Aposentada é queimada pelo marido enquanto dormia

Estado de saúde da vítima é grave; corpo foi atingido por queimaduras de 1º, 2º e 3º graus

Publicado em 10 de outubro de 2017 às 09:59

- Atualizado há um ano

Moradora do bairro de Sussuarana, a aposentada Maria da Conceição Alves dos Santos, 59 anos, está internada no Hospital Geral do Estado (HGE) após ser queimada enquanto dormia pelo marido, o garçom Olegário Pereira dos Santos, 67. O crime ocorreu na Rua Aída Celeste, no bairro de Sussuarana, por volta das 23h30 de segunda-feira (9).

Após o crime, o acusado foi espancado pelos vizinhos. O garçom acabou detido por policiais da 48ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Sussuarana) e conduzido para a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Brotas. A vítima foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu). O hospital não divulga informações sobre o estado de saúde dos pacientes.

De acordo com a delegada titular da Deam, Heleneci Nascimento, o acusado chegou em casa ontem à noite, encontrou a vítima dormindo, colocou álcool no corpo dela e depois ateou fogo. A delegada ainda não sabe qual o percentual do corpo da vítima atingido."Ela teve queimaduras de 1º, 2º e 3º graus,está sedada e em estado grave. A maior parte das queimaduras foram da cintura para baixo, principalmente na região da genitália", informou a delegada Heleneci.Ainda de acordo com Heleneci, Olegário chegou a afirmar que a vítima estava acordada no momento do crime, mas, em seguida, ele entrou em contradição. Além disso, ela ressalta que se a vítima tivesse acordada, o autor teria se queimado também.  A delegada ainda investiga a motivação do crime.

Segundo informações de um vizinho, que preferiu não ter a identidade divulgada, Olegário estava bêbado e queria dinheiro emprestado da aposentadoria de Maria. Porém, ela não consentiu, escondeu o dinheiro debaixo do travesseiro e foi dormir. Foi então que, de acordo com o vizinho, ele pegou  um litro de álcool e ateou fogo na mulher.

"Ela já tinha dado dinheiro a ele mais cedo, mas ele queria mais R$ 200  pra comprar cachaça. Olegário bebe muito, mas eu não esperava isso, porque eles tinham uma boa convivência e eu nunca vi violência. Eu fiquei besta", relatou o morador da região.

Após a agressão, Maria foi socorrida pelos vizinhos. Outro vizinho, que também não quis ter a identidade divulgada, disse que  já estava quase dormindo quando escutou os gritos de socorro da vítima. De acordo com ele, o acusado costuma bater na mulher frequentemente. "Eu fui uma das primeiras pessoas que ela [Maria] chamou na hora. Olegário espanca essa mulher todo dia, todo mundo aqui vê. Eu não sei como ela suporta." contou.

Os vizinhos não souberam informar há quanto tempo o casal vive junto, mas disseram que estão casados há muitos anos e não possuem filhos. 

Indignação Na manhã desta terça-feira (10), o clima era de muita indignação da Rua Aída Celeste. A equipe do CORREIO esteve no local e ouviu dos moradores que o acusado "ia ser espancado e que merecia morrer". Os vizinhos do casal relataram ainda que só chamaram a polícia porque traficantes da área chegaram para matá-lo ."Ele não tava bêbado, não. Ele fez tudo consciente, porque ela não queria dar o dinheiro", completou o vizinho.

Olegário foi levado para audiência de custódia na manhã desta terça-feira (10) - nela o juiz vai decidir se ele continua preso ou será liberado.

Segundo a delegada, a princípio, o acusado vai responder por tentativa de feminicídio. Quando há feminicídio, a pena prevista é de 6 a 20 anos de reclusão. No caso de tentativa, a pena é reduzida para 1/3 ou 2/3, segundo a titular da Deam de Brotas. "Tem vários indícios de crueldade nesse crime", avalia.