Arrastão junino anima noite no Engenho Velho de Brotas

Márcio Victor foi um dos convidados da festa, que homenageou o cabeleireiro Valdir Macário

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  • Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2017 às 23:29

- Atualizado há um ano

Sete meses depois de ser assassinado dentro do próprio salão de beleza, o cabeleireiro Valdir Macário, na época com 45 anos, recebeu uma homenagem especial na noite desta quarta-feira (28). O homem que era conhecido pela alegria de viver foi tema do Arrastão Junino do Engenho Velho de Brotas. Multidão segue em caminhada pelas ruas do bairro (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO)O cantor Márcio Victor foi uma das atrações da festa. Ex-morador do bairro, ele contou sobre a relação que manteve com Valdir e considerou a homenagem bem justa. “Valdir Cabeleireiro foi um cara que me ajudou muito. Todos os grupos que começavam ele ajudava. A gente ficou triste com a morte dele, de forma brutal. Isso deixou o bairro muito triste, mas eu acredito que ele quer que a gente mantenha essa cultura. Ele está dando força para a gente continuar”, afirmou. Márcio Victor já havia comentado sobre a morte de Valdir e reclamou da falta de apoio e patrocínio para a realização da festa. Ele destacou a importância de se preservar a cultura local. Valdir era conhecido entre famosos, como os cantores Alexandre Pires, Silvano Salles, Márcia Short e Beto Jamaica, além de Tatau e do ex-jogador de futebol Edilson, que estiveram no sepultamento do cabeleireiro.Fãs durante a festa com o cantor Márcio Victor (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO)O mini trio percorreu as ruas do bairro, seguindo pelos moradores e fazendo todo mundo sambar. Segundo o cantor Karlinhos Brito, da banda Filhos de Ninha, que foi um dos organizadores do arrastão, o encontro acontece há cerca de dez anos e o objetivo é criar espaço para artistas locais. “Tudo começou com a ideia de criar um espaço para oferecer uma alternativa de diversão para a comunidade. Isso já tem mais de 10 anos. Esse ano estamos homenageando Valdir por conta da proximidade dele com os grupos de samba do bairro. Ele ajudava todo mundo, com patrocínio, como pudesse. Era uma pessoa muito querida na comunidade”, contou. Sambista fazem a festa durante o arrastão (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO)Apesar do tema ser samba, o clima de São João ainda era forte no Engenho velho de Brotas nesta noite. Bandeirolas, chapéus de palha, barraquinhas típicas, licor, bombas e fogos de artifício denunciavam que as celebrações pelo mês junino ainda não terminaram. Policiais militares e agentes da Transalvador atuaram na organização da festa, que começou por volta das 20h, em frente ao supermercado Nova Ondina. O público foi variado. A dona de casa Elaine Souza, 36 anos, levou os dois filhos e as amigas para a festa. "Todo ano a gente vem. Adoro samba e a festa é sempre linda", contou.  Valdir Cabeleireiro foi homenageado durante o arrastão (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO)CrimeValdir foi assassinado no dia 12 de novembro, enquanto trabalhava dentro do próprio salão de beleza, na avenida Vasco da Gama. Três homens chegaram no local em um carro. Dois deles desceram armados do veículo e entraram no estabelecimento. Os bandidos seguiram em direção a parte dos fundos do salão, onde Valdir estava, e atiraram diversas vezes no cabeleireiro, que morreu no local. Os clientes e funcionários que estavam no salão não ficaram feridos. Dois meses depois a polícia prendeu dois homens envolvidos no crime: Edgar Silva Santos, o Chocolate, e Patric Ribeiro Tupinambá. Segundo os investigadores, Edgar foi o mandante do crime. Ele teria ordenado a execução de Valdir porque suspeitava que o cabeleireiro estivesse acobertando encontros entre a esposa de Edgar e o irmão dele. Valdir e o cantor Silvano Salles (Foto: divulgação)Edgar confessou também ter sido o mandante de outro atentado, ocorrido meses antes, e que tinha como alvo o irmão de Valdir - suposto amante da esposa dele. Edgar contou que pagou R$ 20 mil para que dois homens cometessem o crime, mas a vítima sobreviveu ao atentado.

No caso do homicídio de Valdir, ele pagou a três homens para cometer o crime. A quantia não foi informada. Patric foi apontado pela polícia como um dos envolvidos no assassinato. Ele seria um dos dois homens que invadiram o salão naquela noite do dia 12 de novembro para executar o cabeleireiro, mas apenas o outro bandido teria atirado.Edgar e Patric foram presos em imóveis diferentes em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, no dia 11 de janeiro, após a polícia receber denúncia anônima de onde eles estavam. Edgar foi autuado em flagrante por porte ilegal de armas e falsidade ideológica, porque, no momento da prisão, ele estava com uma identidade falsa. Ele também vai responder por homicídio qualificado pela tentativa contra o irmão de Valdir e pela morte do cabeleireiro. Edgar e Patric após as prisões (Foto:  Almiro Lopes/CORREIO)Já Patric foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma e vai responder pelo homicídio de Valdir - ele não teve envolvimento na tentativa contra o irmão do cabeleireiro. A polícia ainda procura pelos outros dois bandidos.