Anastácia comemora 80 anos com muito forró

Cantora e compositora lança EP com produção de Zeca Baleiro e parcerias com Mariana Aydar, Chico César e Amelinha

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  • Ana Pereira

Publicado em 30 de maio de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Manoel Araújo/divulgação

Não será a festa que uma grande dama do forró merece. Mas os 80 anos de Anastácia, completados neste sábado (30), não vão passar em branco. A festinha, brinca a autora dos clássicos Eu Só Quero um Xodó e Tenho Sede, será em casa, em São Paulo, com os onze  familiares que estão com ela no confinamento.  “Estou há três meses sem sair de casa”, conta a forrozeira pernambucana, a Rainha do Forró, que tinha planejado uma festa calorosa para celebrar a vida e a carreira de mais de 60 anos.

O destaque da programação era um álbum de inéditas, mas como o trabalho não ficou pronto, ela resolveu lançar, nas plataformas digitais, a primeira parte no EP Anastácia 80 – Lado A. Quando o Lado B estiver pronto, o conjunto será reunido num álbum, que celebra  a força de Anastácia como compositora – ela é uma das primeiras mulheres a se destacar no forró – e as parcerias com artistas de várias gerações. Começando pelo cantor e compositor Zeca Baleiro, que assina a produção.   

“Anastácia é essencial pra consolidação e popularização da música nordestina, não só por suas parcerias com outro grande, o Seu Domingos. Seu trabalho solo é ousado também, ela tem dezenas de discos gravados, uma história bonita e rica, músicas gravadas por Luiz Gonzaga”, afirma Zeca, que está trabalhando no projeto desde o ano passado e divide a produção com o maestro Adriano Magoo. Anastácia com o sanfoneiro Dominguinhos: parceria no amor e na arte, que rendeu 250 canções (Foto: Divulgação) Seo Domingos, no caso,  é  o sanfoneiro Dominguinhos, com quem Anastácia foi casada. A parceria no amor e na arte  rendeu muitos frutos, incluindo as duas canções citadas na abertura dete texto, gravadas por Gilberto Gil.  

Neste Lado A, Zeca assina com a forrozeira as faixas O Sertão Está Chorando e Venha Logo. A primeira, um lamento sertanejo, é cantada por Anastácia e Amelinha. E a segunda, um forrozinho picante, com Chico César.  O EP conta, ainda, com participações de Roberta Miranda, Mariana Aydar e dos sanfoneiros Mestrinho e Jorge de Altino.

“Eu sou praticamente a mãezona desse povo todo ai. Toquei com os grandes sanfoneiros, com Sivuca, Hermeto, Dominguinhos, Oswaldinho... Muitos, como o Mestrinho, eu peguei no colo. O pai dele era sanfoneiro, vi pequeno e hoje é este mostro”, elogia  Anastácia, destacando o quanto o forró é diversificado. Mestrinho acompanha Mariana Aydar na faixa Venceu a Solidão, uma canção inédita de Anastácia e Dominguinhos. 

Forró no Destino

“Esta música tem uns 30 anos e nunca foi gravada. Achei nos meus papeis amarelados. Ela é bem lenta e diz muito daquela quietude de Dominguinhos”, resume Anastácia. O casal se aproximou numa turnê acompanhando Luiz Gonzaga pelo  Nordeste, que apadrinhou a ambos. 

Na época, Anastácia  já tinha gravado um disco de forró, em 1960, que foi seu batismo no gênero. Foi no mesmo ano em que chegou em São Paulo, depois de cantar nas rádios de Recife, como crooner, com aqueles repertórios bem variados. Mas depois  de interpretar  Sebastiana em um teste numa gravadora, o produtor foi taxativo: “Você é forrozeira”. 

“Sou muito feliz com tudo que aconteceu na minha vida. Quando cheguei em São Paulo achava  que ia ser empregada  doméstica, pois  não tive tempo de estudar. É uma grande felicidade chegar aos 80 anos escrevendo e cantando”, resume.

O Lado B do projeto contará com outras presenças especiais: Alceu Valença, Lenine, Flávio José e o maestro Caçulinha, que também toca sanfona. “Já convidei e ele achou superbacana”, adianta. Outro presente para os fãs é disponibilizar nas plataformas digitais alguns dos  35 álbuns gravados por ela.