Após ataques entre Barroso e Gilmar Mendes, sessão do STF é suspensa

Os parlamentares também se enfrentaram no STF em outubro e dezembro do ano passado

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  • Da Redação

Publicado em 21 de março de 2018 às 17:09

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: AFP

A sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quarta-feira (21) teve que acabar mais cedo. Com apenas duas horas de duração, os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes iniciaram mais uma troca de acusações e a situação fugiu do controle.

Tudo começou quando Barroso reagiu a uma fala de Gilmar Mendes, que criticava decisões do STF, sobretudo a que proibiu as empresas de doarem para campanhas eleitorais – a Corte discutia na sessão a proibição de doações ocultas.

A coisa ficou pior quando Gilmar Mendes fez referência a uma decisão de 2016, na qual a Primeira Turma revogou a prisão preventiva de cinco médicos e funcionários de uma clínica de aborto. Na ocasião, o voto que conduziu a decisão foi de Barroso.

“Claro que continua a haver graves problemas. [...] É preciso que a gente denuncie isso! Que a gente anteveja esse tipo de manobra! Porque não se pode fazer isso com o Supremo Tribunal Federal. ‘Ah, agora, eu vou dar uma de esperto e vou conseguir a decisão do aborto, de preferência na turma com três ministros, e aí a gente faz um dois a um’”, disse.

Barroso logo rebateu o pronunciamento do colega.

"Me deixa de fora desse seu mal sentimento, você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia. Isso não em nada a ver com o que está sendo julgado. É um absurdo vossa excelência vir aqui fazer um comício cheio de ofensas, grosserias. Vossa excelência não consegue articular um argumento, fica procurando, já ofendeu a presidente, já ofendeu o ministro Fux, agora chegou a mim. A vida para vossa excelência é ofender as pessoas, não tem nenhuma ideia, nenhuma, nenhuma, só ofende as pessoas", declarou Barroso durante a sessão, transmitida ao vivo pela TV Justiça.

Após a fala do ministro, a presidente do STF, Cármen Lúcia, se pronunciou e dediu por suspender a sessão, mas antes que terminasse Gilmar Mendes rebateu o colega.

“Presidente, eu estou com a palavra e continuo, presidente. Continuo com a palavra, presidente, eu continuo com a palavra. Presidente, eu vou recomendar ao ministro Barroso que feche seu escritório, feche seu escritório de advocacia”, disse Gilmar Mendes.

Logo depois, a sessão foi suspensa por Cármen Lúcia, e os ministros deixaram o plenário.

A briga entres os ministros já não é algo novo no STF. A primeira discussão aconteceu em outubro do ano passado, após  Gilmar Mendes fazer críticas à forma como o Rio de Janeiro estava utilizando dinheiro de terceiros depositados na Justiça para pagar dívidas que tinha com pessoas e empresas. E em dezembro, eles se agrediram novamente durante um debate sobre o trabalho do Ministério Público e do Judiciário no combate à corrupção, especialmente no âmbito da Operação Lava Jato.