Americano que disputa guarda de filho com baiana rebate acusações

Avós da criança, que mora com a mãe em Salvador, estão presos nos EUA

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 20 de setembro de 2018 às 20:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Almiro Lopes/CORREIO

Marcelle trouxe o filho Nicolas, 9 anos, para Salvador em 2013; ela diz que era agredida pelo ex-marido (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) O norte-americano Christopher Scott Brann, que disputa a guarda do filho Nicolas, 9 anos, com a baiana Marcelle Guimarães, negou as acusações de agressão contra a ex-mulher – uma das justificativas usadas por ela para trazer a criança para Salvador, em 2013. 

Através do advogado Sérgio Botinha, que atua em Minas Gerais, e é um dos defensores de Christopher no Brasil, o americano argumentou que todas as acusações feitas por Marcelle, tanto no processo de guarda que tramita no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), quanto nas ações abertas na Justiça americana, não são verdadeiras.

“Todas as alegações dela foram rebatidas em um processo que tramita na Justiça americana. Na decisão do juiz dos Estados Unidos, a qual ela concordou, consta que tudo foi dito por ela de forma maliciosa para tentar conseguir a guarda da criança, de maneira que não fosse compartilhada”, afirmou Botinha ao CORREIO. 

Após o divórcio, os pais de Nicolas dividiam a guarda dele, sendo que a criança podia passar uma semana na casa de cada genitor. No entanto, após ser trazido pela mãe para Salvador, em 2013, o menino, que nasceu em Houston, no Texas (EUA), foi considerado vítima de sequestro internacional.

A acusação recai contra Marcelle, que não pode ir aos Estados Unidos sob pena de ser presa no desembarque. A situação acabou recaindo sobre os pais dela, avós de Nicolas, o empresário Carlos Guimarães, 67, e Jemima Guimarães, 66 anos, que estão em prisão domiciliar – ambos vivem na casa de outro filho, que vive em Miami, na Flórida. Em fevereiro deste ano os avós de Nicolas foram presos e, em maio, condenados sob acusação de terem participado e facilitado o sequestro do neto.

A defesa de Christopher afirma que, antes do retorno para o Brasil, Marcelle foi condenada por assédio moral cometido contra o ex-marido e precisou pagar uma indenização a ele. “Christopher alegou que Marcelle é muito controladora. Inclusive, nos episódios de agressão narrados pela defesa dela, todos foram provocados por ela. E, quanto a essa acusação por assédio moral, ela foi considerada culpada em duas instâncias da Justiça norte americana, além de ter sido condenada a pagar indenização a ele”, alegou Botinha.

O advogado mineiro ressaltou que toda essa briga, que envolve dois países, é prejudicial à criança e que a situação envolve muito mais Nicolas do que a vida do casal. “Ela não poderia ter tirado o Nicolas dos EUA. A mãe tentou fazer justiça com as próprias mãos, mas, perante o juiz americano, ela prometeu voltar após o casamento. E, porque isso não aconteceu, foi considerado que ela cometeu o crime de sequestro internacional”, afirmou.

Sérgio Botinha também ressaltou que, “se Marcella estivesse sofrendo algum risco de morte, ela teria aproveitado o juiz americano para narrar toda a situação, mas ela preferiu fugir com a criança”. 

A defesa de Marcella alega que os advogados de Christopher, nos Estados Unidos, são mantenedores do juiz responsável pelo caso – lá os juízes são indicados [e não concursados] e podem receber “agrados” de parceiros.

Neste sentido, Botinha rebateu a acusação de Marcella contra o juiz, no que diz respeito à revogação da medida protetiva imposta contra Christopher, e disse que foi a própria baiana quem pediu que o juiz retirasse a proteção. “Quem se sente ameaçada não faz um pedido deste”, acredita o advogado.

A defesa do americano ainda criticou o judiciário brasileiro quanto a processos que envolvem menores retirados dos países de origem e de um dos genitores. “Esse assunto da Convenção de Haia é muito debatido no Brasil, que, por sinal, é reconhecido internacionalmente por não devolver crianças a seus países de origem. Eu acredito menos no judiciário brasileiro do que na Corte Americana. Levantar suspeitas sobre juízes americanos, como vez fazendo a defesa de Marcelle, é um absurdo”, afirmou.

Já sobre a prisão dos pais de Marcelle, Botinha garante que essa não era a intenção de Christopher. “Nesse processo de sequestro internacional, eles [os pais] foram mencionados também e o próprio FBI investigou e autorizou a prisão do casal no mês de fevereiro. Não tem nada a ver com o Chris”, concluiu.

*Com supervisão do editor João Galdea.