Árbitra revela depressão após erro em jogo do São Paulo: 'Doloroso'

"Precisei de terapia para me recompor", lamentou Edina Alves

Publicado em 28 de setembro de 2021 às 09:00

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Liamara Polli/CBF

O São Paulo foi o campeão do Paulistão 2021 em uma ótima campanha, que teve 11 vitórias, quatro empates e apenas uma derrota. O único revés aconteceu na 4ª rodada, para o Novorizontino, por 2x1, fora de casa. Aquele jogo, aliás, teve polêmica.

Os jogadores do tricolor reclamaram bastante de um pênalti não marcado em Luciano, aos 45 minutos do segundo tempo. Árbitra de campo da partida, Edina Alves se posicionou de forma equivocada e não teve visão na hora do lance. Mandou o jogo seguir, quando era realmente penalidade. 

Seis meses depois, Edina quebrou o silêncio sobre a polêmica. Em entrevista para o UOL, ela admitiu o erro e contou que 'desabou' após perceber o que tinha feito.

"Eu não vi. Falei para o VAR que estava em dúvida porque não tinha conseguido enxergar. Ele me disse que não havia sido pênalti, e eu segui", lembrou. Ao chegar no vestiário ao fim da partida, reviu o lance na tela do celular. "Ali, desabei. Falei para meus colegas: 'Eu errei, foi pênalti'. Eles tentaram me consolar dizendo que o VAR havia me dito que não. Mas eu estava vendo no vídeo, foi pênalti, sim. E eu não dei"."Esse lance me machucou. Fiquei deprimida, em uma fossa absurda por meses. Precisei de terapia para me recompor daquele dia, e essa é a primeira vez que falo sobre isso abertamente. Foi um erro inadmissível, eu me posicionei mal e não consegui ver. Não gosto de errar, ainda mais desse jeito", lamentou.Pouco antes da fatídica partida, a mãe de Edina descobriu um linfoma. O pai dela havia morrido pela mesma doença anos atrás, e foram meses de tensão. Na semana passada, a árbitra recebeu uma ótima notícia: a mãe, de 64 anos, está curada. Hoje, depois de muita terapia, ela compreende que deveria ter dado um tempo na arbitragem naquela época. 

"Eu percebo que deveria ter parado de apitar naquele período. Eu não conseguia pensar em outra coisa senão isso, era muita preocupação. Mesmo tensa, apreensiva, eu tinha obrigação de tranquilizar minha mãe, de dizer que iria passar, que ela venceria, mesmo sem qualquer certeza disso. E eu estava longe. Foi difícil. Sei que não ter parado me prejudicou na arbitragem, mas são escolhas que a gente faz", disse ao UOL.

Edina também explicou que, a cada erro, os árbitros são penalizados. Essas punições envolvem um período sem apitar partidas. E árbitro não tem salário fixo, como é o caso dos jogadores, mas ganha por jogo."Ressaltar isso é importante, porque os torcedores acham que a gente erra de propósito, para favorecer um time. Isso não existe. Errar deixa a gente sem trabalho, sem receber. A gente paga pelo erro —que é extremamente doloroso, não só pela punição, mas pela nossa própria cobrança".