Arena Bahia Music: sertanejo mostra por que é a bola da vez

Festival reuniu ídolos do gênero musical que levou multidão ao Parque de Exposições, neste domingo (22)

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  • Laura Fernades

Publicado em 22 de julho de 2018 às 00:29

- Atualizado há um ano

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Sem Simaria, que está doente, Simone levou a sofrência para o Parque de Exposições por Foto: Roberto Abreu/CORREIO

Era só observar a plateia do festival Arena Bahia Music, neste domingo (22), para perceber por que o sertanejo faz tanto sucesso. De um lado do Parque de Exposições, casais dançavam apaixonados e, do outro, amigas cantavam a plenos pulmões, trocando olhares cúmplices que não precisavam de explicação: aquela música, pura sofrência, lembrava a história de vida delas mesmas.

Não à toa, a festa teve o sertanejo como protagonista, apesar de incluir outros gêneros como o pagode e o arrocha. Durante mais de dez horas de música, o público dançou ao som de Jorge e Mateus, Matheus e Kauan, Simone (sem Simaria), Sorriso Maroto, Aldair Playboy e Lincoln e Duas Medidas.

Apertando os olhos cheios de lágrimas, o estudante Rafael Queiroz, 17 anos, apontou para o palco e disse: “Minha música”. Logo em seguida, deixou a emoção tomar conta do rosto vermelho de tanto chorar. “O sertanejo me lembra ele”, justificou, apontando para o primo, o estudante de engenharia da computação Samuel Barbosa, 19. “Crescemos juntos, ele é meu irmão”, completou Rafael.

“Ele está emotivo hoje, bebeu muito”, riu Samuel, enquanto dava um abraço fraterno no primo. O motivo de tanta emoção era simples: “Ele sofre de amor e eu sempre ajudo ele”, contou Samuel, rindo. Eis a razão para o sertanejo fazer tanto sucesso: “Eles tocam no ponto fraco que é o ser humano. Quem sofre de amor vai abraçar o sertanejo”. O estudante Rafael Queiroz com o primo, o estudante de engenharia da computação Samuel Barbosa (Foto: Roberto Abreu/CORREIO) Mas, não só de tristeza se alimenta o gênero. A administradora Taiane Andrade, 23, por exemplo, contou orgulhosa que sua vida foi traduzida nos versos da música Te Assumi Pra o Brasil, da dupla Matheus e Kauan. “O que na vida ninguém fez/Você fez em menos de um mês”, cantou olhando para a namorada, a controladora de rota Joíse Barbosa, 26, que se derreteu sorridente.

Sem tirar os olhos do palco, os noivos Thaís Aguiar, 20, e Pedro Brandão, 25, também reforçavam o lado positivo do gênero que é o rei da sofrência. Enquanto revezavam entre dançar no grude ou arriscar uns passos soltos, os dois disseram que o poder está na leveza. “O sertanejo retrata muito da nossa realidade. Mostra o que a gente sente, o emocional. A gente lida com tanta violência que quando surge algo bom, tem que se apegar”, garantiu Pedro.

Remando contra a maré de adolescentes e jovens adultos que demonstravam todo o seu entusiasmo pelos ídolos, a advogada Jurantete Castelluccio, 46, não conhecia muito bem os artistas que estavam se apresentando. Baiana que mora em São Paulo há 21 anos, a advogada viu um outdoor e resolveu curtir as férias com as amigas no Parque de Exposições.

“Num domingo se vai à praia e no outro se vai ao show. O bacana da vida é diversificar”, justificou Jurantete, sorrindo. Com gosto musical eclético, ela defendeu que a força do sertanejo vem do fato de estar “agregado ao sentimento, à afetividade”. “A música sertaneja vem te chamando para o amor. Mesmo na sofrência, ela faz isso. Você sofre porque tem sentimento e isso é nobre. A vida sem amor não tem sentido”, garantiu.

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