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Editorial
Publicado em 18 de novembro de 2018 às 05:00
- Atualizado há um ano
No sábado passado, um passeio de stand up paddle, iniciado no Porto da Barra, em Salvador, terminou com duas pessoas à deriva, por 18 horas. Embora dramático, o acidente teve um final feliz, mas nem por isso deixa de servir como alerta para os riscos que envolvem essas atividades vinculadas ao Verão. A falta de regulamentação (ou fiscalização, a depender da atividade), o despreparo dos que alugam equipamentos à beira-mar, a falta de conhecimento da população e a frequente associação entre ingestão de bebidas alcóolicas e lazer marítimo compõem um cenário perigoso e que precisa da nossa atenção.
A Bahia tem uma orla marítma de 1.233 km, sendo que, na capital baiana, são cerca de 50 km de praias envolvidas pela Baía de Todos-os-Santos. Esta, a segunda maior baía do planeta. Esses dados que nos enchem de orgulho e nos oferecem imensas possibilidades de lazer são, por outro lado, um grande desafio para as entidades responsáveis por cuidar da segurança de banhistas e praticantes de esportes náuticos. Com a chegada do Verão e consequente aumento da nossa população flutuante, a situação se agrava e, a cada ano, a Capitania dos Portos assume: não tem estrutura para fiscalizar uma costa dessa extensão.
Sim, há a responsabilidade do poder público que precisa buscar a estruturação necessária para que possa fazer frente ao que demanda a nossa realidade. Mas há outros compromissos a serem selados. Nas atividades regulamentadas, por exemplo, o cumprimento das regras é o que, minimamente, se espera da população. Não é à toa a exigência de habilitação específica para a condução de barcos e motos aquáticas, por exemplo. Na formação desses condutores, há todo um percurso a ser cumprido para que cada um seja capaz de evitar acidentes, assim como minimizar o impacto de situações inesperadas, tão frequentes no mar. De acordo com informações da Marinha, a principal causa dos acidentes em embarcações de esporte e recreio é a falha humana Na falta de uma legislação específica, como é o caso do stand up paddle, cabe o bom senso. Tanto dos empresários que alugam o equipamento quanto dos banhistas que precisam se informar sobre as condições do mar que irão enfrentar, utilizar o equipamento de segurança disponível, ter especial atenção quando do envolvimento de crianças na atividade e jamais associar a ingestão de bebida alcoólica com o lazer aquático. Vale salientar que, no caso que citamos acima, ocorrido na semana passada, entre os três praticantes de SUP, apenas um optou por usar o colete salva-vidas.
De acordo com informações da Marinha, a principal causa dos acidentes em embarcações de esporte e recreio é a falha humana. E é fácil entender o porquê. A frequência com que vemos ações imprudentes como a aproximação excessiva de barcos que chegam a encostar na areia para embarque e desembarque de passageiros, a superlotação nos passeios de barco, a dificuldade de acesso aos coletes em muitas embarcações, o tráfego veloz de motos aquáticas perto de banhistas e a inabilidade de pessoas na condução de SUP e caiaques já são situações suficientes para transformar lazer em tragédia. É preciso que todos tomem consciência, mas, principalmente, que o cidadão entenda seus limites e possibilidades também no lazer. Ter conhecimento das próprias condições físicas, buscar informações, observar as condições de serviços contratados e se preparar para a atividade pretendida são atitudes que podem salvar vidas.
A palavra é “responsabilidade”. O lazer não exime ninguém dessa postura que deve permear todos os momentos. Mesmo no Verão, inclusive na praia, também na Bahia que tanto nos convida à felicidade. Esta, que pode ser muito mais plena se todos optarem por não correr riscos desnecessários. E, no nosso tema, em especial, se todos entenderem que é imprescindível respeitar o mar. Ainda que ele pareça manso, na superfície. Ainda que seja um velho conhecido. É preciso sempre estar atento a essa imensa e poderosa força que muito nos acalenta, mas também pode matar.