Antes de ser morta, corretora trocou a fechadura da porta

Principal suspeito de matar Janaína, companheiro não tinha mais as chaves do apartamento

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  • Thais Borges

Publicado em 12 de novembro de 2017 às 16:00

- Atualizado há um ano

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Principal suspeito de ter matado a corretora de imóveis Janaína Silva de Oliveira, 42 anos, Aidilson Viana de Souza, 44, seu companheiro, não tinha mais  as chaves da casa da vítima. O feminicídio aconteceu na madrugada de sexta-feira (10), por volta de 1h, quando ela foi morta a facadas dentro do apartamento onde morava, no bairro do Barbalho. No entanto, o corpo de Janaína só foi encontrado pela filha dela no final da tarde do mesmo dia. A suspeita da família é de que Janaína tenha sido morta pelo companheiro, com quem estava há cinco anos (Foto: Acervo pessoal) “Numa briga que eles tiveram, ela (Janaína) mudou a fechadura e ele não tinha mais a chave. Mesmo assim, ele ficava indo lá”, contou a filha da corretora, ao CORREIO, na manhã deste domingo (12). A jovem identificada como Priscila, de 27 anos, era a única filha de Janaína. O corpo de Janaína foi enterrado no cemitério Campo Santo, após ser velado por amigos e parentes. 

Sempre, após as brigas, Aidilson voltava e perdia perdão a Janaína. Ele chegava a fazer com que sua mãe e o filho ligassem, pedindo para que ela o aceitasse de volta. Aidilson sempre brigava com a companheira por ciúmes, ao longo dos cinco anos em que estiveram juntos. 

“Na hora que ele cismava, partia para violência”, disse a prima de Janaína, a funcionária pública Tuca Moura. Durante os cinco anos de relacionamento, Tuca acompanhou o sofrimento da prima. Por várias vezes, foi socorrê-la depois que era espancada. Segundo ela, Janaína chegou a dar queixa da violência doméstica mais de uma vez.  O corpo de Janaína foi enterro na manhã deste domingo (12), no Campo Santo (Foto: Betto Jr./CORREIO) Em 2014, Aidilson chegou a ser preso por uma semana. “Na época, ela me contou que estava em um posto de gasolina e foi agredida por ele. Um policial presenciou e deu voz de prisão”, continuou Tuca. No entanto, a mãe do suspeito ligou para a corretora, implorando que retirasse a queixa. Janaína acabou cedendo e o aceitou de volta. “Espero que ele seja preso, porque, se ele ficar solto e se envolver com outra mulher, vai fazer outra vítima”, desabafou a prima. 

De acordo com a jornalista Luanda Matta, amiga de Janaína, ela costumava mostrar as fotos das agressões para a família. “Ela tinha muito medo, sempre avisava para a família. Só que ela era uma pessoa muito boa, então sempre achava que ele estava melhorando, que ele ia mudar”. Numa das últimas vezes, passou três meses com o olho roxo e chegou até a correr o risco de perder a visão. 

Janaína tinha apenas uma filha e uma irmã, por parte de mãe. O pai, já falecido, teve outros filhos. Durante o velório, a mãe estava sob efeito de remédios. Segundo os mais próximos, só chamava pela filha. “Enquanto ele não for preso, não vamos descansar. Ele era covarde, só batia nela. Quando eu enfrentava ele, se acovardava. Ele tinha que estar preso”, completou a prima Tuca Moura.

À família de Janaína, Aidilson dizia que trabalhava como juiz de conciliação. “Não sabemos se ele era isso mesmo ou se era um picareta”, explicou Luana Matta, a amiga da família. Sua mãe mora no Curuzu, enquanto o filho tinha se mudado recentemente para o Tocantins. 

Para a polícia, no entanto, ele ainda não é considerado foragido – e isso deve continuar assim até segunda-feira (13), pelo menos. De acordo com a assessoria da Polícia Civil, o levantamento cadavérico feito no fim de semana só inclui as informações preliminares do caso, colhidas por um delegado que não será o responsável pelo inquérito. As investigações, de fato, começarão na segunda, quando será designado um delegado da área da 3ª Delegacia de Homicídios (Baía de Todos os Santos) para conduzir. O pedido de um mandado de prisão preventiva só poderá ser feito depois que o responsável pelo inquérito escute as testemunhas.