Aristides Alves lança livro que resgata sua vida através de imagens

Fotógrafo teve a ideia de lançar Num Rastro de Relâmpago depois de ser submetido a cirurgia

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  • Roberto Midlej

Publicado em 2 de abril de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Aristides Alves

No fim de 2019, o fotógrafo Aristides Alves, nascido em Minas Gerais e radicado na Bahia, soube que precisaria ser submetido a uma cirurgia. Na época, fez, como é comum com quem passa por essa situação, um “balanço” da vida. “Comecei a pensar sobre o sentido da vida, o destino... A cirurgia foi um sucesso, me recuperei bem e fiquei recluso em casa. Quando comecei a pensar em retornar à vida social, começou a pandemia”, diz o fotógrafo. "Meu corpo, esta imagem escaneada, radiografada,  agora revelada em todos detalhes sem maiores contrangimentos, encapsulado, eu delirante, vejo a ti, meu anjo barroco, plainar sobre esta minas gerais, com máscara e asas outonais, a sussurrar: vem comigo, nem tudo está perdido" (texto de Aristides Alves) E, como já vinha pensando na vida, resolveu revirar seu arquivo de fotografias. Foi dali que surgiu o livro Num Rastro de Relâmpago, que será lançado em uma live nesta terça-feira, às 19h30. Através de imagens, Aristides conta um pouco de seus 72 anos, passando por Belo Horizonte, Niterói, Rio de Janeiro e Salvador, onde está desde 1972.

Há até fotos antigas dos pais dele, em formato 3x4, que, naturalmente, foram feitas não por ele, mas por algum anônimo. Numa outra, ele aparece ainda criança ao lado do pai e da irmã. Mas praticamente todos as fotos são do próprio Aristides, incluindo aí um registro da esposa, a atriz Joana Luiza Schnitman, realizado em 1974. Aquela imagem é um marco, como lembra o fotógrafo: “Comecei a fotografar ali. Aquela foto é do primeiro filme que eu ampliei e revelei”. "O tempo fixo na foto. Tempo em movimento, inexorável,  que danifica, arranha e deixa marcas indéleveis na imagem. A mulher que seguiu bailando ao desígnio do tempo não pertence mais a esta foto, hoje, ela gira e dança , dança e dança…" (texto de Aristides Alves) A foto da esposa está ao lado de outras duas. As três, juntas, formam um tríptico, como outros que há no livro. “São três fotos em sequência, que têm uma relação entre si e que, em conjunto, transmitem uma idéia”, descreve. Nesse tríptico, está uma fotografia tirada em um telefone celular. É uma das duas imagens feitas especialmente para o livro. A outra é de uns pássaros voando perto da janela do apartamento de Aristides, feita em uma câmera digital.

Há imagens registradas em suportes diferentes e de diversas épocas. Algumas, feitas em câmeras analógicas há mais de 60 anos, tiveram as marcas do tempo preservadas, como observa Aristides: “Alguns negativos estavam arranhados, mas deixei como estavam. É o caso de uma imagem do Pão de Açúcar, fragmento de uma foto da praia. As marcas, os arranhões dão essa ideia da transcorrência do tempo, que é a intenção do livro”. "Identidade, entidades, destino, a que será que existimos se vivo do que teço, entrelaço e anoiteço diurnamente" (Texto de Aristides Alves) Há até imagens das radiografias que Aristides teve que fazer quando se preparava para a cirurgia a que seria submetido. “Há algumas imagens do meu pulmão, que remetem a esse fantasma que é a covid, essa ameaça”, diz o fotógrafo, que escapou da doença.

SERVIÇO

Autor  Aristides AlvesLançamento  Terça-feira, 6, às 19h30Onde  youtube.com/fotoempautaÀ venda  no Facebook e no Instagram de Aristides AlvesPreço  R$ 60