Aos 85 anos, Orlando Tapajós é internado após sofrer infarto

Construtor de trios elétricos está na UTI do Hospital Teresa de Lisieux

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  • Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2018 às 09:46

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

O construtor de trios elétricos Orlando Tapajós, 85 anos, está internado no Hospital Teresa de Lisieux, em Salvador. Ele sofreu um infarto na última segunda-feira (11) e, desde então, está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). "Todos nós da família estamos mobilizados e acompanhando a situação", disse Orlandinho Tapajós em entrevista ao CORREIO nesta quarta (13).

De acordo com ele, além do infarto, o pai estava com um quadro de infecção urinária. Nos últimos meses, Orlando vinha perdendo peso e estava desnutrido."Apesar disso, ele está reagindo muito bem ao tratamento", disse o filho. Até o momento, não há previsão de alta. Em fevereiro deste ano, a Associação Baiana de Trios Independentes (ABTI) concedeu um benefício mensal de R$ 6 mil ao construtor do trio elétrico.

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A instituição se sensibilizou com a história do artista depois que o CORREIO publicou uma reportagem dias antes, onde contou que um dos maiores nomes do Carnaval de Salvador estava vivendo com R$ 900 por mês. 

Em 2015, a Prefeitura de Salvador criou um circuito em homenagem a Orlando Tapajós, que vai do Clube Espanhol ao Farol da Barra, e funciona durante o pré-Carnaval. Seu Orlando e o filho Orlandinho, com o assessor Cassini Rosselo e Paulo Leal, presidente da ABTI (Divulgação) Trios elétricos famosos Seu Orlando, como é conhecido, é o responsável pela super estrutura dos trios – atualmente revista. Já há uma tendência de veículos mais compactos e com estrutura enxuta, para garantir a segurança dos foliões e também para evitar que o peso dos trios provoquem danos a equipamentos ou ao calçamento da cidade, por exemplo. 

Uma de suas obras mais memoráveis foi justamente a criação da Caetanave – o trio elétrico em forma de nave que homenageou Caetano Veloso, em 1972. A história da inspiração é famosa: Orlando viajara ao Rio para comprar material. No avião, leu uma revista que falava sobre o Concorde, um avião supersônico que foi produzido entre as décadas de 1960 e 1970. O impacto da imagem foi tão grande que ele decidiu que aquele seria seu próximo trio. 

Pegou a revista, levou ao banheiro e, discretamente, arrancou a página com a foto da nave. Guardou entre o pé e o solado do sapato. “Fiz o trio escondido, sem ninguém saber. Só faltava o nome”, recorda. O trio foi batizado justamente com a chegada de Caetano ao Brasil, depois de voltar do exílio. O próprio Caetano subiu ao palco com Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia. “Eu estava com a maior tripulação”.

O professor Paulo Miguez, vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e pesquisador do Carnaval, tem uma boa definição para Seu Orlando. “Pai e mãe não é apenas quem fez, é quem cria. Se Dodô e Osmar fizeram essa coisa maravilhosa, não tenho dúvida que o crescimento do trio se deve, em larga medida, ao esforço maravilhoso feito por Orlando”.