Após sucesso em musicais, Laila Garin lança disco com grupo A Roda

Atriz baiana se lança em carreira musical em disco que conta com regravações originais e viscerais de sucessos da MPB

Publicado em 4 de setembro de 2017 às 08:22

- Atualizado há um ano

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Depois de ganhar projeção nacional por viver Elis Regina nos palcos, a atriz baiana Laila Garin, que atuou em diversos musicais antes e depois deste, recebeu muitos convites para seguir carreira como cantora. Queriam vê-la cantar despida de personagens, rodando com shows pelo país e, quem sabe, gravando um disco. “Eu sempre tive vontade de fazer show, de ter uma banda, mas o teatro sempre foi me levando”, lembra Laila, que, apesar do desejo antigo, recusou muitos dos convites por não se sentir pronta para cantar profissionalmente. Laila Garin ao lado de Ricco Viana (guitarra e violão), Marcelo Müller (baixo) e Rick De La Torre (bateria) (Foto: Divulgação) Começo Talvez, por isso, começou de forma despretensiosa. Se juntou aos amigos Ricco Viana (guitarra e violão), Marcelo Müller (baixo) e Rick De La Torre (bateria). E, com eles, formou a banda Laila Garin e A Roda, que se apresentou durante dois anos no Beco das Garrafas, no Rio de Janeiro. A escolha por um local pequeno, informal, onde o palco é colado com o público deu o tom da estreia discreta. “Não queria falar com ninguém, não queria ser alçada como ‘a melhor cantora do Brasil’.  Despretensiosamente, sem ninguém saber, fizemos várias temporadas, por dois anos, criando arranjos, montando roteiro. É colaborativo, sim, porque cada arranjo a gente faz todo mundo junto. Dá muito mais trabalho, mas é vivo”, conta Laila. Foi com essa vivacidade que os quatro pensaram ao formar a banda e nomeá-la de A Roda. “A roda já foi inventada, não estávamos reinventado.  São releituras de músicas bem conhecidas. Inédito ou não, tudo tem a busca de uma sonoridade original. E não é fazer o diferente para ser diferente. Antes de tudo, é comunicar. Não estou fazendo música para eu mesma ouvir. A gente está  emocionado, está gostando e querendo transmitir às pessoas esse arrepio e emoção”, resume. “Eu não sou a popstar, tipo Beyoncé. Não é um trabalho solo de cantora, mas o som de uma banda, com conceito de banda. Algo como Pedro Luis e A Parede, Nação Zumbi, Bob Marley e The Wailers (risos). Que locura!”, continua ela. O álbum de estreia da banda, lançado mês passado, reúne canções de compositores como Caetano Veloso, Dani Black, Alceu Valença e Chico Buarque. A primeira faixa do disco é uma versão muito própria de As Curvas da Estrada de Santos, um dos clássicos de Roberto e Erasmo, gravado também por Elis Regina.A ideia de colocar essa música como a primeira do disco veio de Nelson Motta, um dos produtores convidados, ao lado de Rodrigo Campello.

“Mais que uma grande atriz que canta muito bem, ou uma excelente cantora que atua brilhantemente, Laila é um integração perfeita do canto e da atuação numa artista completa, de personalidade intensa e técnica apurada, mostrando seu estilo rigoroso e elegante, com sua voz doce e sensual e suas interpretações arrebatadoras de um repertório de alto nível. Uma das minhas cantoras favoritas”, elogia Motta. E ele não é o único a exaltar as qualidades da artista. O cantor Ney Matogrosso, que assina a direção dos shows do grupo, é outro que costuma ressaltar a dedicação e entrega de Laila para a arte. “Ney dirige a gente, mas a primeira coisa que ele fala é: o que vocês querem, como é que vocês se veem vestidos?”, diz ela. “A primeira coisa que você aprende com o Ney é essa autenticidade, essa liberdade de expressar seu desejo”, conta. Assim, o ecletismo do disco é oriundo do ecletismo dos shows. “Ney é liberdade, não etiquetagem, não prateleira. Ele me fez entender que posso ser eclética, e foda-se”, comenta, enfática.Escolhas A liberdade requer escolhas, e isso Laila aprendeu desde cedo. “Eu escolhi o caminho mais difícil, eu tenho mania disso”, diz, ao lembrar que foi na música que ela iniciou a carreira artística. Mas, aos 39 anos, ela tem uma certeza: “Com essa idade que eu tenho hoje eu tô cagando se o que faço é original, diferente, se vai contribuir. Eu faço porque eu não consigo não fazer. Eu já estava explodindo e não me aguentando em mim”, confessa.  A maturidade e o fato de ter encarnado Elis nos palcos trouxe a coragem necessária para encarar o desafio. “Desde 2010, eu recebo de anônimos uma enxurrada de amor e um retorno muito veemente de alegria por me ouvir cantar. Isso me deu força”, resume. A forma entregue e visceral com que se dedica aos versos de canções já consagradas está relacionada à crença de que o papel da arte é transmitir tudo que a alma humana sente. “E isso não cabe em uma vozinha pequenininha, um violãzinho”, defende, em uma postura muito próxima à de Elis ao confrontar o estilo bossa nova.  Fiel defensora da arte, Laila a enxerga como algo imprescindível “nesses tempos bestas”. “Porque o ser humano precisa de arte? A arte faz parte da educação, da formação do ser humano e o que a arte pode fazer na vida de alguém é incrível, porque a gente come, dorme, ama, transa, a gente cria. O ser humano é criador, precisa dessa abstração, de se reconhecer no outro, de se sensibilizar com a dor do outro. A arte é um afago na alma”, acredita. Radicada no Rio, Laila tem passado bastante tempo em SP, onde grava nova temporada da série 3% (Foto: Divulgação) Atualmente, Laila se dedica às gravações da segunda temporada da série 3%, da Netflix. Radicada no Rio, ela tem passado mais tempo em São Paulo por conta desse trabalho, sobre o qual ela não pode dar detalhes por questão contratual. Em breve, ela também começará a ensaiar o musical inspirado no filme 2 Filhos de Francisco, de  Breno Silveira, em que viverá o papel de Helena, a mãe de Zezé Di Camargo e Luciano. O espetáculo tem previsão de estrear em setembro, em São Paulo.