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João, o Maestro se "perde" ao abordar três fases da vida do maestro, sem se aprofundar em nenhuma delas
Roberto Midlej
Publicado em 17 de agosto de 2017 às 06:05
- Atualizado há um ano
Alinne Moraes é Carmem, atual esposa do maestro (foto/divulgação) A história de superação de João Carlos Martins é de conhecimento de boa parte dos brasileiros. Ainda menino, antes mesmo de completar dez anos de idade, seu talento como pianista impressionava. Quando iniciava a vida adulta, já era apontado como um dos maiores talentos da música clássica internacional e um dos melhores intérpretes de Bach (1685-1750) no mundo. Mas, a promissora carreira foi interrompida precocemente por um acidente durante uma partida de futebol, que prejudicou o movimento de uma das mãos. Persistente, voltaria a tocar piano, mas novos (e graves) problemas surgiriam: uma embolia, um câncer, um ataque em um assalto que também prejudicaria seus movimentos... Ainda assim, ele não desistiu e tornou-se maestro já aos 64 anos.
Com tantos elementos dramáticos, a vida de João Carlos Martins já era um roteiro pronto. Um dia, após assistir a um concerto regido pelo ex-pianista, o cineasta Bruno Barreto (irmão da produtora do filme, Paula Barreto) entrou no camarim e comunicou-lhe a ideia de realizar um filme sobre a vida dele.
O resultado chega aos cinemas: João, o Maestro, produção da LC Barreto (O Qué é Isso, Companheiro?/1997), tem Alexandre Nero no papel do pianista na fase mais velha e direção de Mauro Lima, o mesmo de Tim Maia (2014). “Me tornei um biógrafo de cinema por consequência dos meus próprios filmes. De toda forma, tenho um fraco por filmes ‘baseados em fatos reais’”, diz o diretor.
O problema é que, com uma história real repleta de acontecimentos relevantes, Mauro Lima caiu na tentação de contar tudo e acabou meio perdido. Talvez fosse melhor concentrar-se num momento da vida de João Carlos e se aprofundar ali, em vez de querer dar conta de tanta coisa.
O filme retrata três fases de João Carlos: a infância, o início da vida adulta e a fase mais madura, que conta com o melhor intérprete do maestro no filme, Alexandre Nero. Mas a presença de Nero, um dos melhores atores do país, acaba desperdiçada, já que ele aparece sé na segunda metade.
O diretor, porém, tem uma virtude ao se livrar de outra tentação: a de não deixar a história, tão dramática, cair na pieguice. E talvez, por isso mesmo, o filme tenha ficado um pouco frio. Mas só a possibilidade de ouvir as peças de Bach (as gravações são originais, feitas por João Carlos) em uma boa sala de cinema já valem o ingresso.
Cotação: regular
Alexandre Nero interpreta João Carlos Martins na fase mais madura do pianista. Em conversa com o CORREIO, o ator fala sobre como construiu seu personagem e sobre a conhecida personalidade obsessiva do músico.
Você teve contato com João Carlos para criar o personagem? Procurou “imitá-lo”?
A gente sempre se preocupou em não tentar imitar o João e o Mauro nos disse isso desde o começo. Meu primeiro contato foi por telefone e logo me chamou a atenção seu sotaque carregado, de paulistano dos anos 50. Pude estar com eles em vários outros momentos e, no final, a gente acabou reproduzindo o sotaque, algumas características dele, mas muito mais como homenagem do que na tentativa de imitá-lo.
Você considera João Carlos um obsessivo pela profissão, pela música?
Esse lado obsessivo é uma característica marcante da personalidade do João, sem dúvida alguma. Mas também foi ela que o fez conseguir se reinventar tantas vezes. É difícil imaginar como alguém que alcançou o auge do sucesso trabalhando com as mãos foi capaz de se reerguer depois dos problemas que atingiram justamente as suas mãos.
Você é músico. Isso deixou você mais à vontade para interpretar o personagem? Tocou piano? Já tinha “intimidade” com o instrumento?
Por ser músico, por ter um conhecimento técnico de música, consigo pegar mais fácil e rapidamente os tempos das músicas do que uma pessoa que não tenha essa intimidade. E essa intimidade fez com que eu percebesse que, por mais aulas de piano que tivesse, seria totalmente impossível tocar perto do que o João Carlos Martins tocou. Lembrando ainda que não estamos falando de um pianista qualquer, mas de alguém que toca com uma velocidade impressionante. Então a gente decidiu pensar numa coreografia das mãos, do corpo, mexer os dedos e as mãos como num balé, mesmo. Eu sou músico, o Mauro Lima também e o João estava sempre por ali, fiscalizando tudo (risos).
A capacidade de João Carlos Martins em superar tantos problemas e adversidades impressiona você?
O filme mostra não apenas esse lado da superação impressionante, como também a relação intensa e bonita que ele sempre teve com a música. Essa energia, essa paixão que ele tinha como músico está em todos os projetos do João.
Horários de exibição:
UCI Orient Shopping da Bahia 12 13h10 | 15h40 | 18h10 | 20h40 UCI Orient Shopping Barra 7 (delux) 14h30 | 17h | 19h30 | 22h Cinépolis Bela Vista 8 13h | 15h50 | 18h40 | 21h20 Cinemark 9 14h30 | 17h10 | 19h45 | 22h20 Espaço Itaú Glauber Rocha 2 18h Espaço Itaú Glauber Rocha 3 13h30 | 15h50 | 20h30