Antonieta, esse é o seu nome!

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  • Da Redação

Publicado em 15 de janeiro de 2019 às 13:00

- Atualizado há um ano

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Acordei cedo, deixei tudo para trás, fui lentamente ao supermercado, estava bastante preocupada, pois ali sofri um terrível acidente. O que esperar no dia de hoje? De repente, ouvi alguém me chamando com uma voz bastante alta.

- Escândalo! Tá arrasando gata!

Detenho-me em breves segundos, mas abro um sorriso desconfiado, continuei caminhando, senti um desejo incontrolável para ver quem estava falando aquelas palavras. Foi quando me arrisquei, talvez um pouco envergonhada porque todos ao redor me observavam. Coloquei a mão na cintura, imaginei estar em outro lugar, me virei. Para meu espanto, me deparei com ela, Antonieta.

Vale ressaltar que eu estava vestida com um tubinho quadriculado, bastante sedutor, que nunca sai de moda. Afinal, todos sabem o quanto sou discreta e não gosto muito de chamar atenção - talvez, esse meu comportamento fez com que Antonieta criasse uma relação de empatia. Certamente, houve entre nós uma afinidade, de gostos, desejos, interesses, percebidos através do olhar, foi quando ela se aproximou com um largo sorriso. Era como se precisasse neutralizar algo que tinha acontecido.

Dizem que Antonieta foi abordada por dois rapazes que, de forma truculenta, jogaram tomates em seu corpo e a agrediram verbalmente.

Ao se aproximar de mim, disse:

- É sempre assim! Nunca entendi por que me tratam desta forma, só sei que comportamentos como estes me assustam.

Antonieta é drag queen, vestia uma calça legging brilhante, top azul (que deixa seu umbigo de fora), blazer bafônico, além de uma peruca black. Ela está extremamente linda!

A princípio, demorei muito para compreender o que estava ocorrendo. Vivemos em uma sociedade complexa, permeada de exclusões, com uma carga de diferenças atrelada à injustiça, desrespeito, subjugação, extermínio. Se soubesse o que iria acontecer com ela, deixaria de pensar em como se constrói todo o processo de diferença, mas pensaria em decodificar e desestruturar as práticas estabelecidas.

Por alguns minutos, vejo Antonieta na minha frente e retorno aos meus pensamentos, a nossa realidade é tão multifacetada, fragmentada. Quando penso nela, penso em mim, em um ser em transformação, inacabado, em construção, metamorfoseado, em luta, buscando seus direitos, contra o preconceito.

O mundo está mesmo de ponta cabeça! Nessa sociedade fracionada que não consegue lidar com o excesso de informação. Diante de tantas diferenças, é preciso quebrar alguns paradigmas. Foi quando Antonieta colocou a mão no meu ombro. Parece só haver nós duas, em meio a tantos olhares, ela diz:

- Sabe, eles não irão me exterminar!