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Após longas filas, Feira da Mulher amplia atendimento até segunda


 

Mais de 3 mil foram atendidas no Largo de Roma, mas muita gente ficou de fora

  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 10/03/2018 às 17:30:00
Atualizado em 18/04/2023 às 04:06:06
. Crédito: Carmen Vasconcelos

A 2ª Edição da Feira Março Mulher, realizada na Praça irmã Dulce, no Largo de Roma, em Salvador, na manhã deste sábado (10), atraiu milhares de mulheres que aproveitaram a oportunidade para garantir os cuidados com a saúde.

Durante a manhã foram atendidas mais três mil pessoas. A feira prosseguirá neste domingo e na segunda-feira para atender aquelas mulheres que não foram contempladas no primeiro dia e que conseguiram garantir o cadastramento nas modalidades de assistência oferecidas, a exemplo de ginecologia, odontologia e oftalmologia, preventivo ginecológico, entre outros atendimentos e serviços médicos.

De acordo com Linda Cristina Cavalcante, membro do Conselho Diretor das Voluntárias, a estimativa é conseguir atender até a segunda-feira, 10 mil mulheres.

“Nessa edição, conseguimos triplicar a oferta de assistência, especialmente na área de exames básicos de ginecologia, que é uma das grandes demandas das mulheres que nos procuram”, esclarece.

Ainda segundo ela, antes mesmo do início da atividade, mais de mil mulheres que participaram de outras edições da feira realizada em bairros já estavam cadastradas para colocação de DIU e para realização da laqueadura. “Se elas conseguissem vir com a bateria de exames completos, teríamos condição de atender muito mais, mas, na maioria dos casos, precisamos começar os procedimentos do início, com o preventivo e o teste de gravidez”, afirmou.

Questionada sobre a validade de enfrentar o sol a pino e uma fila onde não se identificava nem o início e nem o final, a estudante Manuele Almeida, 19, disse que já tinha pensado em desistir, mas que sabia que ali, pelo menos, conseguiria ter marcado o exame no oftalmologista. “Tem mais de um ano que venho tentando marcar, sem sucesso. Então, o jeito é ficar por aqui”, comentou a jovem.

Com a solicitação médica para uma tomografia de crânio, a aposentada Maria Dalva Nascimento, 64, conseguiu até rir da situação e afirmar que a guia do médico foi operada primeiro, fazendo alusão aos remendos com fita adesiva, mas ela ainda não. “Sofro com muita dor de cabeça, mas não consigo realizar os exames que me possibilitarão realizar uma cirurgia ou até mesmo o tratamento”, revelou. Maria Dalva Nascimento, 64, enfrentou fila enorme para tentar marcar tomografia de crânio (Foto: Carmen Vasconcelos/CORREIO) Ansiosa para dar seu depoimento e um tanto indignada por estar a tanto tempo esperando, a aposentada Maria da Conceição Costa, 76, disse que há dois anos procura ajuda. “Quando as crises pioram, sou atendida na UPA, mas não quero paliativos, quero ser tratada”, afirmou a senhora, que buscava atendimento nas áreas de oftalmologia e ortopedia.  

Sem conseguir realizar o preventivo desde 2015, a professora Jussilene Mendes, 44, aproveitou a oportunidade para também fazer a mamografia e a ultrassonografia vaginal. “Esses deveriam ser exames rotineiros, mas é tão difícil conseguir atendimento que quando uma oportunidade dessas é aberta, a gente tem que aproveitar logo, mesmo que para isso precise enfrentar filas e ficar no sol”, comentou, conformada.

A autônoma Cristiane Organo, 50, também buscava atendimento ginecológico. “Estou aqui nesse calor, nessa fila desde cedo porque conseguir marcar em outro lugar é um sacrifício ainda pior”, disse.

A autônoma Conceição Oliveira, 44, buscava atendimento com o angiologista e também reclamou das condições de espera para o atendimento. “Cheguei aqui às 8h. São quase meio-dia e sequer tenho a certeza que serei atendida. Entendo que a procura é grande, mas isso é humilhante. Pagamos impostos”, criticou.

Além da assistência médica, o evento disponibilizou a emissão do RG com duas unidades móveis do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), carteiras de trabalho, CPF e cadastro no sistema de emprego por meio do Sinebahia. As crianças que acompanharam as mães também puderam participar de atividades recreativas e artísticas.