Apocalypse Now chega em sua melhor versão, segundo Coppola

Clássico está em cartaz no Cinépolis Bela Vista, às 18h30

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  • Roberto Midlej

Publicado em 1 de outubro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: divulgação

Como um bom obsessivo, Francis Ford Coppola nunca está definitivamente satisfeito com suas criações. Foi por isso que, no ano passado, o cineasta finalizou mais uma versão - a terceira - de uma de suas obras-primas, Apocalypse Now (1979). Em 2001, lançou-a rebatizada como Apocalypse Now - Redux, com quase 50 minutos a mais que o original. E, para celebrar os 40 anos do clássico, Coppola apresentou no Festival de Cannes no ano passado aquela que ele considera a melhor versão e que chama de Final Cut.

Pois é esse terceiro olhar sobre o filme que chega hoje a Salvador, em apenas uma sessão diária, às 18h30, no Cinépolis Bela Vista. O filme chegou a um drive-in de São Paulo com absoluto sucesso: os ingressos para duas sessões foram esgotados em doze horas. Criaram mais duas sessões e a performance se repetiu. 

A trama já é conhecida, mas vamos lá: durante a Guerra do Vietnã, o capitão Benjamin Willard (Martin Sheen) está em Saigon. Ali, recebe uma complicada missão: matar Walter Kurtz (Marlon Brando), um coronel, também americano, que teve um surto e criou uma legião de fanáticos. Willard precisa ir de barco até o Camboja, onde Kurtz está escondido no meio da selva.

Esta nova versão é um meio-termo entre a primeira e a segunda: se a de 1979 tinha 2h33 de duração, a de 2001 chegava a 3h22, o que, para muita gente, foi considerado um exagero. Agora, são 3h03. De duas sequências longas que havia incluído na segunda versão, Coppola preservou apenas uma nesta terceira, que se passa numa fazenda francesa. 

E o diretor mostra-se satisfeito com o resultado:  disse que o público, enfim, "vai ver, ouvir e sentir o filme" como ele sempre sonhou. Além das cenas que não estavam na versão de 1979, há outro atrativo neste novo corte: a remasterização foi realizada diretamente a partir dos negativos originais e, por isso, o resultado, segundo a crítica, é impressionante, tanto em relação ao som como à imagem.

Produção Caótica

A história do cinema já mostrou que filmes que passam por dificuldades gigantescas durante sua produção podem, sim, se transformar em clássicos. Foi assim com E o Vento Levou (1939), que teve troca de diretor e mais de 1,4 mil testes para encontrar a protagonista. Tubarão (1975), de Steven Spielberg, estourou o orçamento e o diretor ficou insatisfeito com o "protagonista", que estava longe de parecer verossímil. Decidiu então praticamente não mostrar o peixe assustador no filme e, assim, criou um dos filmes mais assustadores da história.

E Apocalypse Now enfrentou ainda mais dificuldades. Não é exagero afirmar que Coppola enfrentou o caos em 232 dias de filmagem: teve que trocar o ator principal - Harvey Keitel saiu para dar lugar a Martin Sheen -; as Filipinas, onde ocorriam as filmagens, foram atingidas por um tufão e, como se não bastasse, Sheen sofreu um infarto durante as filmagens. E há problemas menores (?), como Marlon Brando ter engordado 40 quilos depois de um intervalo de filmagens. 

E quando o filme ficou pronto, a recepção pela crítica foi um tanto morna, com opiniões bem divididas, longe de ser a unanimidade de hoje. A revista Time, por exemplo, disse: "Emocionalmente obtuso e intelectualmente vazio". Ao menos, nas bilheterias, foi bem: arrecadou US$ 150 milhões no mundo, cifra bastante expressiva para a época. 

Diariamente, às 18h30, no Cinépolis Bela Vista