Após recorde sul-americano, nadador baiano Guilherme Caribé assina com equipe dos EUA

Ele tem apenas 18 anos e projeta disputar a Olimpíada de Paris-2024

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  • Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Sodré/FARJ/Divulgação

O que você é capaz de fazer em 22,37 segundos? Para o baiano Guilherme Caribé, esse tempo é sinônimo de recorde. Aos 18 anos, o nadador desembarcou em Salvador com mais um prêmio na bagagem: o do Campeonato Sul-Americano de natação. A competição foi disputada em Lima, no Peru, entre 9 e 13 de novembro, e rendeu ao garoto a melhor marca da história da competição nos 50m livre de sua categoria, a Juvenil B.

Não foi uma vitória isolada. A evolução dos tempos e o alto rendimento de Guilherme - só neste ano ele também conquistou o Campeonato Brasileiro e a Copa das Confederações, além do torneio continental - dá esperança de vê-lo representando o Brasil na Olimpíada de Paris, em 2024.

“Foi uma competição muito importante pra mim. Confesso que fiquei assustado com o resultado, porque nos 50m eu estava um pouco estagnado, difícil de baixar, enquanto nos 100m estava encaixando mais. Mas consegui essa marca muito boa e fico feliz de entrar na lista dos melhores do Brasil”, analisa Guilherme Caribé. Guilherme se prepara agora para o Campeonato Brasileiro que acontece a partir do dia 8 de dezembro (Foto: Divulgação/Site Gui Caribé) A história do garoto nas piscinas começou cedo. Tudo porque elas já faziam parte da história da família. Matheus Caribé, 42 anos e pai de Guilherme, é formado em Educação Física e se encontrou na natação quando tinha 22 anos e foi treinado por um amigo de faculdade, Rafael Spinola, que hoje é o técnico do filho.

“Não fui um atleta como ele é atualmente, tanto que só nadei em competição até o ano em que ele nasceu, em 2003”, conta Matheus, que foi o primeiro professor de Guilherme na escola, ainda com dois anos de idade. “Sempre gostou de água e sempre teve desenvoltura”.

O técnico lembra que o começo precoce contribuiu para o alto rendimento que o adolescente tem hoje. “É claro que no começo ainda não tinha a cobrança ou não imaginávamos que ele chegaria a pensar em Olimpíada. Mas fizemos todo o trabalho de fundamento desde sempre para que tivesse condições de ser um grande atleta”, comenta Rafael."Para mim é uma realização como pai, educador físico e como primeiro professor dele", Matheus Caribé, sobre o título de GuilhermeDe mudança para os EUA Mas daqui alguns meses as piscinas brasileiras verão menos as braçadas de Caribé. A partir de agosto de 2022, ele irá morar e treinar na Tennessee Swimming and Diving, academia nos EUA focada na formação de nadadores. E é claro que o objetivo da mudança de vida tem nome e sobrenome: Paris-2024.

“A preparação para essa Olimpíada já está acontecendo há dois anos. A ansiedade é grande e agora vou para os Estados Unidos, onde vou conseguir treinar melhor”, conta Guilherme. Matheus realça que o plano no exterior é focar no desenvolvimento. “Mais novo ele não gostava tanto do treino, mas a partir do momento que teve consciência do dom que tinha, e eu sempre disso isso a ele, Guilherme focou em se desenvolver”.

A ida do jovem atleta para o exterior evidencia a realidade que o esporte brasileiro vive. “Uma pena que as universidades brasileiras não investem nesse potencial. O ideal seria levar Guilherme daqui do Brasil para uma Olimpíada, mas ainda não temos estrutura de clubes e universidades de primeiro mundo”, afirma Rafael Spinola.

Em Salvador, Guilherme ainda terá outra preocupação: o iminente fechamento do Cepe, clube onde treina, em Stella Maris, já que a Petrobras pediu a desocupação da área. “Foi realmente uma surpresa para todo mundo. Estamos vendo o que conseguimos fazer. É difícil não interferir na nossa rotina, porque é perto da minha casa, tenho a facilidade de ir para lá treinar”, diz o atleta.

A equipe do Cepe é uma das mais fortes do estado, e Spinola destaca que “só nos últimos três anos saíram três recordistas brasileiros e seis campeões nacionais”.“Não é o caminho mais fácil, você tem que abdicar de muitas coisas como jovem, mas eu aproveito minha vida nadando. Digo que é um passo de cada vez, focar que vai dar certo”, Guilherme sobre o incentivo a outros jovens que querem crescer no esporte