Após acidente, sistema opera com apenas um trem no Subúrbio 

Desde sábado, trens envolvidos em acidente com vítimas estão fora de operação

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  • Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2019 às 11:21

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A calmaria dos trilhos, aliada aos R$ 0,50 que paga para utilizar o sistema de trem do Subúrbio Ferroviário de Salvador, comenta a pensionista Clarice Nascimento, 64, faz do transporte o “melhor de todos”. Mas nem tudo é economia e tranquilidade. 

Quando o assunto é segurança, recorda o acidente com 47 feridos ocorrido na sexta-feira (1º). Desde então, de acordo com a Companhia de Transporte do Estado da Bahia (CTB), dos quatro trens da frota, sendo dois reservas e dois em operação, apenas um está em funcionamento, fazendo a ligação de 13,5 kms entre os bairros da Calçada e Paripe.

O CORREIO ficou por uma hora e 15 minutos na estação Paripe e nenhum trem passou na linha férrea - o normal seria um intervalo de 40 minutos entre as composições. De acordo com a CTB, o tempo de espera dobrou de 40 minutos pra 1h20.

A contragosto, Clarice, que é moradora de Periperi, elege os maiores problemas. E explica que evita falar por medo “de acabar”. Diz que a extinção do transporte, para os suburbanos, seria também o fim do “acesso mais barato”, e, consequentemente, do direito de ir e vir dos usuários. “Eu dei graças a Deus que não saí de casa no dia do acidente. Fiquei triste, apavorada. Porque amo, eu gosto muito de andar neles, mas a verdade é que são sucatas”, lamenta a pensionista, que utiliza o transporte ao menos quatro vezes por semana para ir até Paripe.É na localidade vizinha onde encontra atendimento médico para cuidar de um problema de circulação que afetou parte da sensibilidade da perna esquerda.

Segundo a CTB, os trens envolvidos no acidente seguem em manutenção. "Após esse período, eles vão passar por testes técnicos e de segurança, antes do retorno ao sistema. As causas estão sendo apuradas pelo corpo técnico da CTB, mas não há um prazo definitivo para essa apuração", informa em nota.

O Sistema de Trens do Subúrbio de Salvador é formado por uma linha única, que liga o bairro da Calçada, na Cidade Baixa ao Subúrbio da capital baiana - composto por 22 bairros.

São 10 estações, entre os terminais finais. São elas: Calçada, Santa Luzia, Lobato, Almeida Brandão, Itacaranha, Escada, Periperi, Coutos, Praia Grande e Paripe. Este ano foram transportadas 2,3 milhões pelo sistema. Apenas em agosto, foram 332.360 passageiros - recorde do ano. 

O sistema será substituído pelo governo do estado pelo Veículo Leve de Transporte (VLT) do Subúrbio. O projeto prevê a ligação entre o bairro do Comércio, em Salvador, à Ilha de São João, no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. Serão 20 kms de extensão, 22 estações e capacidade para transportar cerca de 150 mil usuários por dia. O modelo será do tipo monotrilho, movido à propulsão elétrica, sem emissão de agentes poluentes.

O acidente O choque entre dois trens do Subúrbio Ferroviário de Salvador, que deixou ao menos 47 passageiros feridos, ocorreu por volta de 15h30 de sexta-feira (1º). 

A Secretaria Municipal Saúde (SMS) informou, inicialmente, que 15 vítimas foram atendidas no local. No entanto, às 17h o número foi atualizado para 47 pelo coordenador do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Salvador, Ivan Paiva Filho. Ao todo, 23 pessoas delas foram atendidas no local e, por apresentarem apenas escoriações, foram liberadas em seguida. 

Outras 18 receberam os primeiros socorros no local e, em seguida, encaminhadas pelo Samu para unidades de saúde. Houve ainda seis vítimas socorridas por quatro viaturas do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), entre elas duas ambulâncias do 12° Grupamento de Bombeiros Militar (12°GBM/Salvar).

Segundo a SMS, os feridos que não foram liberados foram levados para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Paripe, Adroaldo Albergaria, San Martin e Hospital Ernesto Simões, além do Hospital Geral do Estado (HGE). 

Não houve vítima fatal. Os casos mais graves foram de uma pessoa com suspeita de fratura bacia e outra com suspeita de fratura na clavícula.

Incêndio No dia 4 de setembro, o trem que saiu de Paripe em direção ao bairro da Calçada sofreu um princípio de incêndio. O acidente aconteceu quando o veículo chegou à Estação do Lobato. Os passageiros contaram que a composição tentou deixar a plataforma duas vezes, sem sucesso. Na terceira tentativa houve um estouro e o cheiro de fumaça tomou conta dos vagões. Apesar do susto, ninguém ficou ferido.

Na época, a Companhia de Transportes da Bahia (CTB/Sedur) informou que houve o estouro de um fusível de alta tensão, que fica na parte externa do trem, ocasionando uma pequena explosão com o veículo parado.

Em maio deste ano, um fusível já havia explodido enquanto passava pela estação Santa Luzia. Em outubro de 2018, o equipamento elétrico de alta tensão estourou ao chegar na estação Paripe.