso médio de cada porção é de 300 gramas.  O pratinho de pititinga com salada, farofa e pimenta de Alex: crocante em São Tomé de Paripe (Fotos de Renato Santana / Divulgação) Cadastre seu e-mail e receba novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração e o melhor de Salvador, toda semana:

O segredo? Segundo ele, que cuida de tudo, desde a compra dos peixes até a venda para os clientes, é a dedicação. E um segredinho na hora de fritar, que ele faz questão de guardar. “Tempero quinta de noite com limão, vinagre, ervas e sal. Escorro e boto na geladeira. Sexta levanto 6h da manhã, faço o resto das coisas e frito. Empano com farinha de trigo, mas tem que saber fritar, senão fica mole”, conta Alex, apelido de Alexsandro Vasconcelos.  O convívio com os clientes é bom. “Tem gente gaiata, mas também tem quem dá conselho. Me dizem para eu estudar. Mas eu gosto de meu trabalho, faço com carinho. Sonho em ter uma barraca de praia ou bar”, conta o rapaz, que faz questão de dizer que foi o primeiro por ali a investir na iguaria, da qual vende entre 40 e 50 pratinhos por dia, de sexta a domingo: “comecei há dois anos, antes eu vendia passarinha. Mas ainda vou inventar outra coisa para vender...”.Ele mora em Praia Grande com os pais, com quem aprendeu a cozinhar. A mãe também vendia peixe na praia, mas já se aposentou. O pai ainda se aventura nas areias com amendoim torrado. Alex largou a escola no 2º ano do ensino médio para trabalhar, na época como ajudante de pedreiro. 

Os croquetes e as coxinhas de Rosa

Impossível não babar na bandeja cheia de croquetes e coxinhas que passam para lá e para cá nas mãos de Rosângela Dias, 64, vulgo Rosa. Os primeiros têm massa de aipim e recheios de carne seca, frango, carne do sol ou bacalhau. A coxinha é de frango com soja, bem temperada. Ambas as delícias são crocantes. “Na hora de misturar, eu peço ajuda ao Senhor. Fica crocante porque Deus que bota assim”, desconversa. Cada salgado custa R$ 3 e ela chega a vender 500 unidades no fim de semana.  As coxinhas e croquetes de aipim de Rosa fazem o maior sucesso em São Tomé Os quitutes são fritos na hora e saem quentinhos. Tudo começou quando a niteroiense veio parar em Salvador, acompanhando um marinheiro baiano de quem engravidou, há 43 anos. O marido, com quem ela teve quatro filhos, morreu há mais de 20 anos. “Era muito comum venderem bolinhos na praia no Rio. Mas ninguém fazia aqui”, conta Rosa, que tem o maior orgulho dos salgados.

Ela recorda que aprendeu os segredos das frituras com a mãe, que trabalhava com encomendas. “Viví muito bem, tive mordomia. Hoje até sem dente estou. Sonho em ter minha fábrica em casa, ter uma máquina de enrolar salgados”, lamenta ela, que mora em Vista Alegre e vai para São Tomé de sexta a domingo.

O escondidinho de Martinha Quem frequenta o Porto da Barra, quando escuta o ‘psiu, psiu, psiu’ já sabe que ela está vindo. Na base dos gritos e dos bordões, Martinha anuncia que chegou o abará temperado e o escondidinho de aipim. Com nove anos de praia, a vendedora chega, todo santo dia, às 14h e é recebida que nem celebridade, com beijos e abraços. “Quando você faz as coisas com amor, as pessoas reconhecem. Por isso ele faz sucesso”, garante.    O escondidinho é o carro-chefe de Martinha: todos os dias no Porto da Barra ‘Ele’, no caso, é o escondidinho. Feito com purê de aipim, o prato, além da carne do sol, leva calabresa, ambos fritos. “Tudo na margarina né, amor? Porque manteiga é muito caro”, explica. O prato é vendido por R$ 10 e vem em uma caixinha de isopor. A porção é generosa: Martinha só leva 35 unidades por conta do peso. “Carrego tudo sozinha. Só não vendo mais porque não tenho carro”, esclarece ela, que ainda coloca na caixa térmica 60 abarás (R$ 5), fora os acompanhamentos. 

Martinha garante que volta para casa todos os dias com o estoque zerado, porém demora para vender. O motivo? Cerveja e bate-papo. “Fico conversando, a hora passa e eu nem vejo. Também tomo várias. Uma, duas, três. Nesse calor não dá pra segurar”, admite.

O quibe de Creuza No Porto da Barra é assim: só toma cerveja sem comer petisco quem quer. A regra vale desde 1990, quando Creuza da Silva abandonou as terras de Brumado, no interior da Bahia, para se tornar, segundo ela, a primeira vendedora ambulante da praia soteropolitana.  Desiludida após ser abandonada pelo noivo, Creuza encontrou nas areias do Porto o seu lugar. Sozinha e sem nenhuma família na capital, começou a vender coxinha e saltenha. Pouco  depois, incluiu o quibe no cardápio e o petisco se tornou seu carro- chefe. Desde então, ela leva todas as tardes cerca de 100 unidades  e vende todos. Os cervejeiros de plantão são os mais apaixonados.    O quibe de Creuza vende mais de 100 unidades no Porto, todas as tardes Feito de carne moída temperada com hortelã e triguilho,  o salgado leva um  toque  do cominho. O resultado é um quibe frito, crocante e sequinho, vendido há anos por R$ 5. Apesar de conhecer todo o processo, a iguaria   fica por conta de uma dupla de fornecedores: Kátia e Eduardo. “Sou péssima com isso de nome, sobrenome então, piorou. Com cliente é a mesma coisa, tem gente que vi crescer mas não sei nem o apelido”, conta Creuza. Porém, isso nunca a impediu de fazer barraco em caso de calote. Se precisar, chama até a Polícia. Em julho, Creuza faz 60 anos e está perto de se aposentar. Mas garante que o quibe, assim como ela, vai continuar firme e forte.