Amiga lembra momentos antes de crime e diz que suspeito foi quem mostrou pneu murcho

Suspeito se aproximou das duas e insistiu várias vezes oferecendo ajuda

Publicado em 27 de setembro de 2019 às 20:23

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

A amiga que estava com Mariana Bazza pouco antes dela desaparecer e ser morta escreveu um depoimento para a revista Marie Claire relatando os momentos finais antes do crime. Heloisa Passarello saiu da academia com Mariana naquela terça-feira (24) e chegou a interagir com o suspeito, Rodrigo Pereira Alves, 37 anos, que já está preso. O crime aconteceu em Bariri, no interior de São Paulo. O corpo de Mariana foi achado um dia depois do desaparecimento, em uma estrada de canavial.

Heloisa conta que ela e Mariana se encontraram naquele dia já na academia, onde passaram cerca de uma hora treinando. Quando saíram, por volta das 8h, Mariana foi para o carro e Heloísa para sua moto - foi quando o suspeito apareceu falando do pneu murcho. "Nós não tínhamos visto o pneu murcho. Ele gritou do outro lado da avenida sobre o pneu", diz. Ela lembra que Mariana saiu do carro e o suspeito atravessou a rua e se aproximou, com o telefone no ouvido - para Heloisa, uma simulação de que conversava com alguém.

Rodrigo ofereceu ajuda para Mariana, mas ela negou, diz Heloísa, afirmando que iria ligar para o pai. Ele insiste. A amiga diz que dá para Mariana chegar em casa com o pneu daquele jeito. O suspeito repete a oferta e pergunta onde a jovem mora, afirmando que ela iria estragar o pneu se dirigisse aquela distância. "Eu ainda faço uma pergunta pra ele, mas ele não me responde e não olha na minha cara, e volta em insistir a trocar. E ela continua com a fala de que ligaria para o pai", relembra.

O suspeito insiste mais vezes e Mariana recusa. Ele então diz que se ela precisar, pode chamar, e retorna para a chácara, do outro lado da avenida. Mariana tenta falar com o pai, sem sucesso. É nessa hora que Heloísa se despede da amiga. "Fiquei até às 8:07 e falei que eu tinha que ir embora se não chegaria atrasada no serviço. Falei para que me ligasse qualquer coisa e dei tchau", diz.

Cinco minutos depois, as imagens mostram que Rodrigo voltou para perto de Mariana, com quem conversa. Heloisa recebeu uma foto de Mariana às 8h23 que mostram o suspeito trocando o pneu do carro - a mesma foto que ela mandou para o namorado. Às 8h38, Heloisa responde - a mensagem chega, mas a amiga não responde. Depois, por volta de 10h, a amiga liga para tentar fatar com Mariana, mas o telefone cai na caixa. Ela manda outra mensagem, que nunca chega.

Busca A essa altura, a família de Mariana já estava tentando localizá-la. A jovem iria passar na prefeitura da cidade depois de arrumar o pneu, o que não aconteceu. A mãe dela liga para a mãe de Heloísa. A amiga então vai até o borracheiro que o pai de Mariana indicou para a filha, quando ela finalmente conseguiu falar com ele pela manhã. Mas a jovem não tinha aparecido lá.

Heloísa já fica desconfiada e retorna para a academia, já pensando em pedir as imagens das câmeras. Ela imaginava que a foto enviada por Mariana era dentro da chácara. 

"Antes disso eu desconfiei, porque parei para pensar que do local que ele estava não dava para ter visão do pneu", escreve. Outras imagens de mais cedo mostram que Rodrigo realmente se aproxima do carro de Mariana antes, quando ela ainda estava na academia, e uma testemunha o viu mexendo no veículo. A polícia investiga se ele mesmo furou o pneu, premeditando o crime.

Olhando as imagens várias vezes, Heloísa vê que a pessoa que aparece descendo do carro de Mariana usava uma calça clara - e ela usava uma calça roxa. Ela contou isso ao namorado da amiga e logo depois resolveram chamar a polícia.

"Já imaginei o pior porque a Mariana não era de desligar o celular e não nos responder, e não era bateria fraca. Na sequência a polícia já chega umas 11:15 e vai olhar as gravações e começa a investigação", diz.

Depois, ela conta que soube da morte da amiga por uma mensagem de WhatsApp. Ligou para o namorado da amiga, que não atendeu, e então para a mãe. Foi quando a mãe de Mariana contou que o suspeito tinha confessado e estava levando a polícia para onde estava o corpo.

Para Heloisa, o suspeito agiu sozinho - na audiência de custódia, ele chorou e voltou atrás da confissão, afirmando que havia um segundo homem envolvido, que cometeu o crime. 

"Eu não sei ainda como vou retornar na academia sem lembrar", diz Heloisa, que pretende virar delegada federal. "Eu só tenho lembranças boas. Uma pessoa cheia de luz, eu nunca vi ela cogitar em fazer mal pra alguém".