Aproximar escola e família é missão dada a agentes da educação

O projeto Agentes da Educação prevê que a escola conte com o auxílio de um estudante de Pedagogia

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  • Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2015 às 06:02

- Atualizado há um ano

Do Colégio Conselheiro Luiz Rogério, em Castelo Branco, onde estudou na 3ª e 4ª série, a estudante de Pedagogia Juliete Muller, 21, guarda boas recordações. “Fui feliz nessa escola e me sentia muito acolhida. Foram anos muito bons”, conta. A experiência foi tão positiva que o vínculo de Juliete com a escola nunca foi desfeito. “Moro perto e conheço quase todo mundo que trabalha lá. Sempre mantive contato e sonhava em retornar para essa escola para retribuir de alguma forma a atenção que eu recebi  lá”, afirma.

A partir da próxima semana, Juliete vai realizar seu sonho de devolver à escola e à comunidade o que recebeu. Ela e outros 319 estudantes de Pedagogia tomaram posse ontem como agentes municipais de educação. A iniciativa foi inspirada no projeto Coordenação de Pais, desenvolvido em outros estados do país pela Fundação Itaú Social, parceira do programa. Agentes tomam posse em cerimônia no Hotel Fiesta. Empolgados para atuar em suas comunidades (Foto: Marina Silva)O projeto Agentes da Educação, que custa  R$ 5 milhões, em recursos da prefeitura, prevê que a escola conte com  o auxílio de um estudante de Pedagogia, que irá acompanhar a frequência dos alunos, estabelecer um diálogo com os pais e a comunidade e promover ações para combater um dos principais problemas da educação: a evasão escolar.

Ao notar alguma alteração na frequência, o agente poderá buscar as causas do problema, indo, inclusive,  até a residência do estudante para consultar o pai ou o responsável. “Eles vão atuar dentro da escola nessa integração diária com o aluno e com a família e total interatividade com a gestão escolar e pedagógica”, afirmou Rosário Magalhães, presidente do Parque Social, instituição que vai atuar como cogestora do programa.

“Com esse programa, vamos conseguir fazer um acompanhamento da frequência e da permanência dos alunos na escola, ter uma interação muito mais próxima com as famílias. A gente está depositando nos agentes toda a confiança possível e tenho certeza de que vai ser um programa que vai servir de modelo para o Brasil”, afirmou o prefeito ACM Neto.menos evasão

Segundo o Relatório de Desenvolvimento 2012 produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no Brasil, um em cada quatro alunos vai abandonar a escola antes de completar o ensino fundamental. Com 24,3% de desistência escolar, o país tem a 3ª maior taxa de evasão escolar da América Latina. Em Salvador, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Educação (Smed), o índice de evasão é de 3% entre os 90 mil alunos do ensino fundamental I, que cursam do 1º ao 5º ano.

O secretário municipal de Educação, Guilherme Bellintani, explicou que, apesar de parecer pequena, a porcentagem é preocupante. “Esse índice percentualmente não é grande, mas do ponto de vista quantitativo é muito grande. São mais de 4 mil crianças por ano que abandonam a escola. Em geral, o aluno que conclui o Fundamental I bem, não abandona as outras séries sequenciais ou demora mais para abandonar”, afirmou. 

“Se a gente reduzir em 50% esse índice de 4 mil crianças que abandonam a escola por ano, temos 2 mil crianças que deixaram de ir para as ruas para permanecer na escola por ano. Em 10 anos, são 20 mil pessoas. É um movimento de recuperação social”, afirmou.

[[saiba_mais]]Atuação conjuntaUm dos fundamentos do programa é fortalecer a relação entre a escola, a família e a comunidade, considerada essencial para a formação do aluno e para a permanência dele na escola. “A aproximação das três esferas não é algo que acontece de forma natural. O agente é preparado pedagogicamente para interagir com essa comunidade e essas famílias”, afirmou Miguel Dourado, coordenador de inovação pedagógica da Smed.

Para facilitar a integração, uma das exigências do programa era de que o agente morasse a, no máximo, 1,5 km da escola onde irá atuar. “A gente não traz um agente externo, que ainda vai conhecer a comunidade, traz alguém que é da comunidade, que muitas vezes é um ex-aluno da escola”, afirmou Bellintani.

Antes de começar o trabalho nas escolas, o que irá acontecer a partir da próxima semana, os agentes vão passar por uma capacitação. Depois disso, semanalmente, eles vão dedicar um dia para fazer reciclagem e acompanhamento pedagógico com profissionais do Parque Social.

Projeto é uma das metas  do Programa CombinadoO projeto Agentes da Educação faz parte do Programa Combinado, lançado em junho deste ano, que tem   112 ações a serem executadas pelas escolas e pela Secretaria Municipal de Educação (Smed)  para renovar a educação pública da capital. As ações foram divididas em seis eixos de atuação: presença na escola, ações pedagógicas, ações de suporte,  ações de infraestrutura, fortalecimento das relações com a comunidade e ações das próprias escolas. “Deixamos de lado apenas as boas intenções na educação para colocar no lugar ações práticas que vão envolver família, professores, comunidade e a prefeitura”, afirmou o prefeito ACM Neto, ontem.

Entre as metas  estão o aumento no número de vagas na educação infantil, que passará de 20 para 40 mil até o final de 2016, a construção de 30 novos centros municipais de educação e a melhoria na infraestrutura das escolas. Veja ao lado algumas das metas que já tiveram algumas ações realizadas. Para ver todas as metas, confira o site: correio.vc/Oz.

Metas com ações realizadasDobra de vagas Ação nº 73Entrega de novas unidades - CMEIs Ação nº 72Investimento direto nas escolas - Programa Simplifica Ação nº 29Novos equipamentos mobiliários Ações nº 61/62Plano de Carreira e Remuneração dos Servidores da Educação (PCR) Ação nº 44Reconstruir e reformar Ação nº 71