Cailane Queiroz tem um sonho: se tornar uma influenciadora digital. Às vésperas de completar 18 anos, maioridade alcançada em dezembro, a estudante do bairro de Itapuã, em Salvador, começou a trilhar o caminho para alcançar seu objetivo. Entre setembro e outubro criou novas contas no YouTube e TikTok, e ainda tateia os conteúdos para descobrir o que mais gera engajamento em cada plataforma.
Em sua página no YouTube, por exemplo, optou por alimentar com dicas de moda e estilo, sempre com uma boa pitada de humor. O site não distribuiu tanto os conteúdos, e os acessos ainda são baixos, com a conta tendo menos de 200 seguidores. Apesar da ‘flopada’ inicial na nova tentativa (já teve uma página com 1.800 inscritos), Cailane comemorou e agradeceu quando passou de 100 seguidores. Ninguém a incomodou por lá e o projeto segue firme e forte.
Já no TikTok a história foi bem diferente. Já nas primeiras semanas, os vídeos curtos e dinâmicos rapidamente deram visibilidade à moça. Contava mais de 35 mil seguidores até sábado (9) quando publicou um vídeo de transformação – bastante comum na rede social –, que viralizou rapidamente, causando reações, digamos, de inveja.
“Em 20 minutos, a publicação atingiu 4 mil visualizações, o que causou a insatisfação de alguém”, relembra Cailane, em entrevista ao Alô Alô Bahia nesta segunda-feira (11). A insatisfação a que ela se refere foi um ataque racista, feito por uma seguidora, que postou nos comentários do vídeo a frase: “um carvão desse se acha ainda okkk”.
Cailane, que no TikTok comanda o perfil @__blogueirinha__, não perdeu o rebolado e rebateu: “Ai, gente... Era pra [eu] ficar ofendida? Nossa! Não atingiu. Faz um comentário melhor pra ver se eu apareço aqui chorando”.
Os ataques de injúria racial continuaram mesmo assim. “Não era pra atingir só falei a verdade. Te amo carvão cuidado se não coloca vc na churrasqueira”, reitera, em tom de ameaça, a usuária “deborakaroline19”, que teve a conta suspensa após ser denunciada por vários usuários.
A reação, por parte de Cailane, veio com música. “É o poder! Aceita porque dói menos. De longe falam alto, mas de perto, tão pequenos. Se afogam no próprio veneno. Tão ingênuos”, canta a jovem, exaltando o orgulho de ser negra em outro vídeo-resposta, que teve como trilha ‘É o Poder’, de Karol Conká. Já são 140 mil visualizações até a manhã desta terça-feira (12).
“O fato não me abateu, pois sou sagitariana e os sagitarianos não se deixam abater. Superam-se a cada dia, e a cada situação como esta, em que fui atacada na minha integridade moral publicamente”, diz a estudante, que se manteve firme diante do ataque, e vai continuar assim para levar o caso às últimas consequências: ela contou ao Alô Alô que pretende denunciar o caso à polícia, para que o(a) agressor(a) não fique impune e para evitar que outras pessoas se sintam encorajadas a cometer esse tipo de crime.
Enquanto não leva o caso ao conhecimento do Grupo Especializado de Repressão aos Crimes por Meio Eletrônicos, Cailane Queiroz, que faz questão de declarar que é aluna de escola pública e candomblecista, agradece às pessoas que se solidarizaram e mandaram mensagens de apoio.
“Meus seguidores reagiram de forma bem empática. Fiquei surpresa por pessoas que nem me conhecem e ainda assim entraram nessa causa para me defender. Não imaginei que tivesse essa repercussão toda”, completou a jovem, que também sonha em ser uma modelo de sucesso.
“Completei 18 anos em dezembro e tenho muitos sonhos a realizar, então, não será um simples comentário negativo que vai afetar a minha saúde mental”, concluiu a nova influenciadora digital, como o Alô Alô decidiu classificá-la desde já, diante da qualidade do conteúdo que tem lançado no YouTube (segue ela) e, claro, dos 45 mil seguidores do TikTok e 13,3 mil do Instagram @blogueirinhaaaaaa.
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