Allan do Carmo fala sobre vida no Rio e caminho para Tóquio-2020

O nadador tenta carimbar vaga em sua terceira Olimpíada na maratona aquática

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  • Giuliana Mancini

Publicado em 11 de janeiro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA

Allan do Carmo tentará, neste ano, disputar sua terceira Olimpíada na Maratona Aquática. Após participar de Pequim-2008 e Rio-2016, o nadador de 30 anos tenta uma vaga em Tóquio-2020. Para isso, precisa avançar em duas seletivas, uma nacional e outra internacional. Com isso em mente, se mudou em setembro passado para o Rio de Janeiro e passou a treinar com Fernando Possenti, o mesmo treinador da também baiana Ana Marcela, no Complexo Aquático Maria Lenk.

O que ficou diferente em sua rotina com a mudança ao Rio de Janeiro? Mudou toda a minha rotina. Hoje, treino com a estrutura do Time Brasil, do Comitê Olímpico do Brasil. E agora estou morando só, enquanto, em Salvador, vivia com meus pais. Tenho que cuidar da minha alimentação, da casa... Mas moro em frente ao Parque Aquático, então vou andando. Isso é bom. Não uso mais carro. Em Salvador, perdia muito tempo no trânsito, hoje posso usar esse tempo para descansar. A qualidade de vida está melhor nesse sentido. Em termos de treino, a rotina está parecida. Com a diferença que, antes, eu fazia primeiro a parte física para, depois, entrar na água. Hoje é o inverso.

Este ano tem a Olimpíada de Tóquio e você ainda precisa conquistar a vaga. Como será o caminho até lá? Serão duas seletivas. A primeira é nacional, no dia 11 de abril, na Praia de Inema. Dois brasileiros avançam para a seletiva internacional, dia 30 de maio, em Fukuoka, no Japão. Nesta, é preciso estar entre os 10 primeiros para ir a Tóquio-2020, e só há vaga para um brasileiro.

Acredita que leva alguma vantagem para a seletiva nacional, já que será em casa, na Praia de Inema? É uma prova tradicional no calendário, que todo mundo já nada, já conhece. Então, os nadadores já estão acostumados. E, na maratona aquática, todo dia é uma surpresa. Há condições diferentes, não sabemos como será a prova previamente. Eu sinto que estou adaptado ao clima de Salvador e, nesse aspecto, me ajuda, mas é uma mínima vantagem. O que faz a verdadeira diferença é o treino do dia a dia, o preparo. Nisso, estou tranquilo, a consciência está boa.

Faltam três meses até a seletiva nacional. Como vai ser a reta final da preparação? Algo especial? Eu treino, agora, até o dia 10 de fevereiro no Rio de Janeiro. Depois, embarco para Doha, no Catar, para participar da Copa do Mundo de maratona aquática no dia 15. No dia seguinte, 16, vou para as Ilhas Canárias. Lá, vou treinar por três semanas; ajuda a adaptar à altitude e será importante para preparar para as seletivas. Volto ao Rio no dia 9 de março e treino até a seletiva nacional.

E se conseguir a vaga para a seletiva internacional? Quais as etapas seguintes? Passando, treinamos no Rio até uma semana antes da seletiva, quando embarcamos ao Japão. Mas antes tenho que passar.

Você já disputou duas Olimpíadas: Pequim-2008 e Rio-2016. Sente-se mais confortável por já ter vivido essa experiência?  Ah, é sempre uma coisa nova. Na maratona aquática, muda a estrutura, a competitividade aumenta. A gente tenta se renovar, pois a expectativa é sempre nova. Mas sim, já vamos com memórias das outras edições, experiências vitoriosas, isso atrai coisas boas. Já dá para ter uma noção de como passar a ansiedade, aliviar o nervosismo.

Você enxerga Tóquio-2020 como sua última Olimpíada? Ou pensa em tentar vaga na edição seguinte, Paris-2024? Primeiro, estou pensando em conseguir essa classificação, nos momentos finais [risos]. Tudo vai depender do processo. Não penso em 2024. Só penso em me classificar para 2020. Ir para Paris-2024 vai depender do meu corpo, da minha cabeça, de muitas coisas. O foco é agora. Tenho 30 anos. O planejamento de agora é a classificação para Tóquio. Toda a mudança para o Rio de Janeiro, com a nova rotina, foi pensando nisso.

A prova da maratona aquática em Tóquio será no dia 6 de agosto. Três dias antes, você completa 31 anos. Pensa em um pódio como presente de aniversário? Chegar a um pódio não seria presente de aniversário, seria presente da vida toda [risos]. Seria um presentaço! Mas, antes de tudo, é a classificação.