Angela Davis ganha bela biografia em HQ

Trabalho da dupla francesa Sybille Titeux de La Croix e Amazing Ameziane chega ao Brasil pela editora Agir

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  • Ana Pereira

Publicado em 5 de setembro de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

A vida inspiradora da escritora e ativista americana Angela Davis ganha narrativa à altura de sua importância na HQ Miss Davis: a Vida e as Lutas de Angela Davis, da dupla francesa Sybille Titeux de La Croix e Amazing Ameziane, que chega ao Brasil pela editora Agir.

O texto preciso de Sybille e o traço realista e pop de Amazing dão novas cores à história de Angela Davis, que parece mais atual do que nunca. Aos 74 anos, ela foi personagem central da luta pelos direitos civis americanos e se transformou numa das principais pensadoras do feminismo e da negritude.  “Angela Yvonne Davis é uma lenda viva que inspira pessoas dos mais diversos segmentos políticos ao redor do mundo. Saiu de casa no Alabama, no Sul segregado, ainda jovem e, com o poder dos livros e da leitura, foi buscar sustento para a população negra, grupo social discriminado no país e em boa parte do mundo”, afirma a filósofa Djamila Ribeiro no texto de apresentação da obra. 

A narrativa começa com um momento tenso na vida de Angela: o ataque à sede do partido Panteras Negras pela polícia americana, em 1969. E é justamente ela, uma das integrantes de destaque da organização, que é chamada às pressas para socorrer os companheiros. As cenas são alternadas com os dez pontos do programa do partido, que podiam ter sido escritas hoje: “Queremos o fim imediato da brutalidade policial e do assassinato do povo preto”, diz o ponto número sete. 

Depois da apresentação, o livro volta à infância de Angela, para mostrar como ela cresceu num ambiente cheio de dificuldades e assombrado pela segregação racial e pela Ku Klux Klan. Um dos momentos mais dolorosos daquela fase foi a morte das quatro adolescentes mortas num atentado à igreja batista de Biarritz, em 16 de setembro de 1963. Elas eram amigas de Angela.        A educação, que ela defenderia com tanta veemência mais tarde, a salvou. Angela foi para Nova York estudar - morou com uma família branca - e de lá foi para França e Alemanha, antes de voltar aos Estados Unidos, em 1967, para se engajar na luta política. 

 Na sequência, a HQ mostra  sua relação com os Panteras Negras, a entrada na lista dos mais procurados do FBI (“uma das criminosas mais perigosas do país”), seu período de encarceramento e o movimento mundial organizado em nome de sua libertação. Uma das principais bandeiras de Angela pós-prisão foi a denúncia da crueldade do sistema prisional como uma nova escravidão institucionalizada.

FICHA

Livro: Miss Davis: a Vida e as Lutas de Angela Davis

Autores:  Sybille Titeux de La Croix e Amazing Ameziane

Tradução: Jorge Bastos Cruz 

Editora Agir (R$ 59,90, 196 páginas)

Para pensar o feminismo Rindo de si mesma - As pequenas doses de ironia que a jornalista Bruna Maia destila com sucesso no perfil @estarmorta , no Instagram e no Twitter, foram reunidas no livro Parece que Piorou – Crônicas do Cansaço Existencial. Ela fala, de uma forma ferina, de aflições de homens e mulheres de nosso tempo. Exemplos: “É verdade que toda panela tem a sua tampa, mas existe uma grande chance de você ser uma frigideira ”. Ou “Pensando se eu te odeio, se estou na TPM ou se é só ressaca”.  Bruna também assina as ilustrações com jeito de mal acabadas, mas que casam perfeitamente com seu texto sagaz. Vale destacar que a jornalista começou a desenhar seguindo o conselho de sua psicóloga para dar vazão à sua tristeza e sarcasmo. Quadrinhos da Cia, 75 páginas, R$ 69,90.  Detalhando a luta feminista - Sucesso mundial com mais de quatro milhões de livros vendidos, a coleção Um Guia Gráfico dedica um volume ao feminismo, sobretudo o inglês e o americano. Em estilo graphic novel, o livro apresenta uma visão geral do movimento feminista, conceituando o termo, destacando os principais fatos históricos em torno dele o papel de grandes mulheres na luta contra a opressão. De pioneiras como Mary Wollstonecraft (1759-1797) e Abigail  Adams (1744-1818) a Alice Walker e Judith Butler.  Quem assina os textos é a professora Cathia Jenainati, da Universidade de Warwick, no Reino Unido. As ilustrações são de Judy Groves. Sextante, 175 páginas, R$ 39,90.