Ancestralidade contada nos versos do cordel

Repentista Bule Bule lança livro sobre os mitos dos orixás através da linguagem cadenciada do Cordel, hoje, no foyer do TCA

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 11 de abril de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

As diversas histórias e mitos dos Orixás contados através da cadência da literatura de cordel. Essa é a proposta do livro Bule Bule – Orixás em Cordel, que será lançado hoje(11), às 18:30h, no Foyer do Teatro Castro Alves. A obra tem o prefácio de Mateus Aleluia, projeto gráfico e editoração de Lucas Kalil e ilustração de Klevisson Viana. Além do lançamento do livro, o  projeto prevê rodas de conversa do mestre com as comunidades de alguns terreiros de candomblé de Salvador, Lauro de Freitas e Cachoeira, a exemplo do Ilê Axé Odé Yeyê Ibomin, em datas a serem confirmadas. Escrito por Antônio Ribeiro da Conceição, artisticamente conhecido como Bule-Bule, um mestre da cultura popular nordestina, o livro tenta redimir uma lacuna no Cordel, que sempre tratou as religiões de matriz africana de maneira cômica. “Muitos grandes mestres conviverem com temas variados, mas ninguém tinha escrito, levando a sério, um trabalho sobre a religiosidade de matriz africana. Alguns tinham criado em tom de brincadeira e gozação. Então, acredito que esse livro é um elemento mágico para abastecer essa lacuna”, avalia o mestre baiano. “A escolha desse tema foi uma oportunidade ao descobrir que há cento e tantos anos que o Cordel circula no Brasil e ninguém ainda tinha escrito, levando a sério, um trabalho de matriz africana, como esse”, complementa. Para o compositor, cantor e instrumentista Mateus Aleluia, responsável por introduzir a leitura, Bule Bule promove um mergulho cósmico no mundo dos espíritos, no candomblé , totalmente livre de “dogmas reguladores”. “Bulu Bule é daquelas pessoas que chegou aqui na Terra sabendo e sem saber que sabia”, completa.  Reconhecido como o maior repentista da Bahia, possui mais de 100 títulos publicados, inclusive outros com a temática religiosa, a exemplo de Adeus a Mãe Menininha - a nossa Ialorixá Maria Escolástica da Conceição Nazareth e Irmã Dulce da Bahia: Santa Mãe de Todos Nós. “ Quando um trabalho deste chega, mesmo que não tenha cem por cento de aceitação, na Bahia, ele já chegou para cumprir o seu papel na sociedade. Nós temos obrigação de não dar importância ao preconceito. Simplesmente, ganhar e distribuir consciência de que preconceito é doença e não soma. Preconceito é como grito, não junta, espalha!”, afirma o mestre. Para Bule Bule, a literatura de cordel cresceu na Bahia, sobretudo quando se leva em consideração o número de pesquisadores, a qualidade da pesquisa e quantidade da valorização dos textos. “Tem muita gente boa escrevendo literatura de cordel. Eu acho que Orixás em Cordel vai encontrar, não só na Bahia, mas no Brasil, uma cama bem forrada e macia para se deitar. E quando ela estiver bem acomodada, nós vamos fazer uma distribuição nos grandes eventos da literatura de cordel, nas bienais que acontecem nas capitais”, diz. Editado pela Pinaúna Editora, que tem uma linha editorial voltada para à arte e à cultura do estado, e com o apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Pedro Calmon e Secretaria de Cultura da Bahia. 

 FICHA TÉCNICA -   “BULE BULE – ORIXÁS EM CORDEL”  Editora Pinaúna - Camaçari / Ba  Projeto Gráfico e Editoração: Lucas Kalil  Produção Editorial: Carolina Dantas  Ilustração: Klevisson Viana  Prefácio: Mateus Aleluia  Preço: R$ 30,00  Lançamento: 11 de abril/2018  Onde: Foyer do Teatro Castro Alves  Que horas: 18h30