Amor de carnaval: Casal de Salvador celebra 70 anos de união

Comemorando bodas de vinho, casal aponta a chave do sucesso na vida a dois

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  • Victor Lahiri

Publicado em 7 de janeiro de 2018 às 02:10

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Todo mundo já viveu um amor de Carnaval, mas poucos amores de Carnaval são tão duradouros quanto o do casal Juarez de Souza e Maria da Glória de Souza. Ao som das marchinhas, o casal se conheceu em plena folia do Centro, em 1943. Ele, mais sério, vestia roupas casuais; já ela, com longas tranças, usava uma fantasia de cigana. “Foi amor à primeira vista”, afirma Juarez. Maria concorda.No último dia 30, o casal alcançou as bodas de vinho (70 anos de casamento), rótulo adequado para um relacionamento que como o vinho só melhora com o passar do tempo, o marco foi comemorado em família ontem. “Nós dois já temos tantas histórias juntos que já nem sei se lembro de tudo”, se diverte Maria. No entanto, ambos se lembram com clareza quando descobriram que o romance não seria fácil. Primeiro por conta da distância: Maria morava em Muritiba, no Recôncavo, e os primeiros anos de relacionamento foram por carta. “Na época, em Muritiba não tinha entrega de cartas em casa. Eu ia até os Correios buscar as correspondências que ele mandava. Era até melhor, pois meu pai não concordava com o nosso namoro”, relembra ela. O problema, segundo o casal, era a ocupação de Juarez: carpinteiro. Segundo o pai da moça, o pretendente não tinha condições de sustentar uma família. Depois de uma temporada no Exército e muita resiliência, Juarez conquistou a bênção e o casamento foi celebrado no dia 30 de dezembro de 1947. Os primeiros anos de casamento foram em um quarto na casa dos pais de Juarez. Nos tempos difíceis o casal aprendeu algo que na opinião de ambos é o elo que mantém a união firme depois de sete décadas. “Compreensão e diálogo são a base. Esses casamentos de hoje em dia já não valem nada. Rusgas acontecem, mas é preciso buscar compreender um ao outro para que os problemas possam ser solucionados a dois”, afirma Juarez.

 

Em 70 anos, as dificuldades foram atravessadas, o quartinho ficou no passado dando lugar a uma bela casa na região do Dique do Tororó. Mas os dois construíram mais do que apenas uma casa; edificaram uma família com filhos, netos, bisnetos e até tataranetos que a memória já não permite contabilizar. As crises do país e do mundo também balançaram, mas o matrimônio se manteve de pé, servindo de exemplos para a família e os amigos. “Essa coisa de crise financeira separando as pessoas não me convence. Acho que o sentimento prevalece. Com o tempo a paciência falta e a relação já não é mais tão apimentada, mas o carinho continua e a gente vai aprendendo a valorizar cada vez mais as qualidades do outro”, diz Maria. Questionada se depois de 70 anos e tantas experiências juntos ela ainda diria ‘sim’ para Juarez, Maria suspira e pensa. Os filhos ao redor do casal gargalham com a hesitação, mas ela explica. “Eu casaria de novo, pois ele tem qualidades maravilhosas e continuo o amando como no início”. Já Juarez é mais rápido na resposta. “Com certeza! Apesar de eu ser mais tranquilo e ela mais agitada, acho que a nossa união é um sucesso pois ela me completa”, finaliza.